Deixe seu verdadeiro EU pegar um sol!
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Deixe seu verdadeiro EU pegar um sol!

Não é de hoje, na verdade tem muito tempo que eu penso nesse assunto, quero dizer, em certos momentos do dia me pego pensando "quem eu sou", isso mesmo, falo comigo e pergunto se tudo que faço no decorrer das horas é realizado por mim ou por ...

Flávio Véra
5 min
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Não é de hoje, na verdade tem muito tempo que eu penso nesse assunto, quero dizer, em certos momentos do dia me pego pensando "quem eu sou", isso mesmo, falo comigo e pergunto se tudo que faço no decorrer das horas é realizado por mim ou por uma personagem criada desde sei lá quando. 

Fato é que no modo automático das horas, vou realizando tarefas, conversando com pessoas, agindo e reagindo, mas tudo isso sob o comando de quem? Não quero aqui entrar numa discussão psicológica ou acadêmica, é algo mais a flor da pele, entende? Tem momentos que as vezes percebo uma pequena indecisão na condução deste organismo vivo, neste caso eu mesmo. 

Essa suposta indecisão é tão rápida e sutil, que logo o modo automático entra em ação e controla tudo novamente. Porem, aquela sensação de liberdade deixa marcas agradáveis e o desejo de querer permanecer por mais tempo sob seu comando me vicia. 

Ora, se nascemos livres, sem preconceitos, ávidos por conhecimento, sedentos por novas sensações e experiências, quando foi o momento exato em que a vida começou a nos empurrar para dentro de um quarto escuro? Ainda não encontrei o ponto exato no tempo espaço, mas me dei conta que ao ser colocado nessa posição comecei a ser doutrinado e instruído a ter que aceitar que a vida é isso apenas! 

Como permiti abandonar meu EU nesse quarto escuro, pior como aceitei que a vida é isso, uma sucessão de dias e horas focados em "sobreviver", não percebendo que o tempo escoa rápido demais, sem chance de volta.  

Tantos anos trancados me ensinaram a enxergar no escuro e para sorte ou azar da vida, já que somos ligados, consegui em certos momentos me sobrepor à essa persona criada, exclusivamente, para conduzir todos meus atos.  Mas no final voltava para aquele lugar sem perspectiva e luz, mais uma vez cedendo o controle à aquela que agradava a todos, que se entregava e não se preocupava com estragos que isso nos causava. 

Quantas primaveras se passaram, perdi as contas lá nos tempos analógicos, onde tudo era mais simples, assim imaginava. Me acostumei com isso, ao ponto de não mais me importar pelo que lutar ou buscar. O modo automático já era o estilo de vida ideal, o mais confortável e erroneamente o menos doloroso, doce ilusão. 

Certa vez percebi um ponto bem claro e marcava uma posição dentro do meu habitáculo, sabe aquele que fui colocado, e que é minha morada? Algo diferente era esse pontinho brilhante, confesso que não entendi e não localizei sua origem, nem entendi sua serventia. Fato é que tomado por uma certa curiosidade, decidi sair daquele canto e andar em direção da luz, que irradiava do pequenino ponto. 

Qual não foi minha surpresa! A medida que me aproximava da luz, fui percebendo um instante de satisfação, uma confiança esquecida ou quem sabe nova se manifestava, me encorajando a continuar em direção a ela. Avancei um pouco mais e outras sensações foram chegando, mas não é só isso, notei que minha persona, aquela colocada no lugar que era meu por direito, perdia um pouco o controle e cedia as minhas vontades. Era algo novo.

Confesso que não foi fácil todo o percurso percorrido na direção desta luz. Não consigo mensurar quanto tempo levei nem quantas vezes tropecei e pensei em desistir, porem algo mais forte me puxava e estranhamente dava aquela sensação gostosa, sabe aquele sentimento de que tudo vai dar certo? Então era algo mais ou menos assim. 

Finalmente, cansado e assustado, consegui tocar aquele ponto iluminado. O brilho acompanhava sensações e novas percepções, algo realmente desconhecido, mas repleto de força e energia. Na medida em que me levantava do chão e me banhava nessa luz tive a chance de enxergar lá fora, de comandar  aqueles olhos e me permitir ver a origem de tal luz. Agora sou EU no comando. 

Tudo era novo, reluzia de uma forma diferente! Essa sensação de conduzir o barco sem interferências internas nem tão pouco externas era algo muito novo para mim. Abandonei costumes, deixei pelo caminho obrigações que em nada agregavam, me despedi de outras personas e chutei para bem longe sentimentos e medos que colocaram na minha conta. Finalmente estava velejando sob minhas vontades e conduzindo minha vida da forma que melhor entendia. 

Troquei de lugar com minha persona e hoje ela fica em um lugar melhor do que aquele em que ela me abrigou por anos e anos. Permito que ela veja e sinta tudo que enfrento e passo. Não navego, sempre, por mares tranquilos e enfrento tormentas que me colocam de joelhos constantemente. A diferença é que EU decido o que fazer e recebo do mundo respostas positivas ou negativas, fruto destas escolhas. 

Admito que as vezes penso em trocar de lugar e voltar para aquele quarto escuro, mas ao levantar os olhos para essa luz e receber tudo que ela me proporciona, volto a acreditar na máxima verdade, "se ainda não deu certo e porque não chegou o momento", não é fácil, claro que não, porem a opção é minha e só minha, sou eu que decido no que acreditar e se tenho essa opção devo ser inteligente e apostar todas minhas fichas na certeza de que o sol volta a brilhar no dia seguinte. 

Hoje EU deixo o sol banhar o meu corpo e permito aprender com os erros dessa nova jornada. Tormentas sempre vão existir e o escuro não será para sempre nosso lugar. Aceite essa LUZ, chamada família, que colocaram em seu caminho e faça dela seu porto seguro. Aprenda que esse raio de luz será para sempre seu farol, aquele que te guiará pelos momentos de escuridão, mas também será aquele que brilhará com você nos momentos de alegria. Acredite e siga seu rumo, conduza sua vida por você e permita apenas que bons navegantes façam parte desta jornada. O que não te pertence que fique pelo caminhe e encontre sua própria luz.