Você sabe como identificar os sinais da depressão?

Neste constexto de pandemia, tenho observado uma grande quantidade de pessoas que conheço, sejam clientes, amigos próximos ou mesmo familiares; que estão se considerando depressivas. Obviamente elas querem sair o mais rápido possível deste “lugar”. Relatam não ter animo para realizar tarefas simples diárias (trabalhar, limpeza da casa, higiene pessoal), sentem uma profunda tristeza, falta de petite, insônia, choram com facilidade, vivenciam pensamentos repetitivos e evitam contato com outras pessoas. De fato, estariam todos esses sintomas de relacionados com a depressão em si? Seria eles o diagnóstico médico de uma doença?

Precisamos primeiro compreender estes sintomas como um grande processo de transformação interna para descobrimos como sair da depressão. Aliás, antes de chamar o que quer que estejamos passado de depressão, algo está acontecendo conosco e isso necessita de nossa atenção. A borboleta, para alcançar sua beleza única e asas para voar, primeiro necessita de uma metamorfose. Poderia a lagarta se considerar com depressão antes de formar seu casulo? Talvez sim, se ela pudesse pensar e falar como nós, mas este ponto vou retomar no final do artigo.

Você sabe como identificar os sinais da depressão? Tem certeza?

Primeiro, vamos desmistificar: nem sempre tristeza profunda e apatia significa que você esteja com depressão. Com tanta informação e velocidade, o mundo moderno tem exigido de nós mental e fisicamente, de tal forma, que ainda não podemos prever todos os efeitos disso. Uma coisa é certa: tanta informação nos deixa confusos. São celulares, tablets, computadores, banners bombardeando-nos com mais informações que conseguimos consumir. Contas a pagar, metas a superar, exigências a todo o momento nos mantem vivendo constantemente sobe um sentimento de urgência.

Para um dignóstico de depressão, você precisa estar sofrendo dos sintomas por um período de tempo prolongado. Segundo o Dr. Draúzio Varela, para ajudá-lo a identificar os sintomas da depressão é usado um teste, retirado da quarta edição do livro médico Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV), respondendo as perguntas:

1. Durante o último mês, você esteve frequentemente chateado por se sentir deprimido e desesperançado?
2. Durante o último mês você esteve frequentemente chateado por sentir falta de interesse nas atividades?

Se a resposta foi não a ambas as perguntas, é pouco provável que você possa estar doente. Mas, se uma das respostas foi sim, esteja atento a outros sintomas de depressão.

Observe os sinais do seu corpo

Diariamente, nosso corpo emite sinais sobre seu funcionamento ou de partes que precisam de atenção, mas talvez não percebemos. Sabe aquele dia que você levanta da cama e se sente crocante (de tanto “croc” que se ouve dos seus ossos)? O corpo humano é uma “máquina” perfeita, que jamais poderemos inventar. As dores que aparecem nessas horas podem não estar apenas dizendo que está na hora de trocar seu colchão, mas que seu corpo precisa de atividade física. O acumulo desta “falta de manutenção na máquina” vai gerando cada vez menos energia vital e deixando nossa chama de vida apagada, levando a tristeza, falta de animo e com o tempo depressão.

Esse é apenas um exemplo de vários sinais que nosso corpo nos dá e não ouvimos. Isso se aplica também a sua mente. Por quantas vezes sentiu vontade de viajar mas não pôde porquê só teria férias no próximo ano? E quando sentiu uma vontade sem explicação de comer uma fruta específica mas não comeu? Esteve sentindo insatisfação com o seu trabalho? Seu corpo pode estar pedindo pelo nutriente que aquela fruta carrega ou pedindo por mais excitação em um emprego que lhe dê prazer.  

Um dignóstico será sempre seguido de uma receita de remédios muitas vezes agressivos. Para alguns casos, são necessários e eficazes. Entretanto estaremos aqui tratando a causa de todos esses sintomas? Daí a necessidade de observação de seu corpo e mente para traçar qual é a origem da tristeza e apatia.

Até as crianças podem ter depressão?

As crianças estão sempre relacionadas a alegria, inocência e brincadeiras, entretanto elas também estão sujeitas a depressão tanto quanto os adultos. Seus sinais, quanto a saúde emocional, são fáceis de observar se estamos atentos. A tristeza só se tornaria depressão se for ignorada pelo seu responsável. Mas elas já estão sendo acostumadas a não ouvir os sinais naturais do corpo devido a nossa realidade de grandes cidades. Se um garotinho tem minutos contatos para brincar no playground de seu prédio e sente vontade de fazer cocô (sinais do corpo, chamado da natureza), ele pode ignorar a vontade para aproveitar o pouco tempo que tem para brincar.

O ambiente familiar também influe muito no psicológico de uma criança. Aquela que sofre bullying na escola por ser alta, gorda, negra, etc, tenderá a não querer voltar a escola, demonstrando os sintomas de depressão em casa: irritabilidade, rebeldia, agressividade ou apatia. Nesse momento, o diálogo é de extrema importância para que qualquer conflito interno, que esteja nascendo, seja resolvido antes de ganhar proporções maiores.

É muito comum os professores notarem uma grande queda no rendimento escolar de uma criança e, posteriormente, descobrir que seus pais estão em vias de separação. Elas tem um grande poder de observação, por estarem formando seu caráter e com uma curiosidade natural sobre as coisas para a sua idade. Essa mesma característica inclue também fácil aprendizado e compreensão sobre conflitos que ela esteja passando ou em seu ambiente familiar. Por serem crianças, os pais podem cair no erro de acharem que não vão compreender os “assuntos de adultos”. Quando elas são tratadas com respeito e se é utilizada comunicação clara (seja para um divórcio, seja para o tema de bullying ou qualquer outro), elas vão se sentir percebidas e isso é importante para que possam se expressar com liberdade. A criança que não se sente vista pelos outros desenvolverá problemas de caráter e emocionais quando adulto, como dificuldades de comunicação.

Aliviando os sintomas...

Procure por pessoas dais quais você confia para poder conversar sobre o que está sentindo. Apenas quando falamos, em voz alta, é que podemos escutar a nós mesmos e ter uma visão mais clara do que está acontecendo conosco. Mas isso só tem efeito quando está conversando com outro ser humano, não vale usar o espelho! Temos na vida muitos conhecidos, mas amigos dos quais realmente podemos contar, são poucos. Daqueles que não vão questionar suas atitudes ou posturas, mas apenas irá lhe ouvir.

Vasculhe seus sintomas e busque a sua origem. Já tratei vários pacientes, enquanto terapêuta holístico, com depressão. Foram muitas as causas: fim de casamento por traição, doença incurável, desilusões amorosas, quebras financeiras. Quando a depressão já estava instalada por muitos anos, alguns pacientes até se esqueceram quais foram os primeiros momentos ou motivos que lhe jogaram para os sintomas de depressão.

Identificando a origem, você pode seguir adiante, seja perdoando, seja reconstruindo, seja se reconhecendo um erro, seja buscando ajuda. A chave para a cura da depressão está em olhar para o futuro além do momento de casulo. Quando passamos por uma grande crise, podemos deixar passar despercebido que ela está nos dando uma oportunidade para uma grande mudança.

Tenho depressão, e agora? Quem procurar?

Existem muitos casos onde a cura se realiza em 2 ou 4 semanas pelo próprio paciente. Em situações onde os sintomas perduram por muito tempo, um médico ou profissional deve ser consultado para lhe ajudar. Dependendo da criação que tivemos durante a mocidade, pode haver certa resistência em solicitar ajuda, porque a severidade da vida lhe ensinou que você pode resolver tudo sozinho.

Pedir ajuda é um ato de humildade e crescimento. É descobrir que você não está sozinho em seu processo e principalmente não precisa atravessar por ele sozinjo. Existem pessoas capacitadas e prontas para lhe ajudar. Esse é um ponto onde o casulo pode estar duro demais para ser quebrado e que alguem que esteja fora estaria bem mais confortável e apto para fazer isso com você (e não por você). Este é um ponto que a sua vontade de superar o obstáculo se torna fundamental. Se alguém realiza isso por você, ela estaria tirando-lhe o mérito e o aprendizado que vem com ele.

 Vencer a depressão é possível. Acreditar nisso é o primeiro passo para quebrar o casulo da metamorfose, dando significado para o que está vivendo. Voltando ao exemplo da lagarta, teriamos vários aspectos para diagnostica-la como depressiva. Ela perde o apetite, isola-se de outras lagartas dentro de um casulo, poderia sentir uma grande tristeza por não poder mais rastejar e andar livremente, não vê mais saída para sua situação, está paralizada de medo pelo futuro “borboleta voadora”. Esta metáfora é para demonstrar-nos que a lagarta está prestes a transformar totalmente seu modo de viver. Não mais rastejante horizontal, mas agora voadora como borboleta para todas as direções. Esse poderá ser seu foco. Por mais doloroso que uma metaformose física pode parecer, é só um indicativo que os grandes e melhores momentos da sua vida ainda estão para acontecer.

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