Passava um pouco da meia noite. Havia adormecido, o cansaço era tamanho que dormi sem me preparar para dormir. As luzes do apartamento estavam acesas, talvez dando a falsa impressão que estava acordada, talvez uma sensação equivocada de recep...
Passava um pouco da meia noite. Havia adormecido, o cansaço era tamanho que dormi sem me preparar para dormir. As luzes do apartamento estavam acesas, talvez dando a falsa impressão que estava acordada, talvez uma sensação equivocada de receptividade pairava naquela esquina... | ||
O celular tocou repetidamente, chamada de áudio, chamada de vídeo, barulho de carro estacionando em frente à janela do meu quarto... Alguém estava desesperadamente querendo falar comigo. | ||
Alguém querendo falar comigo? | ||
Não era bem isso... | ||
Até que ponto os efeitos do álcool podem justificar uma ação de desrespeito? | ||
Você recebe uma ligação e tem o direito de não querer atendê-la ou de não falar com a pessoa. No momento em que isso fica claro: | ||
_ Não quero falar contigo. Não quero te ver. | ||
O descumprimento desse desejo, implica invariavelmente numa falta de respeito. | ||
Uma tentativa de forçar o contrário, é mais que um desrespeito, é uma violência . | ||
_ Pare de me ligar, ou então chamarei a polícia. | ||
Uma frase dessa, deve atravessar qualquer embriaguez e chegar ao que sobra de vergonha na cara, caráter ou fibra moral , nem que for o último fiapo restante... | ||
Não adianta dizer que chamaria a polícia... | ||
Bem, agora sinto uma mistura de raiva e medo. Apago todas as luzes, ignoro as insistentes chamadas e fico quieta, torcendo para ele desistir e ir embora. | ||
Já passa bastante da meia noite, faz frio, sinto-me desprotegida, acuada em meu próprio lar. | ||