Acuada em meu próprio lar.
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Acuada em meu próprio lar.

Passava um pouco da meia noite. Havia adormecido, o cansaço era tamanho que dormi sem me preparar para dormir. As luzes do apartamento estavam acesas, talvez dando a falsa impressão que estava acordada, talvez uma sensação equivocada de recep...

Gisele Lance
2 min
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Passava um pouco da meia noite. Havia adormecido, o cansaço era tamanho que dormi sem me preparar para dormir. As luzes do apartamento estavam acesas, talvez dando a falsa impressão que estava acordada, talvez uma sensação equivocada de receptividade pairava naquela esquina...

O celular tocou repetidamente, chamada de áudio, chamada de vídeo, barulho de carro estacionando em frente à janela do meu quarto... Alguém estava desesperadamente querendo falar comigo.

Alguém querendo falar comigo? 

Não era bem isso...

Até que ponto os efeitos do álcool podem justificar uma ação de desrespeito?

Você recebe uma ligação e tem o direito de não querer atendê-la ou de não falar com a pessoa. No momento em que isso fica claro:

_ Não quero falar contigo. Não quero te ver.

O descumprimento desse desejo, implica invariavelmente numa falta de respeito.

Uma tentativa de forçar o contrário, é mais que um desrespeito, é uma violência .

_ Pare de me ligar, ou então chamarei a polícia.

Uma frase dessa, deve atravessar qualquer embriaguez e chegar ao que sobra de vergonha na cara, caráter ou fibra moral , nem que for o último fiapo restante...

Não adianta dizer que chamaria a polícia...

Bem, agora  sinto uma mistura de raiva e medo. Apago todas as luzes, ignoro as insistentes chamadas e fico quieta, torcendo para ele desistir e ir embora.

Já passa bastante da meia noite, faz frio, sinto-me desprotegida, acuada em meu próprio lar.

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