O mundo de hoje precisa de mais Kossivas.
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O mundo de hoje precisa de mais Kossivas.

“O mundo de hoje precisa de mais Kossivas.”   

Lucas Odenir Niespodzinski
4 min
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“O mundo de hoje precisa de mais Kossivas.”   

Imagem retirada de: https://soesporte.com.br/morre-grego-que-salvou-maratonista-brasileiro-nas-olimpiadas-de-atenas/
Imagem retirada de: https://soesporte.com.br/morre-grego-que-salvou-maratonista-brasileiro-nas-olimpiadas-de-atenas/

     Faleceu na última semana o grego Polyvios Kossivas, aos 71 anos. Segundo sua filha, Smaragda Tsirka, era um homem simples, generoso, carinhoso e altruísta. Um viciado em trabalho, que acordava todos os dias às 6 horas da manhã e que cuidava muito bem de sua família. Talvez você não se lembre quem foi esse Senhor, até por que, o mesmo não era nenhuma grande personalidade do esporte, da música ou da política mundial, porém o exemplo deixado por esse homem faz com que, mesmo não sendo um astro, Kossivas seja lembrado e reverenciado para sempre por seu grande exemplo dado em 2004.

     Para quem não lembra, nas Olimpíadas de Atenas-GRE, o maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima liderava a maratona até que o atleta foi derrubado pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan. Neste momento, o grego Polyvius Kossivas, que estava assistindo a prova na calçada junto a multidão, invadiu a pista e empurrou o agressor para que Vanderlei pudesse continuar a prova, terminando a mesma em terceiro lugar. Dessa forma Kossivas se tornou um dos protagonistas de um dos mais importantes fatos da história das Olimpíadas.

     Nos dias de hoje, onde todos os dias vemos triunfar a injustiça, a maldade, a traição e a inveja, o grego Kossivas deixa um exemplo grandioso e que hoje está em falta na comunidade em que vivemos. Tal exemplo é o que todos esperam daqueles que valorizam o bem e as coisas certas que é agir a favor do bem e do correto ao ver o mal triunfando, fato esse que está banalizado nas redes sociais atualmente, onde, ao pretexto de justiça, as pessoas achincalham outras para sinalizarem virtudes que, na maioria das vezes, não têm. Tal engajamento por “justiça” que se vê nas redes sociais não se vê nem de perto no dia a dia nas ruas, no trabalho, nos espaços públicos e etc.

     Quantas vezes vemos na nossa frente o mal triunfando e nada fazemos? Quantas vezes vemos alguém sendo agredido, roubado, humilhado ou ridicularizado na nossa frente e nada fazemos? Kossivas nos deixa esse exemplo, o de agir em prol do bem (no mundo real). Tempo atrás, o jornal noticiou um sujeitinho detido por importunação sexual dentro de metrô, o mesmo foi levado à delegacia onde verificou-se que o mesmo já havia sido detido várias vezes pelo mesmo crime em transporte público. O safado abria a calça e esfregava o órgão genital nas mulheres. Fico aqui pensando se em todas essas vezes em que o meliante importunou sexualmente uma mulher no metrô, não havia em nenhuma das vezes um Kossivas no vagão para fazer o que era certo no momento contra esse sujeito. Talvez se alguém tivesse agido neste momento, na primeira vez, o infrator não teria feito essa atrocidade novamente. Não se trata aqui de defender justiça com as próprias mãos, mas de defender a atitude do cidadão que, ao ver o mal agindo, tenha iniciativa de coibir tal ato, dentro do que for possível e seguro fazer.

     Todos os dias vemos no noticiário casos de importunação sexual no transporte público, violência contra mulheres e idosos em praça pública, diversos tipos de ataques a pessoas simplesmente por serem diferentes, corrupção em doses cavalares e o que os que estão ao redor fazem? Nada! Em grande parte, as pessoas fazem de conta que não está acontecendo ou que não é com elas, deixam o mal triunfar. Muitas vezes não agem por medo, dúvida ou simplesmente por indiferença e isso faz com que nossa sociedade fique cada dia mais injusta, perigosa e desigual. É fácil fazer justiça compartilhando um post na internet, muitas vezes de um caso que está longe de nós. Difícil é agir quando algo acontece ao nosso lado, com um amigo, um familiar, um colega de trabalho, um vizinho ou até mesmo com um desconhecido que está no mesmo ônibus ou metrô que a gente. Cabe a cada um de nós, sempre que ver o errado acontecer, agir!

     Sejamos mais Polyvios Kossivas, talvez se não fosse ele, talvez se o mesmo ficasse indiferente naquela situação, Vanderlei Cordeiro de Lima não teria ganho a medalha de bronze e posteriormente a medalha Pierre de Coubertin, se tornando uma dos grandes atletas olímpicos de todos os tempos. Vamos seguir o exemplo desse grego e agir ao ver as injustiças do mundo que acontecem a nossa vista, fazendo assim, que mais “Vanderleis” consigam chegar na linha de chegada. Por fim deixo aqui a famosa frase de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”

Polyvios Kossivas, que descanse em paz.