Avaliação Geológica e Mapeamento de Reservatórios
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Avaliação Geológica e Mapeamento de Reservatórios

Durante a atividade de avaliação geológica, o profissional de geologia tem papel fundamental. Ele é o responsável por interpretar os dados que são adquiridos através de poços de avaliação e dos dados que são adquiridos através de sísmica, mas o que é

Petróleo
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Antes de começar a falar da primeira e talvez uma das mais importantes etapas da cadeia de produção de petróleo, vamos destruir um mito que faz com que fiquemos parados, imobilizados e presos no tempo.

Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, Capítulo II, Artigo 20:

São bens da União:

I – Os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II – As terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

...

IX – Os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

...

Por que estou destacando o item IX do artigo 20 da Constituição Brasileira? Simplesmente para falar que o petróleo é nosso. O petróleo é nosso, por definição, de acordo com a Constituição. Independente se uma empresa brasileira ou estrangeira explorar o recurso mineral, o petróleo pertence à União. Este conceito é importante para basear o início da atividade de avaliação geológica. Antes de mais nada, a Agencia Nacional do Petróleo (ANP) delimita os blocos exploratórios que serão ofertados em leilão.

Tomando como exemplo um contrato de concessão, após pagar um bônus de assinatura e arrematar o bloco, a empresa se torna proprietária do petróleo e do gás que produzir de acordo com as regras da ANP.

Figura 1: Mapa de regime de contratação (Janeiro de 2015)<br>Fonte: Fatos e Dados petrobras.com.br
Figura 1: Mapa de regime de contratação (Janeiro de 2015)
Fonte: Fatos e Dados petrobras.com.br

Durante a atividade de avaliação geológica, o profissional de geologia tem papel fundamental. Ele é o responsável por interpretar os dados que são adquiridos através de poços de avaliação e dos dados que são adquiridos através de sísmica, mas o que é a sísmica?

A sísmica pode ser entendida como uma radiografia da subsuperfície. Na Figura 2 é possível observar um modelo de aquisição de dados sísmicos de uma bacia sedimentar. No modelo, são instalados no solo marinho sensores denominados NODES. O navio com fonte de energia acústica emite ondas (impulsos) que se propagam em direção às camadas geológicas profundas. Ao atingir a interface de rochas com características físicas diferentes, ocorre a reflexão e refração, por conseguinte, a onda refletida volta em direção aos sensores, a onda refratada segue o percurso até camadas geológicas mais profundas. O tema é complexo e para entender no detalhe caberia uma série apenas para falar de geofísica, mas resumindo: a velocidade de propagação da onda nas rochas e a energia refletida dependem de vários fatores, dentre eles: densidade, porosidade, temperatura e pressão e são essas informações que, quando adquiridas e processadas pelos receptores no leito marinho possibilitam a criação de uma imagem do que se espera ser a radiografia da subsuperfície avaliada.

Figura 2: Levantamento em sísmica<br>Fonte: Fatos e Dados petrobras.com.br
Figura 2: Levantamento em sísmica
Fonte: Fatos e Dados petrobras.com.br

Pois bem! Supondo que você é um concessionário de um bloco exploratório e agora tem sua sísmica na mão e já fez a interpretação de onde está seu reservatório de interesse. Qual é o próximo passo? Fazer uma avaliação através da perfuração. É só através da perfuração que será possível saber se existe petróleo na região. Dá-se o nome de poço pioneiro, o primeiro poço perfurado no intuito de descobrir se uma localidade específica tem ou não petróleo.

Após a descoberta, são perfurados novos poços para delimitar e mapear a jazida com o fim de obter mais informações sobre a área a ser explorada. É necessário muito conhecimento da bacia, não apenas dados geológicos, mas também dados de produção, muitas vezes obtidos por testes de poços com longa duração para se calcular a economicidade do reservatório, ou seja, para entender se a produção daquele bloco será lucrativa.

A partir do momento em que o consórcio considera a sua descoberta viável economicamente, é feita a comunicação à ANP e efetuada a declaração de comercialidade. Em seguida, o consórcio entra na fase de desenvolvimento da concessão onde serão perfurados poços em localidades distintas dentro da concessão registrada junto à ANP para extrair todo potencial do campo.