Introdução à Exploração e Produção de Óleo e Gás
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Introdução à Exploração e Produção de Óleo e Gás

O petróleo está presente no nosso dia a dia e por isto, olhar para o crescimento do mundo é olhar, consequentemente, para o crescimento do consumo de petróleo. Isto é algo que precisa ficar claro na cabeça de estudantes, trabalhadores da indústria e

Petróleo
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Antes de entrar no conteúdo principal dos nossos boletins informativos, vamos fazer uma contextualização da participação do petróleo na sociedade.

Anos 20 do século XX. Gasolina abundante e barata. Rockefeller ergueu a maior empresa de petróleo na época, Standard Oil, que posteriormente foi desmembrada em outras companhias como Exxon, Mobil, Chevron, etc.<br>
Anos 20 do século XX. Gasolina abundante e barata. Rockefeller ergueu a maior empresa de petróleo na época, Standard Oil, que posteriormente foi desmembrada em outras companhias como Exxon, Mobil, Chevron, etc.

Diariamente, desde o momento que levantamos até o momento em que nos deitamos estamos em contato com produtos derivados do petróleo. Vou fazer um teste com a minha rotina. Nomearei 5 coisas que faço assim que acordo:

- Escovo os dentes;

- Tomo banho;

- Preparo o café da manhã;

- Olho as notícias;

-  Vou para o trabalho, que nesta época de home office, significa ir para o escritório ou sala da própria casa.

Cada atividade citada possui uma ligação com o petróleo. Ao escovar os dentes, eu usei uma escova feita de plástico, que é produzido pela indústria petroquímica através, por exemplo, da Nafta, um subproduto do refino do petróleo. Quando tomei banho, aqueci a água com gás, que no Brasil é significativamente produzido de maneira associada ao petróleo nos reservatórios offshore. No café da manhã, eu comi pão com manteiga. Aí tudo bem, não tem petróleo no pão nem na manteiga, mas se você extrapolar e tentar entender como a manteiga, que eu comprei no mercado, chegou lá, muito provavelmente vamos descobrir que ela foi transportada por caminhão, que geralmente usa diesel como combustível.

Seguindo com as últimas 2 coisas: ver notícias e ir para o trabalho. Para ver notícias e ir para o trabalho precisamos de luz. Eletricidade! Apesar das hidrelétricas serem uma fonte relevante na geração de energia no Brasil, as usinas termelétricas possuem participação na matriz energética brasileira, sendo a maioria delas consumidoras de gás natural ou diesel.

Enfim, o petróleo está presente no nosso dia a dia e por isto, olhar para o crescimento do mundo é olhar, consequentemente, para o crescimento do consumo de petróleo. Isto é algo que precisa ficar claro na cabeça de estudantes, trabalhadores da indústria e analistas de mercado. O petróleo será eventualmente substituído no futuro por outras fontes de energia? Sim, é provável, porém, serão necessários investimentos em larga escala para substituí-lo ou você acha que não vamos acordar todo dia de manhã e escovar dentes, tomar banho, preparar o café, ver notícias e ir ao trabalho? As perguntas que devemos fazer e acompanhar são: como será feita esta transição? Em países como China, Índia e Paquistão que experimentam uma grande ascensão da classe média, qual a taxa de crescimento da demanda por energia? Qual é a taxa de crescimento da oferta de energia renovável? Uma vez que os grandes produtores de petróleo são empresas administradas por governos, quais as implicações geopolíticas de uma restrição na demanda por conta de questões ambientais? Como os países produtores irão reagir à uma imposição de diminuição da demanda? Como as novas tecnologias de sequestro de carbono podem levar a indústria de óleo e gás a atingir zero de emissão líquida de gases do efeito estufa?

Neste contexto, quero deixar outro questionamento: as indústrias de óleo e gás de hoje não poderão ter papel importante na mudança da matriz energética? Sendo um pouco mais ousado no questionamento: não serão as prósperas operadoras de óleo e gás de hoje as mesmas operadoras prósperas de energia renovável no futuro? Ou ainda, não serão essas mesmas operadoras que irão trabalhar na fronteira da tecnologia de sequestro de carbono para diminuir o impacto do efeito estufa?

Para ter uma ideia da dimensão e do poder de se reinventar da indústria de óleo e gás, basta pegarmos o exemplo da Exxon Mobil, que com mais de 100 anos de tradição, evoluiu de uma comercializadora de querosene (em uma época que a gasolina era considerada rejeito da produção) para uma empresa que possui ampla atuação nos setores de exploração, produção, refino, petroquímico, gás natural e mercado de energia em quase todos os países do mundo. Recentemente, observou-se no mercado um movimento de fusão e aquisição por conta dos baixos preços do petróleo, o que só reafirma a resiliência da indústria perante a necessidade de se manter viva. Segundo o Wall Street Journal, Exxon e Chevron chegaram a conversar, ainda em 2020, sobre a realização de uma fusão entre as empresas (Rockefeller deu um sorriso de canto de boca em seu túmulo).

Após esta breve introdução, será apresentado nas próximas publicações semanais o caminho do petróleo, desde a avaliação do reservatório até ao escoamento do óleo para as refinarias e Unidades de Processamento de Gás. Trata-se de uma abordagem para trazer o entendimento das etapas presentes desde a descoberta do óleo até o uso dos derivados na vida cotidiana. Iremos começar pelo básico. Fazer com que o leitor entenda o que é o petróleo e como ele é produzido no Brasil. Após isto, falaremos sobre o mercado, principais players, empresas listadas em bolsa e suas ações, política, geopolítica da transição energética e o que mais for interessante para o tema.

Importante ressaltar que apesar do Brasil produzir petróleo tanto em terra quanto em mar, o foco das nossas cartas será a produção offshore, uma vez que estes campos representam a maior parte da produção no país. Isto torna o conteúdo representativo e útil para a maioria das pessoas que trabalha na área ou estão pensando em construir uma carreira nesta indústria.