1 - A arte de resolver problemas (ou de criar mais)

Olá!

Fiquei pensando por muito tempo sobre o que escrever para o primeiro artigo, queria algo que fosse interessante o bastante para vocês voltarem e sempre travava, rolava aquela frustração da tela em branco, sabe?

Por muito tempo essa sensação chata perdurou e não sei pra vocês mas pra mim ter o branco criativo é um problema, e dos brabos.

Até que, de alguma forma eu comecei a olhar essa sensação sob outra perspectiva e reparei o que de fato me incomodava, que não era a ausência do tema para a escrita, mas sim:

O Problema.

Podemos encontrar no dicionário alguns significados da palavra, cito aqui os que me chamaram mais atenção:

"Tema, em qualquer área do conhecimento, cuja solução ou resposta requer considerável pesquisa, estudo e reflexão."

"Dificuldade ou obstáculo que requer grande esforço para ser solucionado ou vencido."

"Pessoa, coisa ou situação que causa incômodo ou preocupação."

O problema pode ser encontrado em tudo, nos mais diferentes contextos você sempre vai achar ele como ponto em comum e no meu dia-a-dia saquei o quão constante ele é e como eu nunca tinha sistematizado a minha abordagem sobre ele.

Ser designer tem disso, você aprende e estuda mil metodologias e algumas vezes você simplesmente aplica no automático, chega em resultados favoráveis (ou não) e segue o baile. Não culpo, afinal o prazo de entregas é cada vez mais curto mas eu resolvi parar, pensar e sistematizar o que aprendi e transformei pra funcionar do meu jeito.

Além de designer, ser brasileiro é basicamente conviver com problemas o tempo todo, a gente aprendeu até a fazer piada disso, ser brasileiro é não desistir nunca.

Mas olhando sob a minha ótica, cataloguei habilidades que considero essenciais para o sucesso na arte de resolução de problemas. Sim, arte, porque não é algo 100% lógico, tem uma sensibilidade, um improviso, não dá pra jogar num excel e fazer, se bem que o ChatGPT tá aí e já é até aceito em MBA.

1. Curiosidade

Querer entender como as coisas funcionam e o que está por trás de cada movimento é o primeiro passo para perceber que existem problemas nesses movimentos. As vezes eles não cumprem o que deveriam fazer, e aí entra outro aspecto da curiosidade: porque essa merda não tá funcionando direito?

2. Pensamento Sistêmico

Depois da pergunta de milhões você tem que dar a volta, pensar de trás pra frente e de frente pra trás, traçar mil hipóteses e investigar cada uma para descobrir qual delas está correta e se mais de uma está correta, e pronto! Você identificou o(s) problema(s). Aqui parece rápido, mas na realidade isso pode demorar dias.

3. Criatividade

Acho que aqui encontramos uma das mais valiosas no processo, isso porque você tem que se abastecer o tempo todo de referências. Só assim você vai ter repertório para inventar mil maneiras de resolver a cagada e como testar cada uma delas. Conforme você vai pesquisando, vai apurando um olhar de identificação com outros problemas e soluções e então absorver aquilo para o que precisa. 

4. Paciência

Você não vai acertar de primeira, vai errar mil vezes antes de acertar. E para isso é importante saber como lidar com a sua pistolada, porque é certeza que vai querer quebrar tudo, jogar pro alto e resolver da maneira mais fácil: terceirizando, comprando outro, fazendo algo ruim e até desistindo. Portanto, aprenda a cultivar a paciência, vai meditar, tenha um hobby, faça esporte, e sai fora do problema nessas horas, volte depois.

5. Execução

Não estou falando de executar algo 100% perfeito, mas como solucionar da melhor forma que consegue. Seja qual for o seu problema e a sua solução, ela tem que ser feita, seja por você ou por outra pessoa mais habilidosa (eu por exemplo, sou meio ruim de Figma, então peço ajuda sempre). O importante é chegar no objetivo que você definiu como ponto de solução, não importa o acabamento nessas horas.

6. Pensamento crítico

Saber observar aquilo que foi criado e identificar mais pontos falhos a partir de conceitos críticos faz com que a iteração aconteça a todo momento, mantendo a inovação constante e novas soluções mais adequadas as suas necessidades como por exemplo, uma nova solução que custe menos e/ou use menos materiais. Essa é a linha de pensamento que se estabelece quando queremos melhorar algo já solucionado.

7. Desapego

Aquela solução não é sua a partir do momento em que foi concebida - podemos falar de patentes mais pra frente -Porém o que estou dizendo é que a todo momento alguém pode olhar e iterar, criticar e resolver os problemas que aquela sua solução passou a criar também (sim, a solução cria problemas), além do fato de que MUITA gente pode usar a sua solução para outros casos, assim como você fez quando estava buscando referências, e isso é ótimo! Sinal de que você pensou em algo que realmente faz sentido e a diferença para as pessoas! 

Acima fiz um diagrama simples mostrando como essas habilidades se relacionam, note que a número 4 (Paciência) acaba permeando algumas outras, ou seja, trabalhando em conjunto. Para desenvolver criatividade, pensamento sistêmico, execução e pensamento crítico você precisa de MUITA paciência, comece a trabalhar e você vai ver.

Por fim, estas são as principais habilidades que considero importantes para resolução de problemas, e a ideia é você já se observando e vendo quais delas possui, são mais fortes ou mais fracas para aperfeiçoar e se usar onde achar.

Lembrando que uma vez que você se torna um resolvedor efetivo, o seu número de problemas vai aumentar porque vai observar em todos os lugares (acredite, você vai se tornar chato) e porque vão te pedir inúmeros favores (e aí vai se tornar mais chato ainda quando recusar).

Nos próximos posts da série A Arte de Resolver Problemas (Ou de Criar Mais) irei falar mais sobre cada uma das habilidades acima com mais profundidade, como desenvolver cada uma e referências de estudos, autores e até alguns casos de uso meus e de outros lugares.

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Obrigado e até!