Muitos começam negócios vislumbrando um futuro em que suas empresas se consagram como a “the next big thing”, como dizem os americanos, ou se transforme em estrondoso caso de sucesso como o do Facebook, que fez de Zuckerberg o bilionário mais jovem do mundo. Parece que grande parte dos novos empreendedores têm o ego inflado e estão em busca, acima de tudo, da dominância global e do status. Se auto-proclamam CEOs e líderes antes mesmo de emitirem a primeira nota fiscal. Engraçado, mas preocupante. A onda de jovens querendo iniciar uma empresa pelas motivações erradas, tem correlação com o fato de a mídia e as redes tomarem excessões a exemplo de Amazon, Google ou Instagram como se a construção de um negócio bilionário fosse uma história trivial e linear, sem mostrar os bastidores. Isso traz a tona para os mais idealistas a ilusão de que a próxima Apple pode ser a sua empresa. Estatisticamente, é provável que não será. |
Todo negócio recém nascido ou até mesmo os mais consolidados, tende ao declínio |
A grande verdade difícil de engolir, é que todo negócio recém nascido ou até mesmo os mais consolidados, tende ao declínio. O mercado não funciona igual a sua mãe que vive dizendo que você é lindo e especial. Se não soluciona um problema e gera valor, não há conversa que resolva. Por isso, o caminho é extremamente longo e cheio de obstáculos que exigem certas doses de coragem e resiliência para serem vencidos. Tenho em mente uma tese a respeito de negócios em estágio inicial. Qualquer empresa early-stage, independentemente do quão promissora for a ideia, é ruim até que se prove o contrário. A Apple era uma empresa ruim no seu primeiro mês de vida, mas a primorosa visão e execução de Steve Jobs a tornou em um grande negócio. |
Não adianta sonhar, ou melhor, se iludir, acreditando que o seu negócio é o próximo unicórnio sem antes entender os conceitos básicos que permitem que a sua empresa esteja viva amanhã - e não nesse futuro utópico de bilhões de dólares, capas de revista, escritórios cheios de mesas de sinuca e cerveja liberada. Os primeiros meses, ou anos, são uma nada romântica busca por sobrevivência até que se entenda o que está realmente sendo feito e entregue ao mercado. A maioria dos empreendedores peca em bom senso quando se fala em fluxo de caixa e margem de lucro. Principalmente entre os “startupeiros”, isso é quase que ignorado no dia a dia. Virou tendência “gerar impacto” antes de gerar lucro. Deveria ser como nos aviões. Primeiro colocamos a máscara de oxigênio em nós mesmo, depois nos outros. Faturamento e lucro nunca saem de moda. |
Não vejo nenhum problema, e inclusive acho essencial, sonhar grande. Contudo, isso não é desculpa para ignorar a realidade do seu negócio hoje e entender que todo mundo que já foi ou é grande, começou pequeno um dia. Nos primeiros dias, você é dono, e não o CEO. |