Não o espelho do seu banheiro. O da sua alma. |
“Todos os problemas da humanidade são causados pela incapacidade do homem de sentar sozinho em seu aposento.” Para mim, a frase proferida por Blaise Pascal no século XVII é um holofote que expõe o maior e mais sombrio desafio da nossa espécie: entender a nós mesmos. |
Buscamos entender os fenômenos que acontecem fora de nós. Tentamos incessantemente encontrar os porquês daquilo que ocorre ao nosso redor, mas concentramos poucos esforços, enquanto indivíduos, a entender nossas próprias angústias e motivações. |
O homem é programado para buscar o tempo todo algo que possa lhe preencher o vazio de estar sozinho. Principalmente agora, em tempos de celular e redes sociais - mesmo que estejamos sozinhos em algum lugar - encontramos um jeito de olhar repetidamente |
Desde que comecei a dedicar algum tempo dos meus dias para a filosofia, olhei por outro ângulo os momentos em que fico só. Na verdade, me dei conta de que estar só é como se olhar no espelho. É um momento de conversas honestas com a companhia mais importante que há: nós mesmos. |
Estar sozinho, e quando falo sozinho quero dizer estar desconectado do smartphone e das demais distrações a nossa volta, é a oportunidade que nos concedemos de autoavaliar com franqueza em foro íntimo o que fazemos e a forma como agimos. É um momento em que o ego está em seu menor nível e podemos olhar para a vida com mais sensatez e consciência. Nesse instante, nos deparamos com a última instância do pensamento. É a hora em que condenamos ou perdoamos as nossas atitudes e convicções. A paz surge dessa prática. Da certeza de que ao nos olharmos no espelho da alma, estamos alinhados com a nossa melhor versão. |
Aqueles que apreciam a própria companhia, encaram a vida com mais leveza - pois tem a coragem que falta para muitos: a de confrontar o próprio eu. |