Recuar é estratégia
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Recuar é estratégia

O treinador Paulo Sousa chegou ao Flamengo já fadado a pressão, um profissional que chegou ao Flamengo pendurado ou melhor dizendo, precisando dar uma de equilibrista por conta do fantasma chamado Jorge Jesus. Após a saída do JJ, todos os out...

Tiago Fernandes
4 min
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Foto: Alexandre Vidal - Flamengo
Foto: Alexandre Vidal - Flamengo

Paulo Sousa, atual treinador do Flamengo já chegou ao clube pendurado, precisando contar com um equilíbrio digno de um trapezista de circo, por causa de um fantasma chamado Jorge Jesus. Após a saída de JJ, todos os outros profissionais que estiveram a frente do Mais Querido sofreram com o peso de uma passagem meteórica e arrasadora do patrício, que a torcida leva como algo real, acreditando que aquilo deveria acontecer todo ano.

2019 foi o ano onde tudo conspirou para dar certo, a equipe teve um segundo semestre mágico, os reforços que chegaram encaixaram como luvas. Parece que foi um prêmio a administração responsável e austera, além da torcida sofrida, mas sempre presente, empurrando equipes tecnicamente fragéis. Todos entendiam o momento, estava sendo feito o possível, pois existiam muitas dívidas e desconfiança do mercado.

Com as contas em dia, muito se falou de uma hegemonia rubro negra no Brasil, algo nunca obtido por aqui de maneira literal ao dicionário .  Hegemonia: Poder que algo ou alguém exerce em relação aos demais; supremacia, domínio.  

Será mesmo que o Flamengo de certa forma não chegou a esse ponto?

Então, acredito que sim, de 2016 para cá foram dois títulos brasileiros, dois vices, um terceiro lugar e um sexto, todos eles dando vaga na Copa Libertadores da América. Fora o título da Libertadores em 2019 e o vice para o Palmeiras em 2021, títulos de Recopa e Supercopa, Cariocas seguidos. Porém, essa hegemonia é partilhada com o Palmeiras, hoje são os clubes que nos últimos anos sempre brigam na parte de cima da tabela, enquanto outras equipes vão se revezando, tentando derrubar ou incomodar paulistas e cariocas.

Mesmo sendo hegemônico nos últimos seis anos, ou seja, tendo certo domínio no cenário nacional, 2019 dificilmente irá se repetir, devido a estrutura do futebol brasileiro, a competitividade ou por ter sempre alguém tentando incomodar, mirando rubro negros e alviverdes. Portanto, o Flamengo é um dos times a serem batidos, mas isso não o torna imbatível, o coloca na posição de superioridade sim, por estar sempre na ponta de cima das tabelas.

Dito isto, voltemos a Paulo Sousa, profissional que hoje está sob comando da equipe, buscando reestruturar um elenco envelhecido e com algumas apostas do clube que não vingaram. As críticas ao trabalho são exageradas, principalmente por ter 2019 como sarrafo, tendo a pressão de que seja o padrão hegemônico,  quando na verdade foi algo único, inclusive na carreira do "Messias" da torcida, Jorge Jesus. Basta olhar sua última passagem pela equipe do Benfica e olhar a forma como saiu "enxotado" pelos adeptos benfiquistas.

Ainda falando no treinador rubro negro, um cara convicto de suas ideias, precisa entender que às vezes um passo atrás pode render bons frutos. O promissor goleiro Hugo está em péssimo momento, necessita sair da panela de pressão, sair dos holofotes, barrar pode não ser uma solução, quebraria ainda mais o psicológico abalado do atleta. Entretanto, se o Diego Alves pôde acusar uma lesão sem que nos exames de imagem apareça, por quê não acontecer ao Neneca? Isso mesmo, divulgar que o atleta sentiu alguma dor, em acordo com o Departamento Médico,  assim poderá colocar o Matheus Cunha para jogar o Fla x Flu, sem ter um ambiente pesado para o  garoto, contando com o apoio do torcedor e tendo um ponto a menos de descontentamento por parte da Magnética.

Fazer isso, reduziria um pouco dos questionamentos as suas escolhas, colocaria um atleta com confiança em dia no campo, o que daria tranquilidade para enfrentar um clássico com valor muito maior que três pontos, preponderante para seu sucesso ou fracasso na frente do comando flamenguista.