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#0022: Na esteira do Open Banking, que promete fazer o compartilhamento de dados e do histórico financeiro entre bancos permitindo assim mais personalização dos serviços, naturalmente a ideia vai se expandir para outros mercados e novos serviços em A

Tiago Ricotta
8 min
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#0022: Na esteira do Open Banking, que promete fazer o compartilhamento de dados e do histórico financeiro entre bancos permitindo assim mais personalização dos serviços, naturalmente a ideia vai se expandir para outros mercados e novos serviços em AEC podem surgir.

Open Banking (1/7)

Como uma onda no mar..
Como uma onda no mar..

As notícias vão se alastrando e muita coisa tem se falado nos últimos tempos sobre como o Open Banking vai revolucionar o mercado de serviços financeiros no país, mesmo que alguns tenham restrições em relação a segurança do compartilhamento de informações, a verdade é que as fases do projeto do Banco Central estão evoluindo.

Para quem não acompanha muito essas movimentações do Banco Central, bancões e fintechs, vamos fazer algumas definições sobre o que o sistema vai trazer de facilidade para os usuários:

O que é Open Banking?

O Open Banking, ou sistema financeiro aberto, é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas e não apenas pelo aplicativo ou site do banco, de forma segura, ágil e conveniente.

Como é hoje?

Atualmente, uma instituição não “enxerga” o relacionamento do cliente com outra, então tem dificuldade de competir por ele com melhores serviços.

Com o Open Banking?

Com a permissão de cada correntista, as instituições se conectam diretamente às plataformas de outras instituições participantes e acessam exatamente os dados autorizados pelos clientes. Todo esse processo é feito em um ambiente seguro e a permissão poderá ser cancelada pela pessoa sempre que ela quiser.

Com a permissão de cada correntista, as instituições se conectam diretamente às plataformas de outras instituições participantes e acessam exatamente os dados autorizados pelos clientes. Todo esse processo é feito em um ambiente seguro e a permissão poderá ser cancelada pela pessoa sempre que ela quiser.

Trazendo mais para o nosso dia a dia o que acontece atualmente é que o seu banco é quem conhece o seu perfil como cliente e sem o compartilhamento de informações existe a necessidade de abrir uma conta nova para conseguir usufruir dos serviços bancários em outras instituições, com esta burocracia os usuários de serviços financeiros dificilmente acabam buscando outras opções além daquelas que ele já possui uma conta, dificultando a concorrência.

Na prática, o que o Open Banking promete é uma luta de faca no escuro entre os bancos para oferecer os melhores serviços para você, mas o que pode ser compartilhado?

Compartilhamento de informações (2/7)

Não se surpreenda de ter um botão share no seu Banco
Não se surpreenda de ter um botão share no seu Banco

Com o advento da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) é importante dizer que todo e qualquer dado a ser compartilhado sempre precisará do seu consentimento para que a operação seja feita.

Eis a lista do que pode ser compartilhado:

  • Dados cadastrais: Nome, CPF / CNPJ, telefone, endereço, nomes e dados dos sócios.
  • Informações sobre renda: pessoa física seria o comprovante salarial e pessoa jurídica seria o faturamento.
  • Dados transacionais: perfil de consumo, capacidade de compra e movimentação da conta corrente.
  • Produtos e serviços: informações sobre empréstimos e financiamentos.

A partir do compartilhamento dessas informações entre os bancos com o seu consentimento, as instituições poderão reter esses dados por até 12 meses, após esse período será necessário fazer a renovação do consentimento dos dados.

Só poderá participar do Open Banking instituições cadastradas no Banco Central e as punições para uma falha e vazamento de dados podem chegar ao decreto de falência da instituição, a fiscalização do serviço promete ser bem rígida.

Fases de implantação (3/7)

Tudo tem um primeiro passo na escada de implantação
Tudo tem um primeiro passo na escada de implantação

Como já faz um tempo que existe a discussão de Open Banking no Brasil o que deve ser dito é que o projeto sofreu um atraso no seu cronograma original com a fase 2 sendo postergada em um mês para melhor adaptação das instituições.

Basicamente o projeto consistia em 4 fases, a saber:

  • Fase 1: Compartilhamento padronizado de dados entre as próprias instituições financeiras.
  • Fase 2: Compartilhamentos de dados de clientes relacionados a serviços bancários.
  • Fase 3: Integração de serviços com início de transações de pagamentos, começando pelo PIX.
  • Fase 4: Compartilhamento de dados de serviços relacionados a câmbio, credenciamento, seguro, investimentos, salário.

O que diferencia cada fase de implantação é o número de participantes do programa e a limitação de horário de funcionamento, começa no horário comercial padrão e vai evoluir até que seja 24 horas.

Agora que você entendeu o conceito e a ideia do Open Banking como a ideia pode transformar a indústria da construção em um Open Construction?

Open Construction (4/7)

O grande conceito por trás do Open Banking é o compartilhamento de dados entre instituições financeiras para aumento da concorrência e melhoria dos serviços prestados no mercado financeiro.

Para quem está construindo para vender o Open Banking pode mudar radicalmente a lógica de financiamento imobiliário uma vez que o consumidor pode fazer uma disputa muito mais ferrenha entre os bancos para conseguir uma linha de financiamento imobiliário.

Trazendo mais para o mundo de Arquitetura, Engenharia e Construção o compartilhamento de dados entre as empresas esbarra, como sempre, na questão da fragmentação da informação no mercado AEC.

O grande ponto aqui é definir que tipo de dado pode ou deve ser compartilhado entre as empresas e o que, de fato, contaria com um apoio da indústria para melhoria do processo como um todo, compartilhando informações que não sejam vistas como confidencial (o que hoje tudo é visto como diferencial competitivo).

Muitas empresas enxergam que o seu diferencial competitivo é justamente a inteligência de anos e anos de construção de base de dados de orçamento, planejamento e supply que não necessariamente podem ser compartilhadas entre seus pares.

E como não existe um Banco Central de Construção no Brasil é difícil fazer todo mundo conversar e evoluir a ideia, mas vamos explorar as possibilidades, dito isto, existe uma ramificação a ser feita aqui para melhor entendimento do que poderia ser um Open Construction: a tecnologia e o negócio.

API e BuildingSMART (5/7)

Alguém já pensou em padronizar as coisas em AEC...
Alguém já pensou em padronizar as coisas em AEC...

Na questão de tecnologia uma das coisas que as empresas ainda não perceberam é que além de virarem uma universidade (trataremos disso mais para frente), as empresas de AEC devem também evoluir para expor APIs para o mercado consumir.

Cuma?

Uai, como você acha que o Open Banking funciona? As instituições bancárias em conjunto com o Banco Central definiram padrões para padronizar a exposição e compartilhamento de informações entre todos através de APIs.

Para quem não sabe, uma API é o conjunto de definições e protocolos usados no desenvolvimento e na integração de software de aplicações. API é um acrônimo em inglês que significa interface de programação de aplicações (Application Programming Interface).

Imagina que as empresas vão colaborar em um grande empreendimento, cada uma tem o seu sistema e suas regras, havendo uma padronização de como trocar informações e quais informações são relevantes a serem trocadas, a API expostas pelas equipes de TI faria os sistemas conversarem de maneira mais ágil e prática, sem precisar ficar enviando e recebendo e-mails e tabelas de Excel.

Na parte das informações do empreendimento o que muita gente não sabe é que essa discussão de padronização de troca de informações já existe há anos na BuildingSMART, inclusive, o schema IFC já contém uma série de definições e relacionamentos para classificação de objetos, planejamento e custos.

Na parte da coordenação do empreendimento em si para fazer as empresas colaborarem o OpenBIM já esta aí faz muito tempo para auxiliar, mas e na camada de negócio?

Open Business (6/7)

Aquele seu sistema que depende de dados do mercado para funcionar pode ser aberto...
Aquele seu sistema que depende de dados do mercado para funcionar pode ser aberto...

A grande questão a ser discutida bebendo da fonte do Open Banking é a troca de informações mais relacionadas ao business e serviços diretamente.

Quantas empresas investem horas e horas e horas para homologar fornecedores? Depois da homologação vem a sua aferição da qualidade do serviço e a construção de um ranking de fornecedores, isto não poderia ser padronizado e compartilhado entre todos?

Imagina o que esta troca de informação não poderia fazer para melhorar a experiência dos serviços em geral na construção.

Outro ponto: quantas empresas precisam fazer compras de aço e concreto na semana? Ou compras de pisos, louças e metais? Quantas vezes é preciso ter três propostas de fornecedores para conseguir evoluir em um processo de compras?

Tudo o que é commodity vai para uma disputa de preço (ah não ser que você entregue um valor a mais como prazo de entrega, por exemplo). Hoje uma das melhores plataformas do mercado que tenta organizar estas informações como um todo é o Construcompras, que qualifica e ajuda o pessoal de supply no processo de compras no geral.

Agora imagine conseguir juntar a parte de tecnologia e padronização da BuildingSMART com uma centralização e ideia de um Construcompras, no final do dia as informações de planejamento estiverem colocadas no modelo e compartilhados com um Banco Central de Compras é possível até criar um índice de volume de concreto necessário para as próximas semanas.

O que isto faria na relação de oferta / demanda trazendo previsibilidade para a indústria? Pode até ser uma utopia, mas do jeito que a coisa está evoluindo rápido em indústrias mais digitais não se surpreenda se isto for uma necessidade de sobrevivência em algum momento.

Impactos gerais (7/7)

O mundo está acelerando de uma forma a colaboração e união de conceitos que em alguns momentos até imagino a dificuldade que universidades devem ter de conseguir atualizar sua base curricular para fazer deste monte de coisas que está surgindo.

Tenho certeza de que mais dia menos dia esse tipo de serviço irá chegar ao mercado de construção, principalmente quando outras indústrias já tiverem provado que o conceito de compartilhamento de informações impactando diretamente no nível de serviço entregue e os consumidores estiverem mais exigentes, até porque, imagine o cliente final (aquele que vai morar ou usufruir do espaço) demandando ter acesso mais fácil aos serviços e facilidades do mundo digital através dos mesmos conceitos aqui colocados.

Pode ter certeza de que empresas que não aceitam PIX hoje em dia deixam dinheiro na mesa, a adaptação é uma necessidade de sobrevivência, Darwin explica.

Enfim, são várias possibilidades e o tema vai longe, mas não tão fácil e perto de indicar está Newsletter para seus colegas, continuamos na base do crescimento por indicação 😉

Obrigado,

Abs.

Tiago Ricotta

Publicado em 15 de Setembro de 2021 às 12:58