#0012: Se um dos principais problemas da construção civil é a sua característica de fragmentação, talvez seja possível tirar proveito disso para criar alguns blends interessantes no dia a dia do tratamento da informação utilizando a tecnologia.
#0012: Se um dos principais problemas da construção civil é a sua característica de fragmentação, talvez seja possível tirar proveito disso para criar alguns blends interessantes no dia a dia do tratamento da informação utilizando a tecnologia. | ||
Like water ma friend (1/7) | ||
Nos últimos dias tive a oportunidade de conversar e discutir
questões como tecnologia e suas implicações com informação no setor de construção civil com alguns grupos
seletos de alunos e profissionais de empresas renomadas no mercado.Juntando algumas recomendações de material para serem lidos
ou assistidos com as demandas e perguntas que foram feitas nos últimos dias
quero compartilhar algo que ficou na minha cabeça quando juntei "A" com "Cra". | ||
É sempre interessante ter este tipo de contato, mesmo que de maneira online, com pessoas de visões e necessidades distintas porque sempre acaba aparecendo alguma pergunta diferente ou, como neste caso, algum insight vindo do além psicografado pelo Chico Xavier em forma de Arquiteto. | ||
Em um determinado momento da história realizei um do estudo do funcionamento das ferramentas de Big Data para a posterior contratação, no fundo queria entender a questão das fontes públicas e confiabilidade das fontes de informação. | ||
| ||
Neste estudo me deparei com um conceito que era chamado de Data Blending que vamos definir a seguir: | ||
O que é Data Blending? | ||
É um método para combinar dados de várias fontes distintas. A combinação de dados traz informações adicionais de uma fonte de dados secundária e as exibe com os dados da fonte de dados primária. | ||
Existem diversas formas de combinar dados, o que estamos muito acostumados é fazer isto através do relacionamento ou união das fontes, pense naquela tabela de Excel que você faz aquele procv maroto para procurar um item no orçamento ou fornecedor. | ||
A questão e a beleza do Blend é que esta mistura de dados não necessariamente vai combinar tudo em uma única tabela ou fonte, na verdade o que vai acontecer é através da agregação das diversas fontes de dados ele vai apresentar visões a níveis maiores ou menores de informações a dependendo da função ou necessidade do profissional ou momento. | ||
É mais simples do que parece, mas para chegar lá vamos ter que percorrer alguns caminhos. | ||
O que você precisa é o que você enxerga (2/7) | ||
Confesso que essa história de Data Blending é só uma forma chique de falar sobre sanfona de dados, conceito muito bem colocado no projeto BIM da CCDI ainda em 2014 por um dos programadores da época. | ||
A questão que estávamos enfrentando é que o volume de informação a ser gerenciado pelas equipes havia aumentado significativamente com o advento da construção de modelos que simulavam a construção virtual da edificação. | ||
O advento da criação da ordem de serviço, que viria a ser o Blend de projeto, orçamento, planejamento, supply e qualidade no canteiro de obras fez com que tivéssemos que gerar as informações no nível mais granular possível para que a ordem de serviço fosse viável. | ||
Esta granularidade da informação era definida geralmente pela qualidade da obra, pois ela sempre precisava ter os dados nos mínimos detalhes para controle do que estava sendo executado, mas se a qualidade em obra iria agrupar as coisas para fins de controle em forma apartamentos, andares ou torres não era muito a nossa preocupação. | ||
| ||
Logo, por qual razão o pessoal de orçamento deveria ter a mesma visão granular da qualidade? Era aí o Blend funcionava, moldávamos os dados para entregar somente aquilo que o pessoal queria ver na visão de orçamento. | ||
A receita para fazer tudo isto funcionar foi ter todas as fontes de dados da empresa sob uma normatização que pudesse identificar e criar uma chave única para todos os elementos que deveriam ser executados em suas respectivas fontes de informação não importando qual fosse o software que estava sendo utilizado para projeto, planejamento, orçamento etc. | ||
No fim tudo era misturado e batido no centralizador que filtrava todas as informações com base no tipo de perfil de usuário que estava acessando o sistema: projeto, obra, qualidade, planejamento, supply ou orçamento. | ||
A mesma coisa, mas sob diversas óticas (3/7) | ||
Descendo um pouco mais o nível do que estávamos falando no tópico anterior, uma representação que exemplifica muito bem o que quero dizer esta representada na figura abaixo: | ||
| ||
É exatamente o mesmo modelo para todas as partes interessadas do projeto, mas cada um possui a visualização sob a sua ótica enxergando aquilo que lhe cabe e fazendo a sua parte no processo. | ||
Se o pessoal de planejamento necessita agregar informações de setores ou status para as coisas, basta fazer sua parte do processo e utilizar as informações que chegaram a ele no montante e incluir suas informações no processo a jusante. | ||
É importante entender este conceito porque a expectativa é que exista uma única solução que irá fazer isso magicamente e nem sempre isso vai ser verdade, sempre vai aparecer alguma coisa no meio do caminho que precisará de integração e talvez não seja possível. | ||
Por isto atualmente acredito que o melhor caminho na real seja a coordenação deste processo utilizando padrões abertos e de forma que se possa agregar as informações necessárias desde que seja possível identificar quem são os geradores daquela informação. | ||
É o conceito da ordem de serviço lá de 2014 mas sem precisar criar esta ordem um banco de dados que faz a leitura e extração da informações das diversas fontes distintas como modelo, Project, Orçamento, ERP e etc para fazer o Blend e te dar uma lista de serviços, com a tecnologia que temos hoje essas diversas fontes estão dentro do CDE com Property Sets de informação diretamente agregadas dentro no modelo tendo sua visualização moldada de acordo com a ótica de quem a usa. | ||
Criatividade em ação (4/7) | ||
Assumindo que existem diversas fontes de informação na construção civil e que podemos um pouco mais além do conceito de relacionamento e adição / enriquecimento de informação, talvez seja hora também de criar elementos a partir da mistura de fontes. | ||
Cuma? Bom, explico com um exemplo prático. | ||
O que estamos fazendo atualmente é estar preso ao que estamos acostumados em relação as formas de produzir e desenvolver projetos, aparentemente uma parede é somente uma parede que terá informações enriquecidas no seu tempo de vida no projeto/construção com informações de sua especificação, planejamento e orçamento. | ||
Sob a ótica dos diferentes atores que temos na construção, se juntarmos essas informações podemos ter um suco com muito mais vitamina do que simplesmente falar que a parede foi modelada, especificada ou executada, podemos começar a ter métricas de avaliação durante este processo que podemos utilizar para comparar até mesmo coisas distintas. | ||
Um exemplo disso, como você sabe se o time está produzindo em alto nível quando falamos do processo de Scan to BIM? Você não sabe, aí que está o ponto, a não ser que você tenha participado do processo você consegue saber pelo feeling. | ||
A partir do momento que você consegue misturar dados de coisas de coisas e fontes diferentes você também consegue criar métricas para medir coisas que antes não era possível. | ||
O que já utilizei nesse foi uma matriz de avaliação comparando dados objetivos de complexidade de projetos vs elementos a serem modelo vs tempo de execução vs nível de informação necessário vs tamanho do projeto resultando em uma métrica de produtividade. | ||
Fazer isso antes da tecnologia era uma coisa insana, agora você junta uma tabela extraída de um forms com um kanban e você isso na sua mão para fazer gestão. | ||
Adição e subtração (5/7) | ||
Tudo o que se fala na questão do gerenciamento do dado sempre voltasse para a questão do enriquecimento do mesmo, mas e se for preciso subtrair os dados, é possível? | ||
Yeap, de uma maneira pouco convencional, mas também é possível fazer algo neste sentido. | ||
Muitas vezes menos é mais e não necessariamente ter um caminhão de informação dentro de um modelo ou banco de dados vai resolver a sua vida, no final do dia, se você não sabe o que fazer com o bando de dados de você em mãos é praticamente perda de tempo fazer outras pessoas gerarem este dado para você. | ||
Se por algum motivo, seja ele por concorrência em que todos tem que ter um pé de igualdade, seja por isonomia ou qualquer outra coisa, ao invés de fechar uma planilha recortada a partir do filtro de um bando de dados que você tenha se existir um modelo a coisa bem simples, basta pensar nas informações que você precisa exportar e criar um MVD no IFC para isto. | ||
| ||
A partir do padrão neutro que foi criado aí será possível enriquecê-lo com os dados que você precisa, será possível limitar / proteger informações que você não queira compartilhar com todos no projeto e também ajuda na questão de isonomia. | ||
Assim como podemos criar novas possibilidade a partir da mistura dos dados também é possível subtraí-los ou filtrá-los de acordo com a nossa necessidade. | ||
A Manopla do infinito (6/7) | ||
Quando falamos de manter e tornar as coisas simples lá no artigo Keep it Simple conversamos um pouco sobre como a visão do Excel ela é universal em relação as formas de trabalho em AEC (e praticamente de todas indústria, povo adora uma planilha). | ||
É muito comum quando estamos no desenvolvimento de um projeto ou obra mandar arquivos .csv ou .xls pra cima e pra baixo para dar carga nos mais diversos sistemas. | ||
Nessa questão do Data Blending isto também acaba sendo bastante verdadeiro o que acaba sempre dificultando um pouco o entendimento das coisas no nosso mercado. | ||
| ||
Planilhas de Excel no final do dia são colunas de informação e essas colunas de informação vão ter que ser preenchidas por alguém em algum momento, logo, quando falamos dos Property Sets em alguns tópicos atrás pense se isso não poderá te aliviar na questão de criação e gestão de uma planilha no seu trabalho. | ||
Aquele Tableau ou PowerBI que você para consolidar todos os dados dentro de uma visão consolidada pode ficar mais leve caso você consiga enriquecer uma única fonte de informação que se alimenta de outras fontes. | ||
O Mix (7/7) | ||
De maneira geral organizar ideias e escrever o que você está pensando já é complicado, quando você um turbilhão de informações na sua cabeça rodando ao mesmo a coisa pode complicar mais ainda. | ||
Não tenho a pretensão de que 100% das pessoas que forem ler este artigo vão entender tudo o que falei, mas vamos desenvolvendo melhor as ideias no decorrer do avanço de alguns projetos e releitura da experiencia que já tivemos. | ||
Como sempre, a melhor maneira criar alguma coisa e pensar é em conjunto, muitas coisas que coloquei aqui ainda são incipientes, mas é legal abrir o tópico para discussão. | ||
Vamos que vamos, | ||
Obrigado, | ||
Abs. | ||
Tiago Ricotta | ||
Publicado em 07 de Julho de 2021 às 15:23 |