Homem Aranha: Sem Volta Para Casa + Versão Estendida | Crítica

Quem em sã consciência diria algum dia que teríamos a reunião dos três "miranhas" em um filme do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel)? Nem com os vazamentos atestando que Andrew Garfield e Tobey Maguire estariam no filme, a gente quis acreditar nisso. Bem, pois em novembro de 2021 chegou a nós Homem Aranha: Sem Volta Para Casa e aqueceu os nossos corações com tudo o que adveio desse filme.

Após o mundo todo saber que Peter Parker é o Homem Aranha, ele decide ir recorrer a ajuda do Doutor Estranho para reverter tudo isso. O problema é que após o feitiço dar errado, acaba trazendo visitas inesperadas de outras dimensões, onde é mais um problema que Peter terá que lidar.

Bom, todos já sabemos da presença do Andrew e do Tobey assim como dos demais vilões então irei me debruçar sobre o filme com os "spoilers" mesmo. Toda a ideia de Sem Volta Para Casa é sensacional: No terceiro filme de uma "trilogia",  unir os universos presentes em todos os filmes do Homem Aranha é a cumulação de vários sentimentos que passamos por toda a nossa vida ao acompanhar os "miranhas" e de certa forma, não é um trabalho fácil amarrar tudo isso.

Lembro-me bem de surtar ao ver a cena pós-créditos de Homem Aranha: Longe de Casa (2019) (A cena em que o Mystério revela que o Peter Parker é o Homem Aranha) pois fiquei imaginando como seria resolvido a questão da identidade do Peter dentro do MCU. Até houve uns boatos de que o terceiro filme seria o Kraven, O Caçador indo atrás do Peter Parker mas nada que chegou a ir definitivamente para o filme, é claro.  O fulgor de toda a reunião dos três miranhas começou quando o Jamie Foxx (Electro) compartilhou uma foto do Electro encarando os três miranhas (que logo após ele apagou) e foi o suficiente para internet ir a loucura.

Bom, a ideia da Marvel então foi de juntar tudo isso e entregar aos fãs a união dos miranhas e como falei não foi uma tarefa fácil. Chris Mckenna e Erik Sommers, roteiristas do filme, tiveram a árdua missão de trazer os Peters do Andrew e Tobey (juntamente com os vilões dos filmes) para o MCU e é justamente em certos aspectos do roteiro que o filme tem os seus "pecados".  Não me leve a mal, o filme é lindo, o sentimento de ver os três juntos, interagindo, o nosso sonho de criança, é sensacional porém aqueles com os olhos mais atentos à algum aspecto técnico e narrativa percebe que há umas coisas feitas assim, "de bolo", sem uma justificativa que a gente pelo menos "passe pano". Explico melhor.

Exemplos de certas agonias que o roteiro e narrativa fornecem é toda a questão de curar os vilões. No filme, o Peter Parker do Tom Holland descobre que os vilões morreram em suas dimensões e que se se voltarem vão ter o destino da morte. Com isso, decide mudar o plano de mandar todos de volta e curar todos eles. É uma linha narrativa no mínimo estranha (pelo menos para mim). Além disso, vale salientar um grande problema da Marvel da sopesação dos poderes que aqui fica ridículo. O Peter do Tom brigando com o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) para pegar o cubo que tá controlando os vilões naquela dimensão e simplesmente o Peter Parker ganha de um cara que lutou contra Thanos com as Pedras do Infinito com o "poder da matemática". É, é complicado demais.

Há outros pontos no roteiro que dão uma incomodada mas para não me alongar muito vou me ater a esses. Outro ponto que dá uma leve incomodada em certas cenas são os efeitos especiais. São em cenas rápidas assim, que não duram mais de 0,4 segs mas que ao bater o olho, incomoda o telespectador. Dá para entender pois passamos por uma pandemia enquanto o filme estava sendo gravado e aqueles que conhecem a Marvel, sabem que as pessoas que trabalham lá, trabalham em produção atrás de produção. Vale também lembrar que o filme não foca tanto como deveria focar como a vida do Peter ficou destroçada após ter sua identidade revelada. O filme só toca a superfície mas não se aprofunda nos problemas reais.  

Bom, a gente reclama mas a gente elogia também quando merece ser elogiado. Certas escolhas feitas por Jon Watts (diretor do filme) e equipe são fenomenais. O upgrade feito no Electro (Jamie Foxx) é fenomenal demais, indo por uma atualização do uniforme clássico dos quadrinhos. Também é bem vinda a solução feita para a participação do Homem Areia (Thomas Hadden Church) que não conseguiu participar do filme porém a equipe do longa optou por trazê-lo de forma sempre em Areia (CGI), como nos quadrinhos. Vale também falar que o filme até que aproveita as cenas dos filmes anteriores (Homem Aranha 3 e O Espetacular Homem Aranha 2) na hora em que o Homem Areia e Lagarto são curados. Vou deixar o link para os curiosos: https://www.youtube.com/watch?v=F5nc5UhOHzI

Agora falando sobre o ponto chave do filme, ver as três gerações dos miranhas no filme é simplesmente emocionante e de encher os olhos de lágrimas. A dinâmica dos três é perfeita e vemos como cada um deles tem sua nuância e como se complementam de forma fenomenal, como se fosse irmãos. Tobey volta ao papel de forma bem tranquila (como se não tivesse tido hiato em sua interpretação) e agrada muitos os fãs, por ser o Miranha preferido da maioria (apesar do meu favorito ser o do Andrew). Andrew então já volta numa sensação de alívio por poder pelo menos dar um ar ao seu personagem e história após o segundo filme e aquece demais os nossos corações porque ele (Andrew Garfield) entrega demais na atuação. Já o Tom Holland vêm aqui e culmina o peso dos filmes anteriores numa interpretação com muito drama pois tudo o que o Peter dele não tinha sofrido direito, agora vem sofrer de uma vez só.

Em suma, Homem Aranha: Sem Volta Para Casa é uma carta de amor da Marvel aos fãs que por mais que não seja aquela carta bem escrita, bonita e perfeita, é aquela que nos emociona e nos faz sentir felizes, sendo apenas isso que importa. É algo que veremos cada vez mais no futuro com todas as fusões dos estúdios mas que aqui foi o "impossível" sendo realizado. A Marvel não poderia ter optado melhor ao trazer o "AranhaVerso" para o último filme dessa Trilogia. 

Nota: 8,5

No que se refere a Versão Estendida de Homem Aranha: Sem Volta Pra Casa, os 11 minutos que parecem ser poucos de certa forma ajudam na construção da narrativa do filme. Não que esta versão seja um outro filme totalmente diferente mas que essas cenas ajudam na história que está sendo contada. Certas cenas que na versão original parecem ser apenas "cameos" ou que foram jogadas ali, agora, com a adição do material novo, ganham "mais sentido". Além disso, podemos ver um pouco mais das consequências do Peter Parker ter sua identidade revelada, como também podemos ver um bom material de piadas que não fora utilizado.

Em suma, vale a pena ir a cinema ver Homem Aranha: Sem Volta Pra Casa - Versão Estendida para se deliciar com as cenas que não chegaram ao corte original (são boas de verdade) e para sentir aquele quentinho no coração e o arrepio dos pelos ao vermos a "Trindade Aracnídea".

Nota da Versão Estendida: 8,9