O Palestrante (2022) | Crítica
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O Palestrante (2022) | Crítica

Guilherme é um quarentão que vive um vida comum: tem uma bela esposa, um emprego normal, e uma rotina mais que normal: emprego, casa, casa emprego. A virada acontece quando após ser demitido e sua esposa o deixar, ele decide trocar de identid...

John
4 min
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Cartaz do filme <i>O Palestrante</i> (2022)
Cartaz do filme O Palestrante (2022)

Guilherme é um quarentão que vive um vida comum: tem uma bela esposa, um emprego normal, e uma rotina mais que normal: emprego, casa, casa emprego. A virada acontece quando após ser demitido e sua esposa o deixar, ele decide trocar de identidade no aeroporto e agora assume o papel de um palestrante que tem como missão dar uma série de palestras para uma empresa.

Fábio Porchat em cena do filme <i>O Palestrante</i> (2022)
Fábio Porchat em cena do filme O Palestrante (2022)

Passada a sinopse, devo dizer que o filme pelo menos merece um crédito de ir numa vertente diferentes dos que estamos acostumados a ver nos filmes nacionais. Explico melhor: No geral, estamos acostumados em ver filmes nacionais onde seguem a métrica de um famoso que só fica fazendo piada de tropeçar, cair, peido e de ficar gritando o filme todo. Óbvio que trago exemplos onde o cinema nacional foge desse estigma como: Tropa de Elite, Lisbela e o Prisioneiro, Cidade de Deus, Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro. Tais filmes são exemplos de que em diferentes gêneros, o cinema brasileiro consegue fugir bem desses filmes de comédia com grito.

Feita essa análise, o filme como falei até merece um crédito por não focar na questão de fazer comédia por fazer com gritos e trapalhadas. Tem um certa suavidade na comédia apesar de claro ter uma ou outra cena com comédia "espalhafatosa". As piadas no geral achei de certa forma fracas, uma ou outra me tirando aquele sorriso de canto de boca. Vale mencionar que o personagem do Antônio Tabet que é o que mais dá o ar da graça e faz a gente rir. 

Antônio Tabet que interpreta Josué no filme <i>O Palestrante</i> (2022).
Antônio Tabet que interpreta Josué no filme O Palestrante (2022).

O pior problema do filme na minha opinião tá em seguir o padrão clichê dos filmes de comédia romântica. Explico melhor. Sem dar spoilers mas você consegue ver aquelas mesmas cenas de comédia romântica onde num primeiro momento o protagonista fica todo troncho ao falar com o seu amor ou até aquela velha cena onde ela fica com raiva dele mas num momento em que ele está desabafando sobre o quanto ela é linda, ela aparece e tudo se resolve. São níveis de clichê assim mesmo e isso foi minha grande decepção para com o filme que tinha um potencial de ser mais bem desenvolvido. Além disso, vale salientar que o roteiro busca trazer uma bela mensagem sobre a jornada e a busca pelo nosso anseios mas fica muito raso e não chega a explorar bem esse conceito. Não se tem peso nenhum, não é bem explorado a conexão e entrelace que o par romântico deveria ter.

Dani Calabresa e Fábio Porchat no filme <i>O Palestrante</i> (2022)
Dani Calabresa e Fábio Porchat no filme O Palestrante (2022)

No tocante ao elenco, Fábio Porchat aqui traz um personagem sem os seus "três-jeitos" de gritaria e levantando as mãos e isso é bom. Porchat é um excelente humorista e aqui faz o que pelo menos se espera dele, somando ao filme. Dani Calabresa também uma excelente humorista aqui faz uma personagem mais contida e tímida, indo total de encontro ao que é a atriz é na vida real e consegue passar muito bem esse papel de timidez. O elenco de apoio como Miá Mello, Paulo Vieira, Otávio Muller e Antonio Tabet conseguem trazer um carisma bonzinho e ajudando na construção do filme mas que estão ali como simplicidade mesmo, apenas para a engrenagem da história.

Cena do filme <i>O Palestrante</i> (2022)
Cena do filme O Palestrante (2022)

Vale lembrar que o filme possui uma participação especial que surpreende o telespectador que é brincadeira. Eu quase pulei da cadeira quando a pessoa apareceu e todo o contexto das cenas é maravilhoso. É a melhor parte do filme.

No final das contas, O Palestrante busca fugir do que vem sendo proposto no cinema brasileiro mas acaba mergulhando no clichê da temática romântica. Vale uma assistida num domingo morno com uma bela pipoca e uma coquinha gelada.

Nota: 5,0