Mais uma festa judaico-cristã se aproxima, e guarda caso, a mais importante de todas, pois nela está fundamentada TODA a cristandade e a fé ocidental. E junto com ela, mais uma vez o movimento identitarista, um dos braços da esquerda progress...
Mais uma festa judaico-cristã se aproxima, e guarda caso, a mais importante de todas, pois nela está fundamentada TODA a cristandade e a fé ocidental. E junto com ela, mais uma vez o movimento identitarista, um dos braços da esquerda progressista, tenta desconstruir ou sequestrar o maior símbolo da humanidade para si, politizando e polarizando um símbolo totalmente apolítico. | ||
Não é de hoje que movimentos de esquerda procuram desconstruir as figuras mais importantes da história, entre elas a do próprio Cristo, já que essa representa uma das coisas a qual o marxismo luta contra, ou seja, a religião cristã, colocada por Marx como uma das armas da burguesia para o controle, conforme o trecho a seguir extraído do Manifesto Comunista: | ||
“As leis, a moral, a religião são para ele meros preconceitos burgueses, atrás dos quais se ocultam outros tantos interesses burgueses.” (pg 49) | ||
Sendo pois a religião, principalmente a cristã, uma das principais ideias da sociedade antiga e permeada pelos antagonismos de classe, como o próprio Marx define, de forma subjetiva, na página 57 do mesmo Manifesto, mesmo tendo se esquivado de forma escorregadia quanto à eliminação radical da ideia de religião em páginas anteriores e em outros tratados escritos por ele, onde deixa a sugestão de que a religião deva ser relegada ao ambiente privado, nada tendo em comum com o poder do Estado, dissociando ambos (dando início, assim, ao princípio da laicidade estatal, utilizado em peso pela ala da esquerda para desqualificar qualquer atitude religiosa ou decisão baseada em algum preceito judaico-cristão tomado por algum político), os movimentos derivados do pensamento marxista levaram em conta essa destruição e eliminação do preceito religioso cristão do seio da sociedade, pois acredita piamente que a mesma é apenas uma forma de amainar as desigualdades sociais, criando uma “falsa ilusão”, palavras de Marx, de um futuro fim das dificuldades e segregações que a sociedade conservadora, segundo eles, impõe, deixando a esperança do fim do sofrimento social e materialista apenas no porvir. | ||
Porém, visto que não é tão fácil assim desarraigar do peito da sociedade esse que se tornou o maior símbolo de bondade, a ligação entre o Divino e o humano, o reencontro do homem com Deus, resolveram iniciar o seu processo de desconstrução da religião, inserindo conceitos modernos, seja através de ciência pura e simples, ou através de pesquisas e suposições antropológicas, e aqui chegamos ao ponto central da discussão deste artigo. | ||
Mas, antes de prosseguirmos, quero deixar aqui um pequeno adendo: NÃO, a Ciência não é inimiga da fé, a Filosofia não é inimiga da fé, a Antropologia não é inimiga da fé. São apenas instrumentos humanos para tentar explicar, de forma tangível ou não, conceitos abstratos ou pelo menos chegar o mais perto possível dessa explicação. Não venho aqui desacreditar estudiosos sérios, que tenham um compromisso verdadeiro com a busca e a defesa daquilo que é real, e não apenas fabricar factoides que serão utilizados de forma leviana por ativistas rasos, obviamente transcurando alguns pontos primordiais que seriam prejudiciais à narrativa, para o avanço de uma agenda ideológica e política. | ||
Aliás, politizar temas que nada possuem em comum com a polarização ESQUERDA x DIREITA, é uma das maiores maestrias do ativismo esquerdista, mas isso é assunto para outro artigo. | ||
Pois bem, navegando nas redes, como de costume, deparei-me com um post que dizia o seguinte: | ||
“O messias cristão foi um sujeito de pele escura, nascido na perifa, engajado em questões sociais, executado como bandido pelo Estado sob os aplausos dos justiceiros reacionários. Poderia facilmente passar hoje como um ‘esquerdinha dos direitos humanos’”. | ||
Não colarei o texto inteiro aqui, para não transformar este pequeno artigo em uma tese de mestrado, e nem darei luz aos outros pontos do texto de onde extraí esse parágrafo, pois seria reproduzir o que já escrevi aqui neste mesmo espaço acerca do Jesus Político, até porque nem é esse o intuito aqui. Quero me ater a dois pontos que, para mim, são cruciais e que demonstram o interesse identitarista em propagar o que os mesmos progressistas chamam de desinformação, travestida de fato científico notório, porém totalmente especulativo. E para isso terei que tocar bem na ferida dos movimentos identitários: não, Jesus não teve a pele escura, bem como não foi nascido em periferia, uma vez que o conceito de “periferia” nem existia à época, sendo uma definição relativamente nova, usada para conceituar uma parte da sociedade que é considerada por muitos marginalizada, incendiando ainda mais a eterna guerra de classes que é o combustível primordial dos movimentos derivados do marxismo em geral. | ||
“Mas como você ousa afirmar isso? Está indo contra o que estudiosos e antropólogos afirmam sobre a civilização do Oriente Médio da época de Cristo, eles são os estudiosos, eles sabem do que estão dizendo, e você é só mais um ilustre ninguém que não tem propriedade para ir contra o que eles dizem e que serve de muletas para a minha narrativa pseudo intelectual. Você não pode desfazer tudo o que eu uso para convencer as pessoas que se elas são de direita elas são más, se elas não pensam como eu elas são fascistas, nazistas, racistas (e toda a infinidade de istas possíveis que existe no léxico brasileiro)...” | ||
Certo, vamos começar do mais básico, o “nascido na perifa”. O que muitos desses ativistas progressistas desconhecem, justamente por NÃO LEREM a Bíblia que eles tanto criticam, mas adoram utilizar quando lhes convém, é que Belém não era bem uma “periferia”, mas uma cidadela na região mais montanhosa de Israel, uma das cidades que ficavam bem na rota conhecida como Caminho dos Patriarcas, uma das principais de Israel, além de ser a provedora agrícola mais próxima de Jerusalém. O nascimento de Jesus ter-se dado em uma manjedoura dentro de um estábulo não era porque José e Maria não tinham dinheiro, mas porque a cidade estava cheia, não havia lugares nas estalagens, devido à grande massa de nativos da cidade que tiveram que voltar para serem alistados, uma forma de recenseamento, decretado pelo imperador César Augusto. Por ser da casa de Davi, José subiu até Belém, para cumprir o decreto de alistamento, levando consigo Maria grávida, que entrou em trabalho de parto durante a estadia no estábulo de uma estalagem que aceitou acomodá-los, conforme a passagem abaixo: | ||
“E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.” Lc 2:7 | ||
Note, querido ativista identitarista progressista, que sua narrativa identitária já é quebrada com apenas UM versículo. Não precisa ser um grande teólogo para chegar a esta conclusão simples. Além, é claro, de requerer uma certa boa vontade intelectual, que ativistas nunca possuem justamente porque precisariam dar o braço a torcer e aceitar que estão muito enganados naquilo que propagam. Bem, primeira “fake news” de Páscoa checada e desmentida, vamos para a próxima. | ||
Existem várias alegações acerca da cor da pele de Jesus e sua aparência, inclusive as várias pinturas e representações eurocêntricas amplamente conhecidas, as quais sabemos que seria realmente impossível de serem reais, pelo simples estudo da etnia da região. Então, não, Jesus também não era um ariano ou caucasiano de olhos azuis, longos cabelos lisos aloirados e barba moderadamente longa. MAS, e esse é um ‘mas’ bem grande, não era, de forma alguma, negro; não possuía sua tez negra ou escura, conforme o autor do texto que me incentivou a escrever este artigo afirma. | ||
A teoria mais difundida atualmente, lembrando que não passa de uma teoria não comprovada, apenas levantada, é a que foi financiada pela BBC em conjunto com um canal francês e a Discovery Channel, onde, através de algumas pinturas judaicas do século 3, chegaram à conclusão de que sua tez seria mais próxima ao tom que chamam Oliva, que pode ser observada na imagem com uma escala de tonalidades de pele, aproximando-o mais ao tom de pele ‘pardo’. O que vai totalmente de encontro com o que se encontra em todo o texto bíblico, pois não há relato de um hebreu nascido com pele escura, desde os patriarcas até os dias de Cristo, uma vez que a miscigenação com outros povos que não o hebreu era praticamente um ato passível de morte entre os hebreus, por ir contra a lei mosaica, conforme o texto abaixo extraído do livro de Deuteronômio, que guarda caso, também faz parte da Torá Judaica: | ||
“Quando o SENHOR teu Deus te houver introduzido na terra, à qual vais para a possuir, e tiver lançado fora muitas nações de diante de ti, os heteus, e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus, sete nações mais numerosas e mais poderosas do que tu;E o Senhor teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás; não farás com elas aliança, nem terás piedade delas;Nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos” Dt 7:1-3 | ||
Porém, e isso é importante notar, para os identitaristas progressistas, não existe o meio-termo no que tange a narrativa político-ideológica. Basta observar as estatísticas apresentadas pelos mesmos para corroborar seus argumentos falhos. Por exemplo, quando precisam salientar que a maioria dos encarcerados nas penitenciárias brasileiras são pessoas negras, o que fazem? Engordam esse número com os pardos, ou seja, aqueles cuja cor da pele transita entre o negro e o branco. Engraçado que o tom Oliva da escala Fitzpatrick também está em um intermediário, não é negro, nem branco. | ||
Mas, se for procurar nas estatísticas de egressos de cursos de faculdade, empresários bem-sucedidos, atores que ocupem papéis de destaque em produções artísticas, políticos importantes, esses pardos trocam de lugar e não servem mais para engordar as estatísticas de negros de destaque do país. Não, passaram a serem brancos, burgueses opressores da classe operária negra e periférica do país. | ||
A regra é clara, Arnaldo: se o pardo ocupa uma posição de destaque e não serve à narrativa populista e vitimista da opressão da minoria periférica pelos burgueses, então ele é branco, caso contrário, se está em alguma esfera da sociedade que sirva aos propósitos espúrios de divisão social, então é negro. E nesse balaio, acaba entrando o homem mais piedoso que pisou na Terra, Jesus Cristo, o baluarte e pedra angular sobre a qual está fundada toda a fé cristã, um dos maiores inimigos da agenda progressista que corre em fúria desenfreada para destruir os padrões da sociedade como a conhecemos apenas porque uma meia dúzia de intelectuais ávidos por poder resolveram que, se a sociedade não possui padrões morais de conduta e valores que os impeçam de porem em prática toda a sua libertinagem e imoralidade, então será facilmente dominada e doutrinada por estes mesmos intelectuais que, se preciso for, utilizarão qualquer um como degrau para ascender aos seus objetivos torpes e nefastos de poder total sobre tudo e todos, até mesmo e principalmente Jesus. | ||
Então, caro leitor, não se deixe levar por essa tentativa espúria de assimilar Jesus à agenda identitarista, onde tudo o que querem é apenas induzir as pessoas ao erro, amortizando suas mentes para que possam incutir outras ideias, como, por exemplo, o mito da reparação histórica, que os coloca em um patamar acima da sociedade normal e os legitima a reivindicar certos privilégios a despeito de outros indivíduos da sociedade como um todo. Não caia na narrativa que estão te empurrando, normalizando que você, pessoa religiosa de tez mais clara, deve ser punida por algo que na realidade você não cometeu. Principalmente, utilizando a imagem do Jesus Histórico, para criar um apelo emocional e religioso supersticioso na mente daqueles que ouvem esse tipo de argumentação pífia e descabida, até porque, em uma hipótese absurda, se Jesus ao invés de ter morrido na cruz, conforme o plano divino inicial exposto em toda a escritura, e tivesse reinado sobre Israel, elevando a nação israelense a uma potência mundial, subjugando os outros reinos, tenha certeza de uma coisa, ele estaria sendo usado para corroborar outro tipo de narrativa, como todo bom pardo usado pelos movimentos progressistas identitaristas. |