Resumo da semana - 06/11/21
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Resumo da semana - 06/11/21

Essa semana o imitador André Marinho pediu demissão do Pânico, na Jovem Pan. Conseguiu o que queria: elogios e espaço da velha imprensa, a turma esquerdista. “O mais talentoso”, disse a amiga do Dirceu Monica Bergamo, na Folha. O UOL, do mesm...

Constantino
14 min
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Entrevista x lacração

Essa semana o imitador André Marinho pediu demissão do Pânico, na Jovem Pan. Conseguiu o que queria: elogios e espaço da velha imprensa, a turma esquerdista. “O mais talentoso”, disse a amiga do Dirceu Monica Bergamo, na Folha. O UOL, do mesmo grupo, colocou em xeque a pluralidade da emissora, que mantém vários antibolsonaristas em seu quadro. Marinho quis sair, eis o ponto. Não aguentou a pressão, a reação negativa após sua postura realmente condenável.

Tanto na Jovem Pan como na RedeTV, além da minha própria live TudoConsta, já tive que entrevistar muita gente, muita autoridade, inclusive gente de quem discordo totalmente. Já entrevistei ministro do STF, governador, senador e prefeito com posturas que considero absolutamente condenáveis.

Em minhas perguntas, procurei extrair respostas objetivas sobre temas polêmicos, tirando o entrevistado da zona de conforto. Mas sempre mantive a educação, o respeito, lembrando também quem é o entrevistado e quem é o entrevistador, ou seja, meu papel é jogar a pergunta e deixar o outro desenvolver sua linha de raciocínio.

É difícil, porém, levar uma entrevista adiante quando alguém quer só lacrar em cima do entrevistado. Se o objetivo não é obter respostas sobre determinados assuntos, mas sim expor o entrevistado ao ridículo, tentar desqualificá-lo ou tirá-lo do sério para jogar para sua plateia, então não haverá uma entrevista, e sim um espetáculo politiqueiro de péssima categoria.

Não dá para confundir jornalismo, que tira os entrevistados poderosos da zona de conforto, com pura "lacração", oportunismo e tremenda falta de educação, que coloca inclusive a casa que recebe o entrevistado numa situação delicada de baita constrangimento.

Além disso, há um mínimo de liturgia do cargo que se exige ao tratar com autoridades. Mesmo que se trate de alguém informal, como o Presidente Bolsonaro. Mesmo que se trate de um programa informal, mais escrachado. Para tudo há limite, ou deveria haver. Eu não trataria um governador como "cara" numa entrevista, jamais!

É preciso apontar ainda o duplo padrão: a "lacrosfera" aplaude se um dos seus conseguir tirar Bolsonaro do sério, promovendo um barraco no lugar da entrevista, e ainda tenta justificar que foi apenas jornalismo, fazendo perguntas difíceis. Mas o mesmo tratamento nunca seria concedido a um entrevistador que agisse da mesma forma com um ministro supremo.

Aliás, sabemos o que aconteceria nesse caso: o jornalista seria chamado de blogueiro bolsonarista, sua fonte de espiã e ele estaria com mandado de prisão e extradição por "atacar" uma instituição democrática. Um peso, duas medidas. A esquerda, incluindo a tucana, não liga a mínima para princípios.

Por fim, vale notar a diferença de reação. Bolsonaro simplesmente se retira ao ver o jogo sujo e o barraco. Lula, quando foi chamado de bebum por um jornalista gringo, tentou expulsá-lo do país. E Doria, ao ver um jornalista levar dados incômodos ao ar, ligou para a emissora, entrou ao vivo e tentou desqualificar o jornalista, pedindo sua cabeça e o rotulando de "negacionista" e "vassalo de Bolsonaro".

O jornalista era eu, mas não recebi a solidariedade e o apoio dos meus pares por "tirar uma autoridade poderosa da zona de conforto". Ao contrário: esses jornalistas que hoje saem em defesa do moleque lacrador ficaram caladinhos, mesmo sabendo da pressão que o governador faz em cima dos veículos de comunicação para retirarem o microfone de seus críticos e desafetos.

Um ponto final: Amanda Klein, da mesma linha lacradora, não tem entrevistado os convidados do Opinião no Ar, mas sim “debatido” com eles, emendando diversas perguntas no meio de suas respostas. Com isso, impede que os colegas de bancada participem. Teve um programa essa semana em que consegui fazer somente uma rápida pergunta. Ela alega que está fazendo jornalismo, e que eu não sou jornalista. Vai lá, jornalista, cria um programa só seu de “entrevista” e vamos ver uma coisinha sobre audiência…

Abismo entre mídia e povo

Uma operação policial elimina 25 criminosos em Minas Gerais, todos altamente armados. Parte da imprensa insiste no bordão "suspeitos" - apesar da apreensão de armamento suficiente para uma guerra - e ainda cobra investigação... da polícia!

O cantor Roger comentou: "A Polícia extermina uma quadrilha perigosíssima e a Globo, em vez de agir como se fosse uma boa notícia (o que é claro que é), diz que a polícia precisa ser investigada. Ainda chama de 'suspeitos' o pessoal que tinha trocentos fuzis, bombas, etc, encontrados na casa".

Já entrevistei especialistas em segurança, deputados da bancada da "bala", que são policiais, e causa espanto como a imprensa em geral os trata ou lida com esses temas do "cangaço brasileiro". Jornalistas dão quase sempre um jeito de tratar bandido como vítima e policial como o criminoso. Já o povo celebra quando 25 CPFs de marginais perigosos são cancelados.

Leandro Ruschel capturou o sentimento da imensa maioria: "Parabéns à Polícia de Minas, PRF e Bope por ter evitado uma ação terrorista em Varginha, como as que aconteceram em Araçatuba, Criciúma e várias outras cidades". Não pode ser tão difícil assim para esses jornalistas entender esse tipo de reação! Ou será que é?

Bom, a julgar pela postura de alguns, o bom senso e a razão passaram longe mesmo. É o caso de Marco Antonio Villa, cada vez mais desequilibrado e obcecado com Bolsonaro. Quando não está chamando todo mundo de nazista ou fascista, o historiador que banca o jornalista está condenando o fato de que o presidente escolheu tomar Coca-Cola em vez de café.

Fosse um caso isolado de demência, nem mereceria menção. Mas sabemos que Villa é a média dessa imprensa patética, que cata pelo em ovo para demonizar o presidente. A mesma imprensa que chamam todos que não adotam essa postura antibolsonarista histérica de "blogueiro bolsonarista", para até justificar prisões arbitrárias típicas de estado policialesco.

Sou apenas um “blogueiro bolsonarista”, pela ótica dos meus pares, então nunca terei como competir com esse jornalismo profissional, que dá destaque para notícias tão importantes como uma sobre o dedo quebrado do imitador de focas!

A conclusão é inapelável: nossos jornalistas, com raras e honrosas exceções, vivem numa bolha muito afastada da realidade, do povo. Não conseguem entender a satisfação popular com uma operação sem qualquer baixa do lado policial e com 25 marginais perigosos mortos, acha que Biden é "o cara" enquanto demonizava Trump, acredita que na conversa a China vai mudar sua matriz energética e foca em Bolsonaro como o vilão nessa história, ignorando que o Brasil é um país com matriz limpa e credor de créditos de carbono.

Há um crescente abismo entre mídia e povo. Não por acaso uma Jovem Pan, quando vira TV, incomoda tanto, ainda mais com a notícia da contratação de Alexandre Garcia e Caio Coppolla. São poucos os comentaristas que não trocaram o bom senso e a razão por uma agenda lacradora e política. Quando muitos estão concentrados num só veículo de comunicação, que não por acaso vai se destacando e crescendo em audiência, só resta aos dinossauros da hegemonia esquerdista surtar mesmo, problematizar a escolha do refrigerante pelo presidente, ou dar destaque à incrível notícia do dedo quebrado de um moleque oportunista.

Esqueceram da pandemia

A PEC dos Precatórios foi aprovada na Câmara nesta semana. O tema é polêmico, e não há razão para desqualificar a priori quem se coloca contra ou a favor do troço. Trata-se, afinal, de um dilema mesmo: driblar o teto de gastos é perigoso, deixar de pagar precatórios que a Justiça já julgou é arriscado. Mas deixar desassistidos milhões de brasileiros durante a pandemia é igualmente temerário. Não há solução fácil aqui.

O que causa espanto no "debate", portanto, é o maniqueísmo binário de alguns. Resolveram que todo o esforço do presidente da Câmara Artur Lira e do governo federal em aprovar a PEC não passa de populismo eleitoral, e ponto final. Eis que a esquerda - a esquerda! - mostra-se repentinamente a mais zelosa pelo teto de gastos, ignorando inclusive a existência de uma pandemia, cuja reação autoritária de governadores e prefeitos para contê-la jogou milhões a mais na miséria. Dá para confiar?

Quando Marcelo Freixo diz que se trata da PEC do Calote e que a única fome que ela visa a saciar é a de recursos para o centrão, isso soa sincero? Quando a petista Gleisi Hoffmann banca a protetora do teto de gastos, como fez nessa passagem abaixo, consegue convencer alguém?

Esse teto de gastos está completamente desmoralizado. Nunca foi levado a sério, é discurso do mercado e seus seguidores. Alem de acochambrar o teto a Camara institucionalizou o calote. Se vale pra precatório, vale p/ o resto. Fica o registro. Centrão e governo farão a festa em 22

No Brasil, temos uma oposição que nunca pensa no país, mas só no poder. Não tem postura construtiva jamais. Se enxerga alguma possibilidade de desgastar a situação, então vai nessa linha e dane-se o povo. Repito: não estou dizendo que todos que votaram contra a PEC agem dessa forma, pois há bons motivos para se colocar contrário. Mas esse discurso falso, que ignora a pandemia, não cola.

"Descumprir sentença judicial transitada em julgado, a mais sagrada de todas, deveria ser uma decisão grave, não banalizada por interesses eleitoreiros", escreveu o tucano Merval Pereira em sua coluna no Globo. Mas é mesmo interesse eleitoreiro? Todos estão certos disso? Não pode haver qualquer preocupação legítima com milhões de brasileiros famintos por conta dos lockdowns?

Nossos "garantistas de ocasião" são os mais ferrenhos defensores das instituições e do império das leis - quando interessa. Quando é para perseguir opositores de direita, porém, eles são os primeiros a defender o arbítrio e até ministro supremo rasgando a Constituição e inventando crimes novos, como o de opinião ou o de espalhar Fake News.

E é aqui que a hipocrisia salta aos olhos. Os mesmos que repetiram que a economia ficava para depois, atacando veementemente o presidente Bolsonaro por chamar a atenção para esse problema, são os que hoje só falam de economia para apontar indicadores ruins ou rejeitam qualquer auxílio extra como algo eleitoreiro.

Não estamos numa situação normal. Não custa lembrar. Vejam o que outros governos estão fazendo. Vejam o que fez Joe Biden nos Estados Unidos, com seu pacote trilionário. Vejam os índices de inflação pelo mundo, a alta dos combustíveis, o salto nos alimentos. Refrescando a memória dos esquecidos: tivemos e ainda temos uma pandemia! Ou será que ela só serve quando interessa?

Pelo visto sim, já que prefeitos e governadores organizam até Carnaval como se tudo estivesse normal. Esse Covid-19 tem sazonalidade sim, como todo vírus. Mas é uma sazonalidade diferente, sem ligação com as estações do ano. O novo vírus chinês ataca só quando a esquerda precisa, e depois desaparece feito milagre. Vai ver foi por isso que a atriz esquerdista Jane Fonda admitiu que o troço é um presente divino para a esquerda. No caso, o erro é associar isso a Deus. Está mais para laboratório chinês mesmo. Mas o efeito é o mesmo: a esquerda usa a pandemia só quando interessa, e depois age como se ela nunca tivesse existido.

Dallagnol pede demissão

A decisão de Deltan Dallagnol de pedir demissão do Ministério Público para, ao que tudo indica, candidatar-se a algum cargo político é legítima, um direito seu, e pode ser sincera e coerente com sua missão de combate à corrupção.

Ou seja, ele pode realmente ter se dado conta de que os obstáculos criados pelo sistema e a reação à operação Lava Jato dificultaram ou impossibilitaram mais conquistas dentro do MP, e que agora chegou a vez de lutar pela via política, de preferência o Legislativo.

Foi a avaliação do editorial da Gazeta do Povo, também do Paraná, e que acompanhou a Lava Jato bem de perto:

Assim como ocorreu três anos atrás, quando Moro aceitou o convite para ser ministro de Jair Bolsonaro, serão inúmeros os que atribuirão agora a Dallagnol uma motivação política em todo o seu trabalho à frente da Lava Jato, como se tudo o que fez estivesse direcionado única e exclusivamente ao dia em que ele pudesse celebrar um triunfo nas urnas. Este raciocínio, além de conter uma falácia lógica que transforma uma relação de sucessão temporal em uma relação de causa e efeito, pode ter duas motivações. Uma delas é a vingança ideológica daqueles que não se conformam com o fato de o trabalho de Dallagnol ter exposto os métodos do petismo e levado Lula à cadeia, e se empenham em desmoralizar os feitos do ex-coordenador da Lava Jato. A outra – que pode atingir até mesmo pessoas bem intencionadas, mas surpresas com a decisão de Dallagnol – é certa incapacidade de acreditar que as pessoas possam agir com boa intenção, sendo sempre movidas por interesses outros, egoístas e mais ou menos inconfessáveis.

Que Dallagnol opte pela carreira política não diz absolutamente nada sobre uma suposta parcialidade da Lava Jato. As provas levantadas pela força-tarefa podem já não ser utilizadas em um tribunal graças às absurdas decisões do STF, mas os ministros não são capazes de alterar a realidade.

Não obstante, era óbvio que a decisão de Dallagnol, seguida da pré-campanha iniciada por Sergio Moro, alimentaria a narrativa do sistema de que tudo não passou de um movimento político desde o começo. O ministro supremo Gilmar Mendes, o mais veemente crítico da Lava Jato, que já chamou a força-tarefa de quadrilha, resumiu a linha do discurso a ser adotado pela turma:

Alerto há alguns anos para a politização da persecução penal. A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro - e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele. A receita estava pronta.

Quando Gilmar Mendes fala em politização da Justiça, ele tem "lugar de fala". Chega a ser irônico um STF que fez de tudo - fora da Constituição! - para soltar e tornar elegível o maior corrupto da história deste país, condenando alguém de politização judicial.

Com a senha dada, todos sairão da toca para tripudiar da Lava Jato. Foi o caso do poste de Lula, o ex-candidato Fernando Haddad: "A tal força tarefa afinal era um partido político. Que surpresa". Estão todos os alvos da Lava Jato animadinhos com a decisão, pois ela reforça uma narrativa falsa de perseguição política.

Dallagnol e Moro têm direito de seguir por esse caminho, ainda mais quando realmente fica claro como o sistema reagiu para puni-los e enterrar a Lava Jato, soltando e protegendo os corruptos. Mas é um passo arriscado, e certamente eles sabiam que isso daria munição aos inimigos do combate à impunidade. Agora, virou tudo jogo político mesmo. E nessa seara, os monstros do pântano possuem farta experiência...

Morre Marília Mendonça

Fomos todos pegos de surpresa nesta sexta com a notícia da queda do avião em que Marília Mendonça estava, a caminho de um show em Minas Gerais. Eu estava ao vivo no 3em1 e ficamos todos abalados. A única coisa que pude fazer depois foi gravar uma de suas músicas, “Vira Homem”, na bateria, um singela homenagem. O sertanejo não é exatamente meu estilo de música, e confesso que não acompanhava a carreira da cantora. Mas era alguém talentosa, muito jovem, querida por milhões de pessoas. Uma tristeza!

Nas redes sociais, porém, especialmente na Cracolândia que é o Twitter, a coisa logo descambou para a política, inclusive com comentários sem noção de jornalistas. Por favor, esqueçam só por um minuto a política. É hora de pensar no que nos une como seres humanos, na empatia pela dor alheia, na alegria compartilhada pelo talento de alguém, na perplexidade pelo sofrimento de uma perda tão precoce. Ainda somos capazes disso?

É preciso ter fé e esperança. Há de ter um propósito nisso tudo. Um bom fim de semana a todos, apesar de tudo.