Resumo da semana - 13/11/21
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Resumo da semana - 13/11/21

O ano era 2006. Geraldo Alckmin era o candidato tucano nas eleições presidenciais, desafiando o petista Lula. Apelidado de "picolé de chuchu" por sua falta de carisma, Alckmin tinha ao menos a imagem de gestor sério, discreto e responsável, o...

Constantino
11 min
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Fim do teatro das tesouras

O ano era 2006. Geraldo Alckmin era o candidato tucano nas eleições presidenciais, desafiando o petista Lula. Apelidado de "picolé de chuchu" por sua falta de carisma, Alckmin tinha ao menos a imagem de gestor sério, discreto e responsável, o que já era muito contra o radicalismo demagogo do adversário. A direita, órfã de candidatos, sabia que não tinha alternativa. Mas...

O tucano foi "acusado" de ser um "privatista" pela campanha petista, e acusou o golpe. Envergonhado, indignado com a pecha de defensor das privatizações, num partido incapaz de defender o legado positivo das privatizações da era FHC realizadas mais por necessidade de caixa do que por convicção ideológica, Alckmin virou um outdoor ambulante de logos das estatais, para negar qualquer intenção de vendê-las. Foi derrotado ali, e conseguiu um feito inacreditável: ter menos voto no segundo turno!

Tucanos são defensores da social-democracia, aceitam mais liberdade econômica, respeitam em parte o mercado, mas no resto todo são "progressistas". Gostam de um estado forte, indutor do crescimento, locomotiva da "justiça social". Só mesmo no Brasil antes do advento das redes sociais, quando a imprensa esquerdista detinha o quase monopólio da narrativa, que o PSDB poderia ser chamado de "neoliberal" ou partido de "direita".

FHC sempre nutriu admiração e respeito por Lula, e entregou a faixa presidencial claramente emocionado. O intelectual marxista ainda vivia no ex-presidente, e sua visão estética de mundo achava lindo o discurso do operário que ascendeu ao poder para ajudar os mais pobres. Esse tipo de coisa é irresistível para um coraçãozinho vermelho, que se encanta com narrativas, não com a realidade ou com resultados concretos.

O fenômeno Bolsonaro fez muita máscara cair e muito socialista envergonhado sair da toca. FHC não se aguenta uma semana sem declarar em alguma entrevista o voto antecipado em Lula. Todo tucano, quando desce do muro, o faz do lado esquerdo, e normalmente cai no colo de um petista. Há alguns quadros novos mais esclarecidos no PSDB, sem dúvida, e alguns surfaram a onda direitista para se eleger. Mas a essência é esquerdista, não tem jeito. Tucano, via de regra, é um petista com perfume francês.

É por isso que o debate sobre uma possível chapa com Lula e Alckmin não gera tanto espanto assim nos mais atentos. Toda a "terceira via" até agora anunciado, aliás, é formada por tucanos que nutrem simpatia - escancarada ou oculta - pelo PT. Todos eles, sem exceção, preferem a volta de Lula em vez da reeleição de Bolsonaro, o que já diz muito sobre seu esquerdismo. O colunista da Folha Celso Rocha de Barros, contumaz esquerdista, resumiu o que todos ali sentem quando disse: "É de uma solução com esse espírito que o país precisa para voltar ao caminho que queremos".

O caminho da Argentina? Ou seria o da Venezuela? Na narrativa dentro da bolha esquerdista, uma aliança entre PT e tucanos seria um grande ato democrático, de centro, em prol do Brasil, para impedir a ameaça "fascista" que Bolsonaro representaria. É um discurso patético, que na prática visa ao retorno dos tempos pré-Bolsonaro, ou seja, quando a esquerda podia brincar de pluralidade disputando o poder só entre ela.

Sou favorável a essa chapa Lula-Alckmin, pois ela serviria para enterrar de vez o teatro das tesouras. Alckmin nem precisa mudar muito. Basta ele recuperar as imagens daquela fatídica eleição em 2006. Algumas concessões ao mercado não fazem de tucanos defensores do liberalismo. E quanto ao estilo mais engomado de Sorbonne, vale lembrar que até o Lulinha Paz e Amor de Duda Mendonça já usava terno Armani.

O “erro” do PT

O ditador socialista Daniel Ortega venceu mais uma "eleição" na Nicarágua, após mandar prender todos os seus adversários. Ninguém, nem mesmo nossa velha imprensa, ousa fingir se tratar de um pleito normal. Todos sabem que não há resquícios de democracia por lá. Mas muitos jornalistas condenam a situação sem fazer qualquer elo com o PT de Lula, defensor de Ortega. Outros até "criticam", mas reduzem tudo a apenas mais um "erro".

É o caso de Miriam Leitão, do Globo. Compartilhando um texto do colega José Casado, agora na Veja, Leitão alega que o jornalista "explica mais um erro do PT nas suas relações com ditadores latino americanos". Um erro? Só isso, um erro? O PT dá todos os sinais de flertar com os piores regimes do planeta, endossa até hoje a ditadura venezuelana, idolatra o regime cubano, mas nossos jornalistas querem muito crer que se trata de um partido democrata e quiçá até moderado! Erro é se enganar num ponto qualquer; o elo do PT com regimes tirânicos socialistas tem é método!

Mas admitir a essência totalitária lulista seria demais da conta para essa turma, que prefere demonizar Bolsonaro. No fundo, 99% dos nossos jornalistas são de esquerda, e podem até preferir o estilo mais moderado dos tucanos - na forma - mas entre qualquer esquerdista, mesmo o mais radical de todos, e alguém de direita, eles sempre tomarão o partido da esquerda. Pode ser PT, PSOL ou até PCdoB, não importa! Para eles, Bolsonaro é muito pior do que Daniel Ortega!

Moro tucano

O ex-juiz Sergio Moro fez seu discurso de filiação ao Podemos. Aquele que disse que o Brasil "não precisa de líderes que tenham voz bonita" fez um claro treinamento com fonoaudiólogo para melhorar a impostura de sua voz, que lhe rendeu o apelido de "marreco" por alguns maldosos.

O que mais chama a atenção, logo de cara, é a forma, ainda mais do que o conteúdo. Moro virou político em todos os aspectos - ou será que sempre foi e disfarçava?

Moro se entregou ao marketing. E isso, ouso dizer, pode representar suicídio político nos tempos atuais. O povo quer alguém genuíno. Vide o caso do governador João Doria, o mais moldado pelo marketing. Tudo que Agripino faz é calculado com base no impacto marqueteiro para certo público. E o resultado é um índice pífio de aprovação, contra uma enorme taxa de rejeição.

Moro tenta ser o candidato da mídia: "Chega de intimidar e agredir jornalistas", disse o ex-juiz, ignorando que a liberdade de imprensa não está ameaçada no país hoje, mas que militantes disfarçados de jornalistas viraram o maior partido de oposição no Brasil de Bolsonaro. Trata-se de uma estratégia para ser o queridinho da velha imprensa, na esperança de que isso seja suficiente para compensar a falta de engajamento popular.

Moro atacou o "capitalismo cego, sem compaixão". Colocou a "justiça social" como uma das principais metas. Sim, é tucano. Fala como tucano, pensa como tucano, age como tucano. "Nós podemos erradicar a pobreza, e não é preciso furar o teto de gastos", prometeu Moro, sem explicar o mais relevante: como fazer! É típico da demagogia fazer promessas irreais sem entrar em "detalhes chatos" de como executa-las...

Na luta para ocupar a "terceira via" que se coloca equidistante entre os dois "extremos", veio a banalização do mensalão: Moro compara o projeto totalitário petista com rachadinhas ou até emendas "secretas". Petistas vibram com o discurso, claro, que compara tiros de bazuca com pedradas. O relativismo é o melhor amigo dos verdadeiros criminosos...

A visão política de Sergio Moro vai ficando mais clara, e para quem estudou história, conhece a mentalidade alemã desde Bismark, a crença de Woodrow Wilson e a Grande Sociedade de Lindon Johnson, saberá identificar a coisa: uma tecnocracia com amplo poder, sem rosto e sem voto, formada por "especialistas abnegados" que poderão guiar o povo. É a mentalidade por trás do "deep state", do gigantesco estado administrativo que se vê blindado contra anseios populares, ditando regras de cima para baixo.

Não por acaso Moro "marinou". O ambientalismo é o novo refúgio da esquerda globalista, que ambiciona controlar tudo de cima para baixo. O "crescimento sustentável" virou um slogan vazio que, na prática, significa delegar imenso poder aos tecnocratas distantes. Vide a agenda da ONU 2030, a histeria com o "aquecimento global" justificando intervenções cada vez mais bizarras nas economias e democracias locais.

Em suma, Moro toca em pontos importantes, sem dúvida, acerta em muitas pautas, mas adota discurso genérico, abrangente e um tanto demagógico, que parte da premissa de um estado quase onipotente capaz de resolver todos os males que assolam a humanidade.

Guinada constitucionalista

Eis como Monica Bergamo, da Folha de SP, deu a notícia: "O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vai dar a maior canetada da história recente do Judiciário brasileiro. No próximo ano, ele nomeará 75 desembargadores nos seis tribunais regionais federais do país".

A jornalista fala em "temor de aparelhamento" e destaca a "canetada" do presidente, para logo em seguida, dentro da sua "reportagem", lembrar que foi uma decisão da Câmara - a Casa do Povo Brasileiro - e que o presidente está restrito a uma lista apresentada pelo próprio Judiciário: "A avalanche bolsonarista nas cortes será possível graças ao aumento de quase 50% das vagas em cinco tribunais aprovado pela Câmara no dia 8 de novembro (serão 57 novos cargos). E também à criação de uma nova corte, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região, em Minas Gerais, aprovada anteriormente, em outubro. O TRF-6 terá 18 novos juízes".

Aqueles que não se importam nada com o aparelhamento petista em toda a máquina pública, inclusive no STF, estão agora preocupadíssimos com a indicação de desembargadores pelo presidente, dentro das listas disponíveis. Em vez de fazer barulho por nada, seria adequado que esses jornalistas lessem a Constituição de tempos em tempos:

Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira; II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente.

Eis aqui a Lei 14.226 (que cria o TRF da 6a região) também: Art. 5° § 4º Competirá ao Superior Tribunal de Justiça a elaboração das listas tríplices correspondentes às vagas reservadas a advogado militante e a membro do Ministério Público Federal. § 5º O Superior Tribunal de Justiça elaborará lista tríplice para preenchimento, por merecimento, das vagas destinadas à magistratura de carreira, considerados elegíveis todos os juízes federais vinculados à Justiça Federal da 1ª Região.

Mas fica muito mais interessante falar em canetada de Bolsonaro e aparelhamento, não é mesmo? Ao menos se o objetivo for lacrar para a bolha "progressista". A amiga de Dirceu não fez escândalo quando um advogado do PT, que "bombou" duas vezes na tentativa de ser juiz, foi indicado para o STF, "sabatinado" por um Congresso sob mensalão, e depois sequer se considerou impedido de julgar os velhos companheiros! Mas Bolsonaro vai "aparelhar" o Poder Judiciário...

O que a turma de esquerda teme mesmo é que, dentro das possibilidades limitadas pelo próprio Judiciário, Bolsonaro escolha desembargadores melhores, ou seja, mais constitucionalistas, do tipo que quer respeitar as leis e a Constituição do país, em vez de criar leis e proteger companheiros e bandidos.

Wagner Antonieta

O líder comunista do Vietnã foi ao restaurante do fanfarrão que joga sal na carne de maneira afetada, e pediu um filé coberto de ouro. Cada um pode ser brega como quiser, mas quando se prega o comunismo, dar-se esse luxo estranho pega muito mal. E de fato houve enorme indignação. O comuna apagou o vídeo. Mas se Deus perdoa e o eleitor esquece, a internet é mais implacável e registra tudo. A hipocrisia da dolce vita da esquerda caviar ficará para sempre exposta lá.

Já no Brasil, Wagner Moura tentou promover seu filme humanizando o terrorista Marighella e seus colegas do MST. Foi num assentamento do braço criminoso do PT no campo, e se deixou fotografar comendo uma marmita. Homem do povo, o ator e diretor! Na marmita, o que vemos é… camarão! Eis a versão atual de Maria Antonieta: se não tem carne, que comam camarão! A esquerda é mesmo uma piada de mau gosto. Tudo nela é falso como uma nota de três reais…