Resumo da semana - 27/11/21
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Resumo da semana - 27/11/21

Após a reeleição do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, em um pleito de fachada, o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou a permanência no poder do latino-americano com a da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merk...

Constantino
13 min
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Lula “democrata”

Após a reeleição do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, em um pleito de fachada, o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou a permanência no poder do latino-americano com a da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que completou 16 anos à frente do país europeu.

"Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Por que o Felipe González [primeiro-ministro da Espanha entre 1982 e 1996] pode ficar 14 anos no poder? Qual é a lógica?", questionou o petista em entrevista ao jornal espanhol El País.

Lula respondia à pergunta feita pelas jornalistas sobre a situação na Nicarágua. No início do mês, Ortega, 75, ganhou a eleição em que disputou o quarto mandato consecutivo. Ao lado da mulher, Rosario Murillo, sua vice, ele concorreu com cinco outros candidatos —todos parte do teatro, já que são aliados do governo.

Vamos ajudar Lula a compreender, então, o óbvio ululante. Merkel, para começo de conversa, foi chanceler da Alemanha. A Alemanha é uma democracia constitucional federal, cujo sistema político foi criado com a constituição de 1949, chamada Grundgesetz (Lei Básica). Tem um sistema parlamentar em que o chefe de governo, o Bundeskanzler (Chanceler), é eleito pelo parlamento.

Ou seja, em regimes parlamentares, o chanceler ou o primeiro-ministro podem ficar mais tempo no comando sem que isso represente uma enorme concentração de poder em sua pessoa, pois a qualquer momento o Parlamento pode retira-lo. Não é a mesma situação em um Presidencialismo como o nosso ou o americano. Lula poderia ter citado Roosevelt, e teria um ponto menos absurdo.

Mas aí vem o mais ridículo de tudo, que os próprios entrevistadores apontaram para o ex-presidiário brasileiro: essas pessoas mencionadas por Lula não se mantiveram no poder por meio de ameaças, intimidação, prisões arbitrárias, censura à imprensa etc. Ou seja, jogaram dentro das regras do jogo democrático, ao contrário dos companheiros socialistas de Lula do Foro de SP.

Democracia não é apenas votar de quatro em quatro anos. Pressupõe liberdade de imprensa, Poder Judiciário independente, pluralismo partidário, eleições transparentes e por aí vai. Todos sabem que nada parecido existe na Venezuela, em Cuba ou na Nicarágua, países sob ditaduras socialistas aplaudidas por Lula e seu PT.

O simulacro de democracia por meio de "eleições" sujas e controladas é apenas a homenagem que o vício presta à virtude: esses tiranos sabem que o mundo prefere democracia, então oferecem um teatro (vagabundo) para fingir que engana trouxas. E Lula faz o papel de bobo da corte, pois quer instaurar o mesmo autoritarismo no Brasil.

O PT não perde uma oportunidade para defender ditaduras. A ex-presidente Dilma Rousseff também teceu elogios ao regime comunista chinês. Segundo ela, o modelo chinês é "admirável" e "representa luz contra a decadência ocidental". A China nem finge ser democrática, e mesmo assim os petistas enaltecem o regime que prende dissidentes e mantém campos de reeducação em pleno século 21.

Quem ainda finge que o PT é democrático e que Lula não tem claras ambições ditatoriais é cúmplice de um golpe escancarado, e que nem o ex-presidiário tenta disfarçar muito. Se você acha que a Alemanha tem democracia e mesmo assim Merkel ficou tanto tempo como chanceler, então quem é você para criticar Maduro ou Ortega? Eis a "lógica" do bajulador de tiranias Luís Inácio Lula da Silva, esse que militantes disfarçados de jornalistas chamam de "moderado".

Moro demagogo

O juiz Sergio Moro parecia alguém muito sério, discreto e firme na defesa das leis. O ministro Sergio Moro já se mostrou mais apagado, incapaz de condenar abusos policiais a mando de governadores e prefeitos, para defender a liberdade individual, ou de criticar abusos supremos, para defender a Constituição. Abandonou o barco no meio de uma tempestade, saiu atirando, e imediatamente se jogou no abrigo do inimigo.

Já o político Sergio Moro parece apenas um demagogo, com várias promessas vagas e discursos politicamente corretos. Ele quer montar uma Força-Tarefa para acabar com a miséria. Ele quer diálogo com o Congresso para persuadir os deputados e senadores sem a necessidade de emendas parlamentares, que ele coloca inadvertidamente no mesmo saco podre do mensalão, banalizando um projeto totalitário e corrupto de poder da quadrilha petista.

O Moro político faz piadinha forçada com o humorista Danilo Gentili para parecer descolado, e se aproxima dos moleques oportunistas do MBL. O Moro político repete que tudo é muito simples, vendendo sonhos utópicos para adolescentes rebeldes (sem causa). Moro, sobre como acabar com a pobreza, solta esta pérola na entrevista para William Waack: “Às vezes é um problema simples…uma falta de emprego, educação”. Simples, muito simples.

Talvez a pior coisa em política seja a banalização de problemas complexos e a crença perigosa de que o estado é o grande salvador da Pátria. Moro parece beber justamente dessa mentalidade. Basta "vontade política" e alguém "bom" no comando para tudo se resolver, para o Brasil virar uma Suíça em uma gestão "esclarecida".

Moro se aproxima do liberalismo, mas não sabe se quer privatizar a Petrobras. Moro quer meritocracia no serviço público e apoia a reforma administrativa, mas se enrola ao responder sobre os privilégios do Poder Judiciário, do qual fez parte quase a vida toda. Moro diz sobre o governo Bolsonaro: “Respeitosamente, o problema do governo é a ausência de projeto. Que espécie de país quer o Planalto? Ninguém sabe”. Qual o real projeto de Moro para o país? Ninguém sabe.

Como Moro pretende executar seus planos mirabolantes? O que ele entende na prática por economia verde e digital? Qual seus planos para a Amazônia? Como Moro vai negociar com um Congresso fragmentado e fisiológico no modelo de presidencialismo de coalizão?

Sobre a maior ameaça que temos à democracia hoje, Moro tem apenas "críticas" suaves. Moro diz que respeita o STF, mas que é “forçoso” reconhecer que decisões dos últimos anos enfraqueceram o combate à corrupção. O Supremo anulou as condenações dele ao ex-presidente Lula, que está solto e elegível numa manobra bizarra. O STF persegue com um "inquérito do fim do mundo" adversários políticos, chancelado pelo plenário da casa, mas para Moro o presidente Fux é um ministro "admirável".

Diz que é preocupante quando um presidenciável "flerta" com o apoio a ditadores, como os de Cuba e Nicarágua, ignorando que Lula e o PT possuem um elo umbilical com tiranias socialistas, que o ex-presidiário fundou o Foro de SP com o ditador Fidel Castro, quem ele sempre tratou como um ídolo. Comparem a postura "crítica" de Moro com esse trecho do editorial da Gazeta do Povo:

“É este Lula, fiel escudeiro de regimes carniceiros latino-americanos, que se apresentará ao eleitor brasileiro em 2022 posando de representante da “democracia”, contando com a ajuda de formadores de opinião mais comprometidos com a ideologia que com a verdade dos fatos. Lula não é um democrata, o PT não é democrata – e sua paixão por regimes autoritários é tanta que nem o pragmatismo eleitoral, que aconselharia moderação, consegue frear a ânsia petista de vir a público defender seus ditadores de estimação. Que ninguém se iluda: Lula não quer ser Merkel, Thatcher ou González; sua inspiração está em outro lugar.

Moro não consegue sequer repetir palavras objetivas e claras como estas sobre o bandido que quase destruiu nossa democracia, e pretende voltar para finalizar o serviço. Ele prefere se alinhar aos tucanos do MBL, que por sua vez passam o dia demonizando o governo Bolsonaro e tentando constranger o ministro Paulo Guedes. Este, porém, prefere não entrar na politicagem praticada pelos companheiros de Moro, como se viu em sua resposta ao deputado Kim Kataguiri na Câmara sobre offshores, que humilhou o moleque do MBL.

Em suma, o juiz Sergio Moro era alguém que merecia muita admiração. O político Sergio Moro é apenas mais um, pelo visto, que coloca seu projeto pessoal acima de tudo.

Alexandre imperador

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu que a liberdade de expressão, como qualquer direito, deve ser exercida com responsabilidade, e que pessoas que usam as redes sociais para dizerem o que querem "têm que ter coragem" de ser responsabilizadas. As declarações do ministro ocorreram durante evento realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Eu defendo a absoluta liberdade de expressão, sou absolutamente contra censura prévia, mas quem diz o que quer, tem que ter coragem de ser responsabilizado", disse o ex-tucano. O relator do "inquérito do fim do mundo" acrescentou: "Discurso de ódio não é liberdade de expressão, atentado contra a democracia não é liberdade de expressão".

Segundo o jornalista Augusto Nunes, da Jovem Pan, isso é "papo de ditador". Afinal, já há previsão legal para punições de quem eventualmente se exceder e cometer crime contra a honra de alguém. Calúnia, difamação e injúria são crimes previstos no Código Penal, e há o devido processo legal para quem se sentir lesado, atingido, vítima. A punição costuma ser apenas pecuniária, ou seja, pagamento de multa.

O que Alexandre quer, na prática, é justificar o arbítrio supremo, algo bem diferente. Ele quer justificar prisões arbitrárias no estado policialesco criado pelo STF, onde pessoas - até mesmo deputados com imunidade parlamentar! - podem ser presas por "crime de opinião", por "fake news" ou "discurso de ódio", invenções que não constam em nossa legislação.

O ministro afirmou ainda que “uma nova extrema-direita” está invadindo o poder para corroer as instituições democráticas. Na opinião dele, ideólogos norte-americanos criaram “a ideia de se corroer [o poder] a partir de eleições, a partir da assunção do poder pelas vias democráticas, mas se corroer de tal forma que pudesse simplesmente afastar qualquer tipo de oposição, qualquer tipo de ideia contrária”.

“A liberdade de expressão existe para garantir a diversidade, para garantir a democracia”, afirmou. Apesar do tema do evento (liberdade de expressão) e da própria fala de Moraes sobre a importância da diversidade de visões, o CNJ convocou políticos de um só lado do espectro ideológico para o painel virtual: o ex-deputado federal Jean Wyllys (PT-RJ) e o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). Também estavam presentes a cantora Daniela Mercury, defensora de pautas LGBTs e antibolsonarista histérica, e o historiador argentino Federico Finchelstein, que costuma ser consultado como especialista em artigos jornalísticos que relacionam o presidente Jair Bolsonaro ao fascismo.

Tudo isso é simplesmente muito bizarro. Alguns apontam o senso de humor do ministro, mas a coisa é séria demais para ficar no campo da piada (de mau gosto). Esse sujeito, afinal, será o presidente do TSE no ano que vem, de eleição. Já deu todos os sinais de que fará de tudo para perseguir a direita bolsonarista. Já garantiu a advogados ligados ao PT, em outra live, que o que aconteceu em 2018 não vai se repetir. Eles criam as narrativas e depois avançam com o arbítrio para calar os adversários. Sim, parece papo de ditador mesmo.

E essa gente conta com a cumplicidade de parte da velha imprensa, que declarou guerra a Bolsonaro. É o mesmo fenômeno que aconteceu nos Estados Unidos com Trump. A mídia perdeu qualquer objetividade, senso de proporção, apreço pela verdade dos fatos. Para derrubar o "populista perigoso" valia tudo. É por isso que nossa imprensa se transformou numa máquina de desinformação também, mirando em Bolsonaro em particular e na direita em geral. 

Variante africana

O temor do impacto de uma nova variante da Covid-19 em circulação na África tem espalhado pânico no mercado financeiro ao redor do mundo. As principais bolsas globais registram esta sexta números bem negativos, principalmente companhias das áreas de turismo, bancos e commodities.

Isso vem na esteira de alertas da OMS sobre a quarta onda de Covid e surtos de casos na Europa, mesmo em países quase totalmente imunizados como Portugal. Entidades de saúde recomendam doses extras de vacina, e alguns governos já adotam nova rodada de lockdown.

O premiê de Israel, Naftali Bennett, encontrou-se com especialistas em saúde nesta sexta para discutir a melhor maneira de reagir à nova variante do coronavírus detectada na África do Sul, que ele diz ser mais contagiosa que a mutação delta. Israel era exemplo para o mundo por sair na frente na vacinação.

"Estamos, neste momento, à beira de um estado de emergência", afirmou o primeiro-ministro, de acordo com um comunicado divulgado por seu gabinete. "Nosso princípio é agir rapidamente, com força e agora."

De acordo com Bennett, há poucos casos da nova variante registrados em Israel. O site local Ynet reportou que, segundo o Ministério da Saúde do país, um desses indivíduos que recebeu o diagnóstico havia tomado a terceira dose do imunizante da Pfizer/BioNTech há dois meses. Um porta-voz da pasta disse não poder confirmar a informação.

O que tudo isso nos diz? Em primeiro lugar, aqueles que politizaram a pandemia, separando as pessoas entre "gente da ciência" e "negacionistas", encontram-se num labirinto de narrativas. Rechaçaram tratamentos possíveis como embuste ou mesmo crime, enquanto venderam as vacinas como panaceia. Vê-se agora que elas não dão conta de novas variantes, enquanto alguns especialistas alertaram que essa estratégia poderia criar as novas variantes.

Garantiram que bastava se vacinar para voltarmos ao normal, e agora já falam com naturalidade em mais lockdown e uso de máscaras. O problema dos 15 dias para "achatar a curva" é aguentar os primeiros 600 dias; depois fica mais fácil, aparentemente. Ou não! Parcelas cada vez maiores da população reagem contra medidas autoritárias e draconianas, justamente pela fadiga e incapacidade dessas autoridades de entregar os resultados prometidos.

O que as novas ondas deveriam fazer, ao menos, é forçar uma reflexão nos que se portaram com arrogância até aqui, tentando monopolizar a fala em nome da ciência e rotulando quem discordava de "negacionista". Estamos no meio de uma pandemia e praticamente tudo é experimental, e isso exige doses cavalares de humildade para não interditar o debate e a própria ciência, feita a partir de dúvidas e questionamentos, não de dogmas e rótulos depreciativos.

Outro ponto importante é que o mundo terá de aprender a conviver com o Covid e com certo número de mortes anuais. Isso pode parecer frio ou insensível, mas é apenas realista. Esperar zero de mortes causadas pelo vírus é não só utópico, como indesejável do ponto de vista de política pública. Todo ano, afinal, morrem milhares de gripe, mesmo com vacinas - que precisam evoluir a cada ano. Dezenas de milhares morrem em acidentes de trânsito, e nem por isso debatemos impedir carros nas ruas.

A vida precisa continuar, eis o ponto. Na era das redes sociais, com pânico disseminado pela mídia abutre, muita gente se mostra incapaz de lidar com os riscos inerentes da vida. Devemos buscar mitigar os riscos, claro, enfrentar o vírus, mas sempre pesando prós e contras das medidas, levando em conta a dimensão toda, a economia, outras doenças, as liberdades básicas etc.

O que assusta é que uma ala do Ocidente parece ter gostado dos efeitos dessa pandemia, do poder concentrado em "especialistas" para ditar cada passo de nossas vidas, do controle social fruto do medo gerado pela imprensa. Se a cada nova onda sazonal ou nova variante detectada o mundo todo for parar novamente, então estaremos condenados a viver na miséria e escravidão.