Cristo, a água viva que pode jorrar até mesmo dentro de um prostíbulo
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Cristo, a água viva que pode jorrar até mesmo dentro de um prostíbulo

Uiliam da Silva Grizafis
4 min
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A prisão estava um caos, uma briga generalizada tomou conta do recinto e Vitor foi o principal responsável pela confusão. Camila chegou por volta das sete horas da noite, implorou ao delegado para vê-lo, ele, muito resistente a permitiu entrar depois de longas tratativas. – O lugar onde ele se encontra está perigoso, - dissera-lhe o delegado. Camila não se importou, queria vê-lo, conversar e tentar convencê-lo de que o arrependimento é a melhor solução naquele momento caótico. Após entrar no lugar onde se encontrava os presos, espantou-se com a sujeira e a ruína, sentiu uma atmosfera perturbadora, mesmo assim foi ao encontro do jovem. Ao vê-lo, indignou-se com o estado deplorável que se encontrava o rapaz, ele, numa cela separada dos outros presos teve mais liberdade para conversar com a jovem, estava em um lugar separado devido às agressões trocadas com outros presos.

- Entristeço-me em vê-lo neste estado. – Disse-lhe Camila que, como sempre encontrava-se elegante e bonita.

A jovem tentou de várias formas falar sobre Deus, levou consigo um crucifixo, contou-lhe que passou algumas horas conversando com Gerard no seu local de trabalho e sobre os assuntos abordado pelos dois.

- Você não se arrepende de nada do que fez? – Perguntou-lhe Camila.

- Não me arrependo de nada, não acredito em nada, não penso que esse crucifixo me salvará de algo. Não me importo com nada, o que vivemos juntos, mesmo que por pouco tempo, só significou para mim momentos de prazer.

- Sua mãe está extremamente preocupada com você.

- Há anos não vejo minha mãe. Lembro-me de quando ela pregava para mim algum tipo de esperança, mas na sociedade contemporânea que vivemos, não há esperança para nós. Não há pecado, não há redenção, os seus lábios valem muito mais do que toda esperança anunciada pela minha mãe, nisso há prazer, mas essas coisas que você está falando me causam asco. As promessas feitas nos púlpitos são mentiras para mim, no fim das contas, todos estão enganados.

- Você não tem esperança de ser feliz?

- Já sou feliz, Camila, inclusive aqui onde estou, aliás, o que seria a felicidade para você ou em que consiste?

- Eu largaria tudo para casar-me com você, poderíamos casarmo-nos, ter filhos, formar uma família, largo tudo o que vivo para estar com você. Você gostaria de vivenciar isso?

- Talvez. Até poderia casar-me com você, mas, que diferença isso faz? Em que mudaria?

- Mudaria o fato de encontrarmos uma esperança para a vida.

- Talvez encontraríamos uma esperança, mas tanto faz, como disse, isso para mim não faz nenhuma diferença. Você acredita em Deus?

- Acredito.

- Crê que ele está aqui nesta prisão?

- Acredito que sim, Ele pode nos dar água viva.

A conversa se desenrolou por longos minutos, Camila entrou como uma luz radiante no meio da escuridão, nela se via perdão, esperança e redenção, no entanto, nada fazia diferença para aquele jovem que não acreditava em nada. Para ele, tudo era permitido, não queria viver à base de regras morais ou virtuosas e muitos menos religiosas, toda discussão entre o pastor e o padre não lhe fazia sentido.

- Eu te perdoo por não acreditar em perdão, te mostro como se pode ter esperança mesmo sem você enxergá-la, lhe reparto o pão mesmo com sua indiferença. – Após Camila dizer estas palavras apareceu o guarda anunciando que o tempo havia terminado. Vitor não se despediu, deu às costas e sentou-se. Camila foi para a casa, mesmo sem perceber, havia se apaixonado por Vitor, dormiu pensando nele, em contrapartida, Vitor, estava indiferente com tudo que estava acontecendo.