“Acreditando que assim como o alho na cozinha, o governo deve ser utilizado de forma que apenas sua ausência seja notada, a desconfiança do cético é imediatamente despertada pela atividade intrusiva”. (Michael Oakeshott)
Michael Oakechott, em seu livro “A política da fé e a política do ceticismo” explica que “na política da fé, a atividade de governar está a serviço da perfeição da humanidade”. Nesse modo de governar, portanto, há um otimismo cósmico que atribui uma perfeição ao universo. Isso faz com que a perfeição humana seja buscada e acredita-se que não podemos depender da providência divina para a salvação da humanidade. Designa-se, portanto, esse estilo de política como “pelagiano”.
Na política de fé a atividade de governar se encontra a serviço da “perfeição humana”, a função do governo consiste em dirigir a vida dos seus governados, eles devem juntar-se ao padrão imposto. Para Oakeshott, “essa atividade somente se sustenta mediante um controle minucioso e zeloso das atividades humanas, a primeira necessidade do governo na política da fé é um poder que satisfaça essa tarefa.
O conservador jamais deve adotar uma política de fé. Para Oakeshott, há uma política que é opositora a esse modo de governar, que é a política do ceticismo. Segundo o filósofo, a política do ceticismo, em termos gerais, é um “estilo e hábito de governar apropriados para circunstâncias em que o governo dispõe apenas de poucas oportunidades para dirigir as atividades de seus governados”.
No ceticismo político, há uma consciência de que não sabemos tudo, e que precisamos ter cautela para governar, entendendo os tempos presentes, as circunstâncias que nos rodeiam, sem o discurso messiânico de que salvará a vida dos governados com suas ideias abstratas. O conservador acredita que o governo deve existir, mas deve ser cético, acreditando que o governo deve ser utilizado de forma que apenas sua ausência seja notada, assim como o “alho na cozinha”.