UMA GRANDE AVENTURA
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UMA GRANDE AVENTURA

Uiliam da Silva Grizafis
4 min
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Minha intenção não é divertir o leitor, mas, a história me cobra. Gerard corre à procura de seu grande confidente que era Dom Chico. Camila continua trabalhando, os políticos continuavam a fazer campanha e o pastor e o padre discutiam teologia. A cidade ardia por causa dos calorosos debates nos bares e praças e, ao passar pelo auditório da cidade, encontra o seu avô Bastião, em cima de um palanque fazendo comício junto com outros políticos:

- Fujamos de toda paixão utópica, - gritava no microfone o candidato – boa ordem é o que precisamos ter, pois, é o fundamento de todas as coisas que existem e que são para o bem. Temos que manter as instituições que sobreviveram aos testes do tempo, Burke escreveu sobre o contrato, aquele entre os vivos, os mortos e os que estão por nascer. Devemos preservar aquilo que os nossos antepassados nos legaram, o que é bom, como herança, e cuidar para que, aqueles que um dia virão, possam desfrutar. Não destruamos as instituições!

Gerard, depois de uma breve parada para entender o que estava acontecendo começa a correr em busca do seu velho amigo e o encontra na beira do rio chamado Laranjeiras, sabia, pois, que poderia estar ali, porque era seu lugar preferido para ler Santo Agostinho.

- Preciso ir vê-la! Leva-me!

Sem muita enrolação, para não cansar ao leitor, os dois sobem na carroça do cavalo, ali havia todo o necessário para a viagem: cervejas, café, comida e alguns leites que havia sobrado das entregas. Nova Veneza ficava umas quatro horas à cavalo e o velho tinha certeza que seu animal aguentaria a viagem. Era aproximadamente cinco horas da tarde e os dois tinham um pouco de medo dos salteadores que poderiam encontrar pelo caminho. A viagem começou. O coração do nosso herói disparava, a espanhola daria um concerto às nove horas da noite e, de acordo com os cálculos dos dois, chegariam justo na hora. Como Gerard ia conseguir dizer alguma coisa à mulher que moveu seu coração, ele não sabia, somente tinha a certeza de que era “agora ou nunca”. A viagem à princípio estava tranquila, Gerard abre uma cerveja e quebra o silêncio. Contou-lhe sobre o que havia acontecido com Vitor, dos poemas proferido no bar e da conversa que havia tido com Camila. Após uma rápida conversa os dois silenciaram, só se ouvia o som das patas do cavalo batendo no chão e levantando poeira. Já era noite, não havia lua nem estrelas e no caminho se encontrava de tudo: bordeis, bares, vilarejos, longas plantações de milho, batata, mandioca, laranjeiras e rios. Gerard caiu num sono profundo, apesar da ansiedade o atormentar conseguiu descansar, o dia havia sido difícil, quando de brusco, foram surpreendidos por quatro homens armados que haviam cercado a estrada. Aos gritos, mandaram os dois descerem da carroça. Os dois rendidos levaram socos e pontapés, após espancarem, levaram tudo o que tinham, inclusive o cavalo de Dom Chico. De repente, lá estavam os dois, sem nada, sem comida, bebida, documentos, espancados e humilhados. Dom Chico mal conseguia levantar-se, com a ajuda de seu amigo conseguiu colocar-se de pé. Lá estavam os dois, na escuridão, ao som dos grilos, Gerard carregando seu velho amigo, a missão estava frustrada, agora era encontrar um vilarejo para fazer uma denúncia e cuidarem de suas feridas. Gerard não aguentou mais com o peso de seu amigo e os dois caíram, surrados, na estrada empoeirada.

Frustração é o que podemos chamar para o sentimento que percorria a alma do nosso herói, havia dado por perdida a missão de encontrar a mulher que mexera com seu coração. Enquanto lágrimas caíam dos seus olhos pôde ouvir um som, era barulho de uma carroça que se acercava, com muito esforço levantou-se a acenou, tratava-se de uma família que viajavam para seu vilarejo. Detiveram o cavalo, Gerard contou-lhes o que havia sucedido e prontamente colocaram os dois na carroça e os encaminharam para sua casa e assim passaram a cuidar de suas feridas. Enquanto tudo isso aconteceu Camila foi visitar Vitor na prisão.