A linha d'água - um método para delegar
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A linha d'água - um método para delegar

Delegar ou centralizar?Eis um dilema constante na vida de todo líder.A resposta é: ambos.

Tiago Vailati
3 min
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Delegar ou centralizar?Eis um dilema constante na vida de todo líder.A resposta é: ambos.

Existem dois tipos de decisões. As que permitem reversão e as que são definitivas.

Jeff Bezos, fundador da Amazon, faz analogia da tomada de decisões com dois tipos de portas. Existem as que abrem de um lado só, uma vez que você entrou não tem mais como voltar atrás, e as que abrem dos dois lados, que permitem que você entre e saia.

É um pensamento bastante simples, mas perfeitamente alinhado com as decisões que nos envolvemos diariamente. Existem decisões que permitem que voltemos atrás, reajustando o rumo a ser seguido. Porém, existem aquelas que, uma vez tomadas, são irreversíveis.

O que traz insegurança para o líder é deixar a tomada de decisão nas mãos de outras pessoas, mesmo daquelas que ocupam posições de liderança no time. Mas, saiba que decisões devem ser tomadas logo. Principalmente as mais difíceis, pois quanto mais o tempo passa, mais difíceis se tornam.

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Tem algo do qual não se pode escapar. Com a evolução da empresa e com o crescimento dos times é natural que não se consiga estar presente em todas as tomadas de decisão. Mais do que aprender a delegar, é preciso aprender a conviver bem com as decisões tomadas por outras pessoas. Tanto as que trazem reflexos positivos como as que não trazem.

Existe um método que funciona muito bem para mim no que se refere à delegação de responsabilidades e tomada de decisão: o método da linha d’água.

Na prática, você define os assuntos sobre os quais a tomada de decisão estará 100% nas mãos de terceiros e, da mesma, forma, aqueles assuntos que exigirão a sua validação antes de qualquer decisão ser tomada.

Pense num barco sobre a água.

Se você furar o barco acima da linha d’água, nada de pior vai acontecer. Já se o furo estiver abaixo da linha d’água, prepare-se para consertá-lo antes que seja tarde demais.

Decisões que envolvam assuntos que estejam acima da linha d’água são aquelas que permitem reversão, ou seja, se causarem algum defeito no barco (“o seu negócio”), esse defeito estará acima da linha d’água e não pode provocar o afundamento.

Do mesmo modo, decisões tomadas sobre os assuntos abaixo da linha d’água podem causar efeitos colaterais danosos para o negócio e devem ser tomadas com maior cautela, considerando o seu envolvimento ou de um grupo de gestores sênior.

Normalmente, decisões abaixo da linha d’água são mais estratégicas, relacionadas aos rumos do negócio, para onde vamos e no que devemos direcionar energia. Já as decisões acima da linha d’água são mais táticas e operacionais, que envolvem a maneira como as coisas são planejadas e feitas.

As empresas se tornam pesadas, lentas e perdem oportunidades por causa da centralização de decisões. O cotidiano nos negócios é muito dinâmico.

Estabelecendo a linha d’água com o seu time você dá autonomia às pessoas para tomarem decisões. O objetivo é que as decisões sejam tomadas com mais agilidade e, aquelas que requerem mais cautela, sejam deliberadas com o envolvimento de pessoas mais experientes.

Não precisamos esperar até ter 90% das respostas para tomar uma decisão. A partir de um certo nível de convicção sobre o que se está definindo e tendo levado em consideração o risco que se está assumindo, a decisão deve ser tomada.

Uma vez que ficou claro que se tomou uma decisão incorreta, corrija depressa. E o ato de corrigir, certamente envolverá novas tomadas de decisão. Logo, fica clara a importância de ser ágil quando o assunto é decidir o que fazer.