"Eu te amo porque você me acolheu"
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"Eu te amo porque você me acolheu"

Maio é aquele mês que, de tão intenso, poderia abrigar nos seus 31 dias uns 4 ou 5 meses. Dia das Mães, Dia (que virou Semana, que virou Mês) da Adoção e o turbilhão que vem junto.

Jussara Marra
2 min
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Maio é aquele mês que, de tão intenso, poderia abrigar nos seus 31 dias uns 4 ou 5 meses. Dia das Mães, Dia (que virou Semana, que virou Mês) da Adoção e o turbilhão que vem junto.

E é justamente aproveitando a deixa do meu cartão de dia das mães da escola, que gerou inúmeras reações quando postei no Instagram, que venho aqui falar de adoção.

As crianças estavam livres para criarem os cartões, que seriam entregues após uma brincadeira bem divertida na quadra da escola. Eis que pego o meu e dou de cara com um "Mamãe, eu te amo porque você me acolheu".

Precisei de alguns dias para processar e digerir o que vinha nessa mensagem. Foram muitos e muitos momentos de reflexão sobre a mensagem que eu passo para o meu filho.

O cartão é lindo. Eu me emocionei. E mãe babona que sou, nem precisaria de tanto para me arrancar lágrimas.

Mas ele vai além. Ele fala de acolhimento. Ele deixa bem claro que a mensagem da adoção foi passada. Deixa escancarado que meu filho interioriza o fato de não ter nascido da minha barriga, mas da nossa família ter se formado a partir do encontro.

Só que ao lado da beleza, teve algo que me deixou fora do lugar de conforto. Algo que eu nunca quero que meu filho sinta por mim é gratidão. Não que seja um sentimento ruim. Pelo contrário. Ele só não é cabível quando falamos de maternidade. 

Você é grato por sua mãe ter engravidado e te dado à luz? É sobre isso. Esse é o sentimento que eu não quero que meu filho tenha.

Tem um ritual que é só nosso e que eu repito desde sempre - hoje com ele completando (um pouco impaciente, diga-se de passagem) a minha fala - que é eu dizer que ele é o meu maior presente do Papai do Céu e que eu sou a pessoa mais feliz do mundo por ele ter me escolhido e me permitido ser sua mãe.

E foi justamente o que eu fiz para agradecer o cartão e explicar que tê-lo como filho era o MEU maior presente. Que ele é o meu maior amor, minha maior alegria.

Adoção é via de mão dupla, mas eu ouso dizer que por aqui eu ganho muito mais do que entrego. Que sorte a minha!