"Mas e a mãe de verdade?"
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"Mas e a mãe de verdade?"

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Jussara Marra
3 min
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Mais certo do que um e um resultam dois é a mãe por adoção escutar a fatídica pergunta “mas e a mãe de verdade”?

Sério? Mãe de verdade?

Tem hora e lugar pra tudo, até pra discutir. Mas a grande verdade é que, não importa o que seja verbalizado... internamente a resposta é sempre a mesma: A MÃE DE VERDADE SOU EU, CARA PÁLIDA!

Já parou pra pensar no que significa ser mãe? Ser mãe de verdade? Porque tem muita mãe biológica por aí, mães dos colegas dos seus filhos na escola, ou na natação, ou aquela conhecida da rua de cima, a vizinha da manicure... então... são mães, pariram, cuidam dos filhos, cumprem todo aquele protocolo de dar casa, comida e roupa lavada... ah, escola e mil afazeres também... mas isso é ser mãe de verdade? Depende... depende do que você entenda ser de verdade.

Tá... tem aquela ideal também. Aquela que só existe no imaginário de quem ainda não tem filhos. Aquela que vai ser 200% dedicada, que vai usar fraldas de pano, não vai deixar o filho pegar qualquer mania pra dormir, que só vai ter brinquedos educativos, em um quarto montessoriano dos sonhos. Aquela que só vai dar comida orgânica e fresquinha... aquela irreal.

Mãe de verdade perde a paciência. Porque mãe de verdade deixa a paciência ser testada. Acorda mil vezes à noite e chega ao ponto de sucumbir e deixar o filho na sua cama. Sim, é uma delícia! Ela sabe que não deve fazer isso sempre, mas sabe também que eles vão crescer... então, por que não?

Mãe de verdade responde mil porquês, mas chega em um ponto que fala “porque sim”, só porque não aguenta mais tanta pergunta. E sabe por que o filho pergunta tanto? Porque ele sabe que ali tem alguém prestando atenção nas suas questões.

Mãe de verdade coloca de castigo porque o filho deu uma birra pelo brinquedo da loja. Porque ele tem que entender que não é todo dia que vai ganhar presente. 

Mãe de verdade pega o filho no colo, junto com mil sacolas de compra. Mãe de verdade muda a programação, se for necessário, mas faz o filho entender, conversando com ele, que nem tudo vai ser do jeito que ele quer sempre. Sabe a vida? Então... ela não acontece segundo o nosso roteiro, e dentro de casa, com quem a gente ama, é o melhor lugar para entender isso.

Mãe de verdade entra nas brincadeiras, encarna personagens. Mas também fala que aquela hora não pode ou não vai brincar porque precisa resolver algo urgente, ou porque está cansada. E isso não é um motivo de crise infantil.

Mãe de verdade faz muita coisa. E não faz outras tantas. E está tudo bem!

Mas o mais importante é que a mãe de verdade existe. Ela é a mãe, a referência, o porto seguro. 

E pra isso não precisa esta junto o tempo todo. Não precisa ser aquela da papinha orgânica, ou do quarto montessoriano. Precisa ser. Precisa estar. Precisa pertencer.

E pra ser mãe de verdade, a barriga e o sangue é o que menos importa.

Quando alguém vier te falar da mãe de verdade na próxima esquina, ou na fila do supermercado e não for o caso de simplesmente despejar tudo isso em cima dela, respire fundo, dê um sorriso amarelo e deixe que o mundo continue a girar!

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