O desafio das lideranças em encontrar o equilíbrio entre a novidade e a continuidade, é fator chave nos processos de transformação digital nas empresas | ||
É fato que nos últimos anos os comportamentos de compra têm mudado, e com a pandemia o que vimos foi uma aceleração desse processo, o que mudou completamente a dinâmica do consumo em vários setores. Muito se falou e se fala em transformação digital. Mas o que significa para uma empresa ser transformada digitalmente? | ||
A transformação digital é a necessidade que as empresas possuem para se adaptar às novas dinâmicas de consumo. É um novo pensar. E esse novo pensar para muitos se tratava apenas de tecnologia, de ferramentas, de dados, de inteligência artificial. Se esqueceram que a tecnologia é fundamental se bem aplicada, é o meio e não o fim. Se esqueceram que empresas são um conjunto de pessoas e toda transformação empresarial passa necessariamente, em primeiro lugar, pela transformação das pessoas. Como gosto de simplificar para um melhor entendimento, uma empresa é como uma família. É você chegar em uma família constituída, com seus valores e costumes, com filhos criados e dizer que agora tudo vai ser diferente. Qual a chance de sucesso de uma abordagem dessa forma? | ||
Toda empresa tem valores, tem uma criação desde quando ela era um bebê, que a isso chamamos de cultura. Cultura organizacional ou corporativa. E sem mexer na cultura não há a mínima possibilidade de se promover uma transformação digital. | ||
Atender a um consumidor cada mais exigente, empoderado e crítico torna-se imperativo pensar nas jornadas de consumo, mapear pontos de contato, integrar canais, ser mais ágil e promover uma melhor experiência ao cliente. Mas esse processo é dolorido e longo. Não se muda a educação de um filho, ou a cultura de uma empresa em um evento grandioso único, mas sim em pequenas ações, frequência e consistência. É aí que os problemas começaram a aparecer dentro das organizações, dos conflitos entre lideranças e liderados, pela falta de entendimento e o descolamento da percepção do que uma transformação digital pode mudar na cultura de uma empresa. Ou não mudar em absolutamente nada. | ||
Em artigo da MIT Sloan Management Review, o professor especialista em transformação digital da Universidade de Copenhague, Carsten Pedersen, aborda os impactos e choques entre a mudança cultural e a transformação, e como isso afeta a continuidade das empresas. | ||
Carsten reforça que sempre existe o conflito entre a mudança e a continuidade, que sempre a primeira leva vantagem em relação a segunda e, que normalmente se faz uma escolha entre as duas, o que na avaliação dele é um erro estratégico. Mudança sem continuidade é caos, enquanto que continuidade sem mudança é estagnação, como ele bem ilustrou na matriz abaixo: | ||
O professor destaca que as lideranças deveriam levar em consideração os resultados da combinação dessa matriz, que traz quatro elementos relevantes: | ||
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As diferentes visões de mudança e continuidade precisam ser discutidas com espírito colaborativo, escolhendo as pepitas de ouro da empresa, aquilo que vale manter. Essa conciliação é fundamental. Gestores devem se manter abertos às mudanças mantendo respeito pelas pepitas de ouro da organização, e comunicar abertamente de maneira transparente aos seus liderados o que deve ser mantido, e o que deve ser mudado. | ||
Os ajustes no comportamento de compra e o avanço da tecnologia nos levam imediatamente a pensar em transformação digital como uma revolução tecnológica, mas ela é de fato uma transformação das pessoas, do fator humano, de como preparamos nossas equipes para navegar nesse oceano revolto. | ||
Não levar em consideração, como tema central, o desenvolvimento das pessoas nesse processo de transformação é o passo para o fracasso, para o caos. | ||