O aperto no peito ao longo do dia
O aperto no peito ao longo do dia | ||
A frustração cultivada por um dia cheio | ||
O período de insignificância que passa a sensação de vazio | ||
A longa reflexão sobre a vida e se vale mesmo a pena vivê-la | ||
O interminável momento que me faz pensar que estar com ela agora seria apenas um sonho alto demais | ||
O exaustante tempo que passo sem ela que me faz questionar absolutamente tudo: decisões de vida, caminhos tomados, existência, importância da existência... | ||
Oh, nada poderá sarar essa dor | ||
Nada nunca será o suficiente para que eu me encontre novamente | ||
Nada me fará iludir de novo sobre esta vida miserável | ||
A não ser, é claro: estes passos que ouço logo após o abrir da porta; | ||
E também, esta voz doce que chama; | ||
E então tudo há de ser belo novamente, quando eu finalmente vê-la com meus próprios olhos; | ||
E ela estará tão brilhante que será impossível enxergar as trevas que antes me assombravam; | ||
E ela terá o doce cheiro das flores que, aliás, floresciam tão belamente naquele dia; | ||
E de repente, que se abram as cortinas! | ||
O sol lá fora brilha! | ||
Os passarinhos lá fora cantam! | ||
As flores lá fora cheiram como perfume! | ||
Hoje é um dia tão bonito, | ||
Hoje a vida há de ser vivida, | ||
Hoje nada poderá me tirar de mim mesmo. | ||
Pois hoje, se ainda posso, gostaria de pertencer a ela | ||
Com tudo que me resta | ||
Durante o resto do dia | ||
Eu quero ser um pouquinho dela. |