Sobre a forma como eu A amo

Me apaixonei pela princesa mais elegante do castelo, pela rosa de cheiro mais doce do jardim, e eu poderia me apaixonar todos os dias por Ela como se fosse o primeiro. Amargo e prazeroso o doce mel do amor que jaz de minha princesa. No castelo mais deslumbrante, na torre mais alta, concentrada no teor sutil dos jardins que ali rodeiam. Dentro da porta de meu coração eu fantasio como descrever meu amor por Ela de forma com que todos os meus sentimentos sejam compreendidos de forma sutil, assim como penso neles com ternura. Expressivamente, A amo como se - vestidos de tecidos reais, lado a lado como príncipe e princesa - estivéssemos a sós em um enorme castelo, e em meio ao tédio passeamos pelos arredores cheirando as flores, correndo pelos jardins, atravessando as pequenas pontes e passagens floridas, apreciando as fontes, deleitando o sol e nos espreguiçando sobre nossos sentimentos, deixando esvair de nossos olhares a nossa paixão enquanto respiramos nossa juventude, sem ao menos nos preocuparmos com nossas responsabilidades e deveres como filhos de monarcas, pois mesmo que meus pais insistam que eu me case com a princesa do reino vizinho para que haja paz entre ambos os povos, eu serei egoísta o suficiente para fugir de mãos dadas com Ela pelos enormes jardins do reino até onde a sorte nos deixar, sendo incapaz de viver como nobre, eu viveria nobremente me debruçando sobre o amor de minha Amada. A amo como se viajássemos sem rumo para um local distante, para um nada, para um grande mar sem terra à vista, para uma praia deserta, para campos verdes repletos de montanhas e mais montanhas sem sinais de habitação, e mesmo assim a minha maior preocupação é fixar meu olhar nEla e prestar atenção em cada detalhe e expressão dEla, mesmo fugindo de suas obrigações de princesa, sua aparência segue inocente, o sorriso em seu rosto ainda brilha, sua pele ainda é macia como os aposentos do velho castelo de seus pais, o desejo pelo qual Ela persegue o nada comigo é o que mais me encanta, é claro: com seus cabelos já embaraçados, seus sapatos gastos, seu vestido já cansado de enroscar nos arbustos, mesmo com uma aparência cansada, Ela ainda expressa felicidade e amor nos seus olhos e nos seus longos sorrisos que duravam minutos se não horas e dias. Uma certeza inexplicável sobre Ela é a que nunca deixaria este pequeno e medroso rapaz sem seu carinho e cuidado sequer por 1 segundo, e eu A admiro por me ver com tão bons olhos mesmo em tempos de fuga. A forma como nos amamos é certa, correta e linear como a caída das águas sobre as pedras formando cachoeiras e paisagens, e tão bela quanto a vista desta paisagem. Eu poderia ser pego agora, ser morto ou condenado por instruir uma princesa a qual não tenho envolvimento a fugir de mãos dadas comigo, mas eu não me importo com coisas superficiais tais como a morte ou a vida, a única que merece minha atenção é a minha Amada e nada mais. A forma como Ela se sente. A forma como Ela se expressa. A forma como Ela me olha. A opinião que Ela tem sobre mim é absoluta, acima de todos estes assuntos carnais e desinteressantes como diplomas, sucesso, carreira, beleza, morte, vida, religião. Nada mais importa se não os belos encantos de minha Amada. Tenho certeza de que tudo fora Ela é uma ilusão para os fracos crerem, para que pensem que têm motivos para estarem vivos, para que não pereçam desejando serem amados por Ela. Tão pobres de espírito, tão fúteis... de fato, mortos e já apodrecidos... desprezo sua existência. De joelhos, eu rezo todos os dias para Ela: Continue me amando, me leve para os seus aposentos divinos, me carregue para onde poderei viver sob seu amor para sempre...