Israel se encaminha para o quinto processo eleitoral em apenas três anos e meio
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Israel se encaminha para o quinto processo eleitoral em apenas três anos e meio

Na noite desta segunda-feira, o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, e o ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, anunciaram em conjunto que pretendem dissolver o Knesset, o parlamento do país, e convocar novas eleições. Esta é ...

Henry Galsky06/21/2022
3 min
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Na noite desta segunda-feira, o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, e o ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, anunciaram em conjunto que pretendem dissolver o Knesset, o parlamento do país, e convocar novas eleições. Esta é uma decisão tomada a contragosto em função das grandes pressões que o atual governo vem sofrendo, em especial por parte da oposição liderada pelo ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Naftali Bennett e Yair Lapid anunciam a decisão de dissolver o Knesset e convocar novas eleições
Naftali Bennett e Yair Lapid anunciam a decisão de dissolver o Knesset e convocar novas eleições

A coalizão assumiu o governo com 62 parlamentares. Mas em abril deste ano perdeu a maioria. Há 120 cadeiras no Knesset. É preciso maioria mínima para formar uma coalizão estável. Neste momento, a oposição tem 55 assentos, mas não obtém maioria em função dos seis parlamentares da Lista Árabe Unificada, que não apoiam e não darão apoio a um governo liderado por Netanyahu.

Em seus discursos, Bennett e Lapid exaltaram as conquistas obtidas pelo breve governo (que tomou posse em junho do ano passado), como a aprovação do orçamento após três anos de impasse. Mais do que isso, esta coalizão era uma tentativa de tirar Netanyahu não apenas do cargo de primeiro-ministro, mas também do centro do debate político israelense. Para isso, Bennett e Lapid, eles mesmos lideranças opostas, costuraram a coalizão mais diversa da história do país formada por oito partidos de todo o espectro ideológico; de esquerda, direita, centro, e o Ra'am, legenda árabe representante do Movimento Islâmico em Israel.

Em tom emocionado, ambos elogiaram-se mutuamente. Em tempos de profunda polarização, os discursos de Bennett e Lapid são também a demonstração de que é possível entender, aceitar as diferenças e trabalhar a partir delas:

"Eu e Yair (Lapid) temos discordâncias, mas reconhecemos que temos muito em comum. O que nós fizemos - não o que eu fiz - foi porque trabalhamos juntos. Foi muito bom trabalhar em conjunto", disse Bennet.

"Eu quero lhe agradecer pela sua amizade. Eu te amo", respondeu Lapid.

Lapid é um político do centro da política israelense, líder do partido Yesh Atid (Há Futuro). Bennett é um tradicional político de direita, líder do partido Yemina (Direita).

O pragmatismo de Bennett ao lutar pela costura da coalizão e ao assumir o cargo de primeiro-ministro pode mesmo lhe custar grandes perdas nas urnas. A imprensa já especula até se ele deixará a política. Lapid, ao contrário, se mantém como força relevante. Nas primeiras pesquisas de intenção de voto já aparece como a segunda força, justamente atrás do Likud, partido liderado por Netanyahu.

A partir da dissolução do Knesset, Lapid passará a ocupar o cargo de primeiro-ministro até a formação de um novo governo. Bennet será primeiro-ministro alternativo e também responsável por uma pasta especial dedicada ao Irã - e a todas as movimentações regionais do principal inimigo de Israel, cujas estratégias são abordadas por aqui com frequência.

As novas eleições devem ocorrer em 25 de outubro. Será o quinto processo eleitoral em três anos e meio, mostrando a instabilidade política e as profundas divisões da sociedade israelense. Enquanto as lideranças dos partidos se debatem entre conceitos e ideologias, Israel encara problemas mais cotidianos, como reivindicações por melhorias de salários e condições de trabalho por parte de professores e motoristas de ônibus, e grandes questionamentos em torno dos altos custos de vida do país.

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