Rebaixamento de crédito de Israel é a derrota que Bibi não quer vincular à própria biografia
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Rebaixamento de crédito de Israel é a derrota que Bibi não quer vincular à própria biografia

Para o público externo, a desvalorização do shekel, a moeda israelense, frente ao dólar e ao euro é o sinal mais óbvio dos problemas econômicos do país. Importante sempre lembrar que a economia esteve no centro dos debates durante as eleições...

Henry Galsky
3 min
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Para o público externo, a desvalorização do shekel, a moeda israelense, frente ao dólar e ao euro é o sinal mais óbvio dos problemas econômicos do país. Importante sempre lembrar que a economia esteve no centro dos debates durante as eleições de novembro de 2022 - o quinto processo eleitoral desde 2019.

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A economia e os problemas reais que Israel enfrenta dominaram as discussões políticas durante a disputa eleitoral mais recente - as trocas de acusações entre os diferentes atores e partidos quanto a responsabilidades pelos fracassos e, claro, quais medidas deveriam ser adotadas para resolver essas questões. A Reforma Judicial não estava na pauta. Vale a lembrança.

Netanyahu dizia que poderia solucionar os graves dilemas que se apresentavam (e ainda se apresentam) diante da população israelense; empobrecimento, perda de poder aquisitivo em função do alto custo de vida, da alta de inflação e de sucessivos aumentos da taxa de juros (determinados justamente para tentar conter a tendência de subida de inflação).

Este era o debate que tomava a imprensa e as conversas. Até que, já de volta ao cargo, Netanyahu iniciou sua Reforma Judicial. Lamento soar repetitivo, mas aqui também se apresenta mais um aspecto da cartilha da extrema direita: frente ao próprio fracasso para solucionar problemas reais, basta criar uma nova discussão. No caso de Netanyahu, é claro que não se trata apenas disso, até porque ele é bastante interessado em alterar um sistema que o investiga.

Enquanto isso, aqui embaixo, a população de Israel continua a viver a dureza do cotidiano num país onde seus dirigentes estão mais preocupados com os juízes: o Banco de Israel (equivalente ao Banco Central do Brasil) elevou a taxa básica de juros pela nona vez seguida, atingindo o índice de 4,5%, o mais alto desde a crise de 2008.

Quando tomamos o Brasil como referência, o número ainda é baixo. No entanto, em perspectiva, vale a informação de que em abril de 2022 essa mesma taxa atingiu o seu menor índice: 0,1%. Assim como tem acontecido em muitos países, o banco central israelense sobe o juros para tentar conter a inflação atual de cerca de 5%. A meta do governo é manter a inflação entre 1% e 3%.

Para concluir, assim como o governo dos EUA tem enviado sinais muito claros para tentar conter os ímpetos de Netanyahu em seu projeto de Reforma Judicial, caberá agora aos atores globais econômicos fazer o mesmo.

A agência de classificação de risco norte-americana Moody’s pode influenciar o primeiro-ministro. Em março, já havia sinalizado que a Reforma poderia afetar a classificação de crédito do país, que atualmente é a A1, a quinta mais alta. Mas os investidores podem rebaixá-la a "estável".

Esse é o tipo de notícia capaz de mobilizar Bibi. Como já disse por aqui, ele não é o perfil clássico de liderança de extrema direita. É um personagem histórico que se importa com a própria biografia e que procura vincular sua gestão a sucessos de Israel no cenário internacional. O rebaixamento do risco de investimento do país por parte de um agência global é uma derrota que Bibi certamente não quer ter associada ao seu nome.