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🟣 Desbancou a Microsoft

Nvidia se torna a empresa mais valiosa dos EUA. Mais: IA é nova onda na LatAm e a ascensão das deeptechs.

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Edição 112

Nvidia se torna a empresa mais valiosa dos EUA.

Mais: IA é nova onda na LatAm e a ascensão das deeptechs.

A trajetória da Nvidia até superar as big techs

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O ano era 1999. Steve Jobs havia retornado recentemente à liderança da Apple. A Intel era a força dominante em semicondutores. E um fabricante de chips pouco conhecido chamado Nvidia fazia sua estreia na Nasdaq, a Bolsa de negócios de tecnologia dos Estados Unidos, por meio de uma oferta pública inicial (IPO).

Demorou menos de três anos para a Nvidia ascender ao S&P 500, substituindo o conglomerado de comércio de petróleo Enron. 

Poucas pessoas teriam apostado que a empresa se tornaria a ação com melhor desempenho do último quarto de século, registrando um retorno total de 591,078% desde sua oferta pública inicial, incluindo dividendos reinvestidos.

IA mudou o jogo

Esse crescimento é uma prova do frisson financeiro em torno da inteligência artificial (IA) e de como os investidores passaram a ver a Nvidia como a grande vencedora da popularização dos sistemas de IA.

Na terça-feira, a Nvidia desbancou a Microsoft como a empresa mais valiosa do mundo, com uma capitalização de mercado de US$ 3,34 trilhões. Mais de US$ 2 trilhões desse total foram adicionados ao valor de mercado da empresa somente neste ano.

Trajetória turbulenta

A ascensão da Nvidia não estava garantida desde sempre: os investidores de longo prazo que apostaram na fabricante de semicondutores tiveram de suportar três quedas anuais de 50% ou mais nas ações, sem vendê-las. 

A manutenção da recuperação atual exigirá que os clientes continuem a gastar bilhões de dólares por trimestre em equipamentos de IA.

Antes da IA, gráficos

O que abriu o caminho para a Nvidia chegar ao topo foi a grande aposta em chips gráficos e a visão do cofundador e CEO Jensen Huang de que o setor mudaria para a "computação acelerada".

Entre sua estreia e a entrada no S&P 500, a ação valorizou-se mais de 1.600%, conferindo à empresa um valor de mercado de cerca de US$ 8 bilhões.

Esse aumento ocorreu enquanto muitas outras ações de tecnologia estavam em crise na ressaca da bolha pontocom.

A chave para o sucesso inicial da empresa foi colocar sua tecnologia em consoles de videogame como o Xbox e o PlayStation. 

As unidades de processamento gráfico GeForce da Nvidia tornaram-se objetos de desejo entre os jogadores por oferecerem a experiência mais realista nos games.

Os seis anos seguintes não foram bons para a Nvidia. As ações despencaram em 2008 devido à crise financeira global e à reestruturação da rival Advanced Micro Devices (AMD).

Um acordo fracassado com a Intel também prejudicou a empresa, que saiu de um de seus maiores mercados. As duas companhias chegaram a um acordo em 2011, com a Intel concordando em pagar à Nvidia US$ 1,5 bilhão.

Inovação e expansão

No ano seguinte, a Nvidia lançou chips gráficos para servidores dentro de data centers, ajudando em tarefas sofisticadas de computação. 

As ações da Nvidia dispararam novamente em 2015, quando seus chips se tornaram a base de tecnologias emergentes, como interfaces gráficas avançadas, veículos autônomos e produtos de IA.

Durante a pandemia de Covid-19, as vendas de data centers continuaram a crescer. A receita vinda de data centers da Nvidia aumentou em um múltiplo de oito do ano fiscal de 2017 ao ano fiscal de 2021. 

O hype da IA Generativa

O lançamento do ChatGPT pela OpenAI no fim de 2022 causou um impacto imediato, desencadeando um aumento frenético nos pedidos pelos chips da Nvidia.

Quando a empresa divulgou os lucros do primeiro trimestre de 2023, a escala do salto em seus negócios surpreendeu quase todos em Wall Street.

As vendas de data center da Nvidia superaram sua receita de jogos pela primeira vez no ano fiscal de 2023.

E o futuro?

Analistas esperam que as vendas de data centers ultrapassem US$ 100 bilhões no atual ano fiscal da empresa. "Eles têm uma posição muito defensável na indústria", disse Rhys Williams, estrategista-chefe da Wayve Capital Management. 

"Eles não vão ter 95% de participação de mercado para sempre, mas seria quase impossível para qualquer um substituí-los."

IA encabeça nova onda de tecnologia na América Latina

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A história de crescimento exponencial da Nvidia, agora a empresa mais valiosa do mundo, exemplifica como a inteligência artificial (IA) pode impulsionar uma empresa para o topo.

Esse fenômeno também está se manifestando na América Latina, onde a IA está se consolidando como a tecnologia mais representativa, de acordo com o estudo Emerging Tech Report 2024 divulgado pelo Distrito.

Investimentos em IA

Cerca de 1.005 startups latino-americanas já estão utilizando IA em suas soluções, impactando diversas corporações e criando cases inéditos no ecossistema. Essas startups têm se destacado em termos de investimentos, arrecadando US$ 2,07 bilhões em 477 deals entre 2018 e 2024. 

Embora tenha havido uma retração no número de rodadas de investimento em 2023, com 33 deals totalizando US$ 174,1 milhões, 2024 já contabiliza 11 deals com uma média maior, somando US$ 69,5 milhões em investimentos.

As inovações em IA têm impactado especialmente o setor de saúde, com 11% das healthtechs investindo em IA para melhorar soluções, e as martechs, com 12,5% utilizando IA para gerar conteúdos e analisar dados em grande escala para campanhas. 

As fintechs também se destacam, com 8,9% investindo em IA para reduzir fraudes e personalizar a experiência do usuário.

Gustavo Gierun, CEO e cofundador do Distrito, destaca: "Notamos o quanto a IA cresceu enquanto estratégia de negócio. Grandes empresas têm utilizado essa tecnologia para se tornarem mais escaláveis, a exemplo das startups, permitindo serem mais competitivas independente do mercado de atuação".

Além da IA

Outras tecnologias emergentes estão ganhando espaço na América Latina, incluindo Realidade Simulada, Robótica, Baterias, IoT (Internet das Coisas), 5G, Visão Computacional Avançada, Digital Trust, Edge Computing, Blockchain, Metaverso, Genômica, Digital Twins, Impressão 3D, Biomateriais, Proteínas Alternativas, Agricultura Regenerativa, Dataficação e novos materiais.

De 2018 até abril de 2024, startups de tecnologias emergentes na América Latina receberam mais de US$ 3,5 bilhões em 899 rodadas de investimento. O Brasil lidera esse cenário com US$ 3,05 bilhões e 675 deals. 

Após uma retração significativa em 2023, o primeiro trimestre de 2024 sinalizou uma recuperação, com US$ 68,7 milhões captados, mais de 11 vezes o volume do primeiro trimestre de 2023.

Deeptech: um novo hype?

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O hype em torno da inteligência artificial (IA) e das deeptechs está transformando o cenário de investimentos globais, atraindo o interesse de investidores que buscam soluções inovadoras para desafios complexos.

Assim como a Nvidia se tornou um símbolo do potencial transformador da IA, as deeptechs emergem como a nova "menina dos olhos" dos investidores de venture capital, especialmente na Europa.

Deeptechs agora são bons investimentos

De tempos em tempos, o venture capital descobre um novo nicho que se torna o foco dos investidores. Atualmente, as startups de deeptech, que desenvolvem soluções complexas para problemas da humanidade, estão em destaque.

Lars Frølund, membro do Conselho Europeu de Inovação, destacou em entrevista exclusiva ao Startups durante o Energy Summit, no Rio de Janeiro, que a maturidade de tecnologias como IA, combinada com crises globais, como as mudanças climáticas e a pandemia, transformou as deeptechs de projetos filantrópicos em investimentos sólidos.

Crescimento e maturidade

“Há três ou quatro anos, o mercado de venture capital para deeptech não era promissor. Mas agora vemos muitos fundos se movendo nessa direção na Europa. Isso ocorre devido ao grande hype em relação a essas tecnologias e à sua maturidade crescente. O mercado de deeptechs está florescendo porque agora há, de fato, algo em que investir”, avalia Lars, também membro do Conselho do EIC Fund, o fundo de venture capital do Conselho Europeu de Inovação.

Apesar do crescimento, Lars ressalta que a transição energética representa um desafio, especialmente devido ao alto consumo energético das tecnologias de IA. 

Países europeus enfrentam dificuldades em encontrar fontes limpas e estáveis de energia. A energia nuclear surge como uma possível solução, embora enfrente resistência, particularmente das gerações mais velhas. “Se queremos ser players relevantes em IA, precisamos encontrar uma fonte de energia confiável”, afirma Lars.

Oportunidades para investidores

Lars destaca que há oportunidades tanto para desenvolvedores de tecnologia proprietária quanto para empresas que utilizam modelos existentes para criar novas soluções. 

Ele alerta que países que desejam ser players globais relevantes devem investir no desenvolvimento tecnológico e de deeptech. “O risco é começar tarde e depois ter que correr atrás, o que é muito mais difícil e pode deixar a força de trabalho desatualizada”, alerta.

Brasil no radar

Para o conselheiro do EIC Fund, o Brasil está se tornando cada vez mais atrativo para o venture capital, especialmente no segmento de greentechs e startups de energia.

O crescimento do interesse dos investidores em deeptechs reflete uma busca por inovação e soluções sustentáveis, alinhada com as tendências globais de transformação digital e tecnológica.

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