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A WeWork pede recuperação, mas na LatAm não! Mais: US$ 285 mi investidos em startups brasileiras no mês e os sinais do fim do inverno nas startups.

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Edição 80

A WeWork pede recuperação, mas na LatAm não!

Mais: US$ 285 mi investidos em startups brasileiras no mês e os sinais do fim do inverno nas startups.

WeWork pede socorro

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A WeWork tentou, mas não teve jeito: a recuperação judicial chegou. Na segunda-feira, a empresa que massificou o modelo de coworking, teve de recorrer ao Chapter 11 da Justiça dos EUA, quando alegou dívidas de mais de US$ 18,6 bilhões.

O pedido de RJ não é novidade e já era esperado há algum tempo. Mas, com a queda brutal das ações – mais de 50% – no início do mês, o processo foi acelerado.

Na terça-feira, a empresa teve a negociação de suas ações suspensas na bolsa de valores de Nova York. E, no mesmo dia, o CEO da companhia afirmou que 90% dos credores concordaram em converter suas dívidas em ações da empresa – reduzindo em US$ 3 bilhões em débito devedor. 

A companhia afirmou, em nota, ter um plano para levar a empresa ao sucesso operacional e financeiro. O plano, é claro: inclui cortes, como o cancelamento de contratos de aluguel em alguns locais – muitos deles não-operacionais.

Das alturas à queda

Em seus dias de glória a WeWork chegou a ser avaliada em US$ 47 bilhões, a empresa viu o modelo de negócio começar a ruir em 2019, quando desistiu de abrir capital após investidores perceberem que o negócio possuía fragilidades operacionais e de governança graves. Agora, a empresa vale apenas US$ 44 milhões.

Em 2021, finalmente, a empresa conseguiu abrir capital através de um SPAC da BowX Acquisition. Na época, a empresa já havia sido avaliada em US$ 9 bilhões – levantando US$ 1,3 bilhão na abertura de capital, valores bastante aquém dos pretendidos no pedido de IPO.

Independente da abertura de capital, o plano de expansão da empresa foi parte do que levou o negócio ao declínio. Com aberturas agressivas de novos escritórios, contratos de aluguel de longo prazo, diminuição de demanda e uma pandemia, a receita perfeita para o desastre se formou.

O custo para manter os imóveis, especialmente durante a pandemia, fez a WeWork sofrer, além de ser obrigada a pagar bilhões de dólares aos proprietários.

Com esse mar de problemas, em junho de 2023, as dívidas da empresa já totalizavam cerca de US$ 16 bilhões – mais do que o valor total que a WeWork levantou em toda sua história com investidores.

Em agosto, a WeWork já havia deixado claro para o mercado que tinha dúvidas substanciais sobre sua capacidade de continuar operando e que os próximos 12 meses dariam uma resposta sobre a sobrevivência da operação. Parece que a resposta chegou.

LatAm não!

Mas a WeWork quer deixar claro que o pedido de recuperação judicial está restrito à WeWork nos EUA, a WeWork Inc. E não inclui e nem impacta, pelo menos juridicamente, a WeWork da América Latina.

Esse posicionamento se deve ao fato que, desde 2021, as operações da WeWork LATAM – que incluem Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México – fazem parte de uma joint venture com participação majoritária do Softbank Latin America Fund.

Segundo o comunicado da WeWork LATAM, os primeiros seis meses do ano trouxeram um crescimento de mais de 31% à receita da região, quando comparada ao mesmo período do ano passado. 

No Brasil, a WeWork opera em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, mas não revela a quantidade de escritórios no país. No mundo, a empresa tinha, no fim do segundo trimestre, 777 escritórios em 38 países.

US$ 285 milhões para o Brasil em outubro

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Segundo o Sling Hub, as startups brasileiras captaram US$ 285 milhões no mês passado – uma queda de 8% em relação ao ano passado. Mas também há algumas notícias boas: as rodadas por equity, em que há troca de investimento por participação na empresa, estão aumentando a representatividade frente às rodadas de dívida. 

Em setembro e outubro, as rodadas por dívida representaram 7% do volume transacionado em cada mês. Em agosto, o montante dessas rodadas representou 60% do volume aportado na LatAm.

Mais confiança no potencial

Segundo o Sling Hub, essa predominância das rodadas por equity – das 33 rodadas no Brasil, 31 foram por equity, somando US$ 263 milhões – indica que o mercado está mais confiante no potencial das startups, com investidores dispostos a tornarem-se parceiros de longo prazo dos negócios.

Megarrodada destaque

A rodada da QI Tech de US$ 200 milhões, que foi destaque na edição 79 da 1248, representou 70% do volume aportado na América Latina no período. Também pudera, a rodada se tornou a quarta maior rodada para o estágio – Série B – já registrada na história da América Latina.

As rodadas de startups brasileiras representaram 64% dos US$ 442 milhões levantados na LatAm em outubro. Depois do Brasil, figuram Colômbia, com US$ 65 milhões e Chile, com US$ 57 milhões.

Mais sinais: o inverno está próximo do fim

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O aporte da QI Tech somado aos grandes investimentos realizados na Gympass e Creditas realizados nos últimos meses foram responsáveis por uma guinada no ritmo de crescimento do volume de investimentos em startups no Brasil. O número de rodadas também indica uma recuperação do segmento de inovação.

Segundo o Distrito, o volume de investimentos realizados em startups da LatAm foi de US$ 369,9 milhões. O que indica que o inverno das startups começa a ficar mais brando para as startups da América Latina. 

O mês de outubro continua a demonstrar uma recuperação do apetite por investimentos na região. Somente agosto (US$ 437,3 milhões) e junho (US$ 380,6 milhões) superaram o volume de capital investido em startups da América Latina em outubro.

Eduardo Fuentes, head de research do Distrito alega:

“Diante de todo o contexto macroeconômico, a gente tem um ano de 2023 com números um pouco mais tímidos”.

E são mesmo: desde o começo de 2023, as startups da LatAm levantaram pouco mais de US$ 2,6 bilhões em investimentos. Em 2022, no mesmo período, haviam captado US$ 7,1 bilhões. Quando se olha apenas para o Brasil, em 2022 foram captados US$ 4 bilhões e, em 2023, US$ 1,6 bilhão.

Novos ventos

Fuentes apresenta uma perspectiva animadora para 2024, baseada na retomada em volume e número de rodadas de investimento nos últimos meses. Também há um outro fator que impulsiona essa previsão: a queda na taxa de juros no país.

Para Fuentes, a queda tem papel importante para apoiar a retomada do ritmo de investimentos em inovação no Brasil. Ainda no início do mês de novembro o Banco Central reduziu a taxa básica de juros em mais 0,5%, chegando a 12,25% – há também uma indicação de que novos cortes de 0,5% serão feitos nas próximas reuniões do Copom.

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