Magalu Cloud é a peça que faltava para Magazine Luiza. Mais: Sustentabilidade e startups na COP28 e o estado do CVC no Brasil.
Edição 86 | ||
Magalu Cloud é a peça que faltava para Magazine Luiza. | ||
Mais: Sustentabilidade e startups na COP28 e o estado do CVC no Brasil. | ||
Magalu: de olho na nuvem | ||
Não é sempre que replicar um modelo de negócio gringo funciona para uma empresa brasileira. Também não é todo dia que um mercado concorrido, tomado por gigantes internacionais, ganha um player nacional para bater de frente. Mas é exatamente nessa encruzilhada que o Magalu se colocou. | ||
Embora diga não querer competir de frente com as alternativas estrangeiras, o Magazine Luiza lançou uma solução nacional para hospedagem, o Magalu Cloud. | ||
Em um cenário concorrido, onde Amazon, Google e Microsoft, já lutam para atrair empresas brasileiras, a aposta do Magalu está em ofertar um serviço adequado para pequenas e médias empresas. | ||
Sabe-se que os gastos com infraestrutura na nuvem podem pesar muito em um negócio, especialmente para os iniciais. Por isso, se decolar, a iniciativa do Magalu tem tudo para impulsionar o ecossistema de startups brasileiro. | ||
Com a solução, os investimentos recebidos – em real ou em dólar – pagarão por uma hospedagem mais barata, o que fará com que as rodadas recebidas durem mais ou sejam investidas em outras áreas das empresas. | ||
É um momento chave, quando um player nacional pode mudar o rumo de milhares de negócios. É uma chance de ouro. | ||
Para o Magalu, é tudo sobre diversificação | ||
As varejistas brasileiras estão em uma enrascada. Com a desaceleração do consumo e maior concorrência com as lojas online chinesas, elas viram seu modelo de negócio – que opera com margens pequenas – sofrer. Também, o escândalo contábil das Americanas fez com que investidores passassem a torcer o nariz para o segmento. | ||
Se o Magalu Cloud for 5% do sucesso da AWS, pode ser um motor importante de receita para o Magazine Luiza. O modelo é bastante parecido com o da Amazon, que possui o canal de varejo e a AWS como empresa de tecnologia. | ||
Segundo a CEO, Luiza Trajano: | ||
“A gente não vem concorrer, estamos somando. Se tudo der errado, vou ter uma cloud barata e complementar a dos meus concorrentes internacionais, mas estou confiante”. | ||
Lançamento já em 2024 | ||
O Magalu Cloud terá um lançamento faseado em 2024. A ideia é oferecer uma solução completa: armazenamento, computação, rede, banco de dados, firewalls e inteligência artificial. | ||
A primeira parte a ser lançada será a de armazenamento, já no primeiro trimestre de 2024. O lançamento será realizado com cautela para atender à demanda de forma razoável, segundo Christian Reis, chefe da Magalu Cloud. | ||
Mesmo com o lançamento previsto para o ano que vem, a decisão de tornar público o novo produto, que é desenvolvido desde 2020, veio após um teste em grande escala. | ||
Segundo o Magazine Luiza, parte dos serviços da empresa foram hospedados na Magalu Cloud durante a Black Friday – o período mais movimentado do ano para a loja online – e não houve nenhum problema de instabilidade ou queda. | ||
Um mercado gigante | ||
Os serviços de computação em nuvem movimentaram R$ 38,3 bilhões no Brasil em 2022, segundo dados da McKinsey. Em 2025, prevê-se que o segmento atingirá R$ 90,8 bi. | ||
Alberto Serrentino, sócio de uma consultoria, afirma que a visão estratégica do Magalu é se tornar um ecossistema de plataforma e serviços, envolvendo marketplace, logística, serviços financeiros e tecnologia – o último, considerado essencial pela varejista. | ||
Serrentino completa: | ||
“É uma aposta ambiciosa e ousada. Mas o mercado existe". | ||
A estratégia para somar aos gigantes | ||
Para não bater de frente com os gigantes, o Magalu defende que a estratégia do produto é "comer pelas beiradas" e não tentar roubar clientes dos concorrentes. | ||
A isca será o preço em reais, o idioma em português e o preço inferior. Com isso, a companhia espera atrair clientes pequenos e médios. Reis, chefe do Magalu Cloud deixa clara a estratégia: | ||
“A nossa proposta de valor é de ter sempre um preço mais barato”. | ||
E é mais barato mesmo: segundo o mesmo executivo, a tecnologia deve oferecer uma redução de 30% a 75% dos custos que as empresas brasileiras têm hoje com serviços de nuvem. O próprio Magalu alega ter diminuído em 35% seus custos ao migrar para o próprio serviço. | ||
Ou seja, o foco do Magalu Cloud será ajudar as empresas brasileiras a se digitalizarem, oferecendo opções em reais, com preços mais acessíveis. | ||
Sustentabilidade é o nome do jogo | ||
Sustentabilidade é foco de startups e investidores. O segmento vem atraindo cada vez mais entusiastas devido ao potencial do Brasil em relação à economia verde. Orlando Cintra, CEO da BR Angels, afirma: | ||
“O segmento aparece tão promissor como as fintechs [do setor financeiro] no passado”. | ||
Das 60 startups que já receberam investimentos via plataforma Captable, 10% são guiadas pela agenda ESG, afirma o CEO Paulo Deitos. Casos de sucesso reúnem empresas como a Zletric, de mobilidade elétrica (R$ 5 milhões), e a Beeva, voltada a apicultura (R$ 4,5 milhões). Ao todo, a Captable soma mais de R$ 100 milhões de captação e 7,5 mil investidores. | ||
A ABStartups (Associação Brasileira de Startups) contabilizou, em 2021, 102 empresas no segmento, com a maior parte dedicada ao ar e meio ambiente (39,2%) e energia limpa (26,5%). | ||
A CEO da entidade, Mariane Takahashi, destaca que: | ||
“Em 2023 ganharam força energias renováveis avançadas, armazenamento de energia, mobilidade sustentável e hidrogênio verde, além de tecnologias como inteligência artificial e análise de dados”. | ||
COP28 dá destaque às soluções de startups | ||
As startups com soluções em floresta e absorção de carbono estão chamando atenção na COP28, em Dubai. Dentre as brasileiras representantes do segmento estão a Abundance Brasil, Belterra e MetAmazonia. | ||
A primeira nasceu em 2021 para fornecer tokens de cotas florestais, tendo vendido 11 mil árvores para mais de 600 clientes. | ||
A Belterra cria sistemas agroglorestais para recuperar áreas e gerar emprego e renda com produtos sustentáveis. | ||
Já a MetAmazonia, desenvolve um produto de virtualização das florestas para educação. | ||
Outro destaque é a Trashin, que atua com economia circular e reciclagem de materiais pós-consumo. Em colaboração com 130 cooperativas, tem clientes como iFood e Unimed, tendo recebido investimentos através da Captable (mais de R$ 2 milhões) e da Irani. | ||
Independente do negócio, como relata Renato Ramalho, CEO da KPTL: | ||
"A pauta de sustentabilidade é óbvia em um país como o Brasil". | ||
Eurofarma, na contramão, cresce o CVC | ||
O mercado de corporate venture capital (CVC) está em baixa quando comparado a anos anteriores, quando houve crescimento no volume de investimentos em startups feito por empresas. | ||
Nos primeiros 11 meses de 2023, os CVCs investiram cerca de R$ 270 milhões em startups brasileiras, segundo dados do Distrito. No ano passado, foram investidos R$ 925,2 milhões. Em 2021, esse valor chegou a R$ 1,3 bilhão. | ||
Na contramão do mercado, a Eurofarma, gigante farmacêutica que deve faturar quase R$ 9 bilhões neste ano, deve lançar seu terceiro fundo de corporate venture capital no ano que vem. O Neuron Ventures II terá R$ 150 milhões para aportar em novos negócios. | ||
O montante será direcionado para 10 a 12 investimentos, metade deles em rodadas seed, com cheques de até R$ 5 milhões. A outra parte vai para rodadas de série A, com investimentos de até R$ 15 milhões. Outros R$ 50 milhões ficarão reservados para follow-ons. | ||
Segundo uma pessoa familiarizada com o assunto, a ideia é ampliar o leque em relação ao tamanho do investimento, já que isso possibilita gerar mais negócios para atender pacientes e médicos. | ||
O novo fundo deve ser lançado no primeiro trimestre do ano que vem e os primeiros investimentos ficarão para a segunda metade do ano. Para os aportes, o fundo deve analisar oportunidades de startups que atuem no Brasil e/ou EUA e que já tenham receita anual acima de R$ 10 milhões. | ||
Não é só a Eurofarma que caminha na contramão | ||
Outras empresas também desafiaram a baixa do mercado de CVC e fizeram movimentos em 2023. A Braskem é um exemplo: firmou parceria com a Touchdown Ventures para auxiliar em investimentos da Oxygea. | ||
Outro exemplo é a VLI, que começou a estruturação do seu fundo de investimento em startups. Outra empresa que anunciou novidades em seu CVC foi a Vivo, que tem R$ 320 milhões para investir em startups. | ||
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