O mercado secundário de startups está bombando. Mais: R$ 60 bilhões para startups e seed mais longo.
Edição 91 | ||
O mercado secundário de startups está bombando. | ||
Mais: R$ 60 bilhões para startups e seed mais longo. | ||
Mercado secundário – atenção primária | ||
O mercado secundário – a venda de ações de startups privadas entre interessados diretos – tem se tornado uma válvula de escape para funcionários de startups, proporcionando uma alternativa à espera por IPOs. | ||
Os empregados das startups muitas vezes recebem ações da empresa como incentivo de médio a longo prazo, garantindo um ativo que crescerá junto com a startup para a qual está contribuindo. | ||
Empresas como OpenAI e SpaceX já adotaram campanhas de venda de ações de funcionários – uma forma de remunerá-los mais rapidamente. A crescente atividade nesse mercado também está relacionada à oferta de investimentos para startups, que sofreu com estagnação nos últimos anos. | ||
Apesar do cenário promissor, é importante ressaltar que o mercado secundário ainda carece de uma regulamentação clara nos EUA e enfrenta desafios de liquidez. | ||
De olho no crescimento, gestoras direcionam investimento para o segmento | ||
O mercado secundário de ações de startups está se tornando cada vez mais atraente para empresas de investimento renomadas. Nomes como Lexington Partners, Pinegrove Capital Partners e StepStone estão levantando bilhões de dólares para adquirir participações com descontos em empresas de tecnologia, aproveitando as ofertas secundárias. | ||
Ou seja, muitas vezes, os funcionários ou investidores privados da startup precisam se desfazer das ações rapidamente para obterem liquidez dos seus investimentos/prêmios e, por isso, aceitam vender os papéis com valor inferior ao que a startup venderia, por exemplo. | ||
Essa estratégia permite que gestoras comprem ações de investidores de larga escala, abrindo caminho para oportunidades no cenário de venture capital. | ||
A gestora americana Lexington Partners anunciou a criação de um novo fundo, inicialmente visando US$ 15 bilhões, mas agora com uma meta de US$ 23 bilhões devido à crescente demanda dos investidores. | ||
A Lexington pretende comprar ações vendidas por gestoras de private equity, alocando US$ 5 bilhões especificamente para investimentos no venture capital. Essa movimentação reflete não apenas o interesse no mercado secundário, mas também a confiança no potencial de retorno desses investimentos. | ||
Um mercado que exige cautela | ||
Apesar do crescimento do mercado secundário, há desafios a serem enfrentados. A falta de regulamentação eficaz e a menor liquidez em comparação com os mercados públicos, como as bolsas de valores, são pontos de atenção. | ||
Recentemente, a empresa de software Carta encerrou sua plataforma de venda de ações de funcionários após alegações de negociações sem consentimento dos empregados – destacando a necessidade de maior transparência e reforçando que o mercado secundário exige cautela. | ||
No Brasil, cenário começa a se desenrolar – inclusive com regulação | ||
Por aqui, a Velvet, fundada em 2021, ajusta sua estratégia, mirando empresas em estágios mais avançados do que aquelas em fase "pré-IPO". Essa mudança sugere uma adaptação às dinâmicas específicas do ecossistema brasileiro e destaca a flexibilidade necessária para navegar no mercado de ações de startups, que está em constante evolução. | ||
O mercado secundário de ações de startups continua a atrair investidores e gestoras, proporcionando oportunidades únicas em um ambiente desafiador. | ||
O mercado subsequente de ações de startups em plataformas de crowdfunding, autorizado pela CVM na instrução CVM 88, de 2022, é outro exemplo de movimentação regulatória em busca de dar mais liquidez aos investimentos em startups. | ||
A Captable foi pioneira em oferecer as negociações aos seus investidores através do Captable Marketplace – mais de 20 startups já estão disponíveis para negociação e mais de R$ 1 milhão já foi transacionado pela plataforma. | ||
R$ 60 bilhões para startups | ||
O programa Nova Indústria Brasil, liderado pela frente Mais Inovação e operado pelo BNDES e Finep, promete abrir novas perspectivas para startups. | ||
Com um investimento previsto de R$ 66 bilhões nos próximos quatro anos, sendo R$ 20 bilhões não reembolsáveis e R$ 40 bilhões em créditos com baixas taxas de juros, o programa busca impulsionar a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias no país. | ||
O pontapé inicial | ||
A Finep lançou 11 chamadas públicas, totalizando R$ 2,18 bilhões em investimentos. Dessas, 10 são de fluxo contínuo, permitindo inscrições sem prazo determinado, enquanto uma é específica para Saúde em Institutos de Ciência e Tecnologia (ICT). | ||
As áreas contempladas incluem saúde, mobilidade sustentável, mobilidade aérea, resíduos urbanos e industriais, semicondutores, tecnologias digitais, energias renováveis, bioeconomia, soberania e defesa nacional. Para Celso Pansera, presidente da Finep, os próximos anos prometem intensidade, com oportunidades contínuas para as startups. | ||
Um impulso para a inovação | ||
Além do Nova Indústria Brasil, startups podem buscar oportunidades junto à Embrapii, que inicialmente destinará R$ 190 milhões em recursos não reembolsáveis para o programa Missões Embrapii. | ||
Com foco em complexo econômico industrial da saúde, transformação digital da indústria e bioeconomia, a Embrapii opera de maneira contínua, aceitando propostas a qualquer momento. | ||
Atuando em parceria com instituições de pesquisa e o setor empresarial, a Embrapii compartilha os riscos de investimento em projetos que introduzem novos produtos e processos no mercado. | ||
O Nova Indústria Brasil e o programa da Embrapii são dois exemplos que deixam claro o comprometimento do país em impulsionar a inovação, dando às startups mais chances de crescimento e desenvolvimento. | ||
Seed nos EUA sofreu menos e realça oportunidade | ||
Apesar de um recuo amplo nos investimentos globais em startups nos últimos dois anos, os investidores afirmam que o ambiente de financiamento seed nos Estados Unidos foi o mais vibrante em comparação com outros estágios de financiamento durante a desaceleração. | ||
Em 2022, o financiamento seed nos EUA cresceu cerca de 10% em termos de dólares investidos, contrastando com uma queda em todos os outros estágios de financiamento. | ||
Em 2023, o financiamento seed nos EUA caiu 31%, uma proporção significativa, mas ainda menos do que os outros estágios de financiamento na comparação anual. | ||
Startups ficam no estágio Seed por mais tempo | ||
Antes de chegarem à Série A, as empresas estão executando por mais tempo, tirando mais riscos do negócio. Renata Quintini, da Renegade Partners, observa que empresas mais maduras estão buscando levantar financiamento de Série A neste mercado. | ||
O tempo mediano entre o financiamento seed e o Series A aumentou ao longo da última década, indicando uma maior maturidade das empresas. Em 2023, o tempo mediano entre um seed de $1 milhão ou mais e uma Série A saltou para 28 meses. | ||
Com o aumento do tempo para chegar à Série A e uma barreira mais alta para captação de recursos, há um aumento esperado na taxa de mortalidade das startups. | ||
O mercado mais desafiador significa um trabalho mais difícil para os investidores seed, apesar de terem mais informações para embasar suas decisões. A dinâmica do mercado está mudando, com um ciclo de investimento mais prolongado. | ||
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