Procura-se por botocórnios na Amazônia

A figura mítica mais falada no mundo das startups são os unicórnios, definição de empresas que possuem valor de mercado superior a US$ 1 Bi. A porcentagem de startups que atingem esse patamar é bem pequena, no Brasil temos apenas 22 startups que são consideradas unicórnios.

Nos últimos meses vimos uma desvalorização significativa das big techs, demissões em massa nas startups que haviam captado a pouco tempo e orientações dos Venture Capital para suas investidas cortarem custos. Esse movimento trouxe de volta debates sobre a prática de crescimento a qualquer custo e a importância das startups camelos, estas que se adaptam em momentos de escassez e crescem de maneira consistente.

Mas o que isso tem a ver com a procura de botocórnios na Amazônia?

Já faz oito anos que participo ativamente no ecossistema de startups na região, de lá para cá vimos o surgimento de diversas ações em prol do desenvolvimento de startups com DNA amazônico mas não vi surgir localmente nenhuma startup unicórnio. Mas isto é um detalhe, visto que a chance de uma startup de tornar unicórnio é de 0,07% e a média de tempo para que isso aconteça é de pelo menos 7 anos.

A boa notícia é que também vi alguns casos de startups que conseguiram atingir resultados significativos, no geral esses empreendedores mesmo com pouco investimento e em um ambiente nada propício para o crescimento rápido conseguiram se destacar.

A reflexão: é mais estratégico para o ecossistema uma startup que fatura R$ 100 Mi ou dez startups faturando R$ 10 Mi por ano?

Eis aqui os botocórnios, startups amazônicas que possuem crescimento consistente, faturamento acima de R$ 10 milhões e gerem impacto positivo localmente. Eita! Tudo bem que me empolguei trazendo essa definição, mas acho que deu pra entender o sentido da coisa. rsrs

O que gostaria de ver nos próximos 8 anos seria o surgimento dessas startups que atingissem um patamar de relevância no mercado e que retroalimentassem o ecossistema para impulsionar outros empreendedores, de certa forma estamos caminhando para isso.

O fator investimento nas startups locais sempre foi um dos pontos mais debatidos entre os empreendedores e recentemente começaram a surgir fundos dedicados para os negócios da região, assim como empreendedores locais recebendo aporte de fundos de investimento do sul e sudeste.

Neste novo cenário com investimentos nas diferentes fases das startups locais, a chegada de VCs atraindo startups de outras regiões para a Amazônia e gerando densidade de capital intelectual, talvez nos próximos 8 anos tenhamos diferentes botocórnios surgindo e, de repente, vai que apareça um unicórnio.

Quais são as startups candidatas a botocórnio? Já temos alguma com essas características por ae?

Bom, aparecerei mais vezes por aqui, em alguns momentos com assuntos mais densos e outros com textos como este. Se você curtiu, se inscreve para receber meus textos na sua caixa de e-mail, vai que você receba algum exclusivo.