Capitalismo infantil

Era uma vez, duas meninas ainda em idade escolar. As duas eram cheias de criatividade e iniciativa e, com suas atitudes, inspiravam seus colegas.

Essas duas meninas, tão jovens, possuem também uma natureza empreendedora sem mesmo ter muita consciência disso. Elas iniciaram uma brincadeira no período do contraturno que, na imaginação delas, era um Negócio de venda de desenhos de dinossauros, que não eram "simples" dinossauros, como estes comuns, que dizem que existiram em tempos muito remotos; eram dinossauros híbridos com animais do presente: MUITO FOFOS!!!

Como funcionava esse negócio de fofura? Elas prepararam um catálogo com os "dinofofos" possíveis, o cliente escolhia e elas desenhavam o bicho selecionado em outra folha para o comprador; que pagava as meninas com uma folha em branco.

Conversando com uma das sócias mirins eu e minha esposa sugerimos que cobrassem algum valor pela arte, para cobrir os custos de material e pelo tempo empenhado, não precisava ser muito, algo meio que simbólico.

A resposta foi imediata, "se cobrarmos, as crianças comprarão das outras lojas, que estão fazendo outros desenhos e estão cobrando apenas folhas também!".

Procuramos explicar que se gastam uma folha para fazer o desenho e recebem uma folha como pagamento, o desenho está saindo de graça para o cliente e o negócio ficará insustentável a médio e longo prazo, pois as canetinhas e lápis de cor precisarão ser repostos.

Ainda pretendemos explicar que para não perder a freguesia para a concorrência, que está doando seus desenhos, será necessário "apenas" fazer desenhos melhores que eles... coisa do capitalismo.

Fico feliz em ver crianças usando de suas habilidades para iniciar seus empreendimentos, mesmo que de brincadeira (por enquanto).