"Tá?"
Muitos dos meus poemas tem um processo de elaboração curioso. Meus processos de escrita há pouco é que passaram pra algo mais formal, sentada em uma cadeira em frente ao computador. No começo, início da adolescência eram cadernos, muitos, pedaços de papel, espalhados chão a fora, post-it's. |
O poema que se segue foi criado em um momento em que eu olhava pra janela do meu antigo trabalho (de auxiliar de escritório), pensava que apesar de gostar, eu me sentia um pouco presa, e logo um passarinho pousou na janela, e minha mente foi com ele. Acostumada com os muitos pombos que viviam ali conformados na calçadas catando suas migalhas todos os dias, aquele passarinho me trouxe esse poema num momento em que encarávamos nossas gaiolas e que eu apesar de poder ir c=onde quisesse como ele, não me sentia tão livre. |
Peguei então um bloco onde anotava telefones e comecei alguns versos, e o papel foi ficando pequeno, então fui tirando as folhas e quando terminei eram muitas todas espalhadas e só mais tarde organizei, no banheiro durante o horário de lanche. A urgência da escrita quando pega um escritor, um ansioso principalmente (rs) o faz achar que não tem nada mais importante que aquilo naquele momento. Precisa ir pro papel, ou se perde. |
Quando estiver comigo e olhar as estrelas, conte aquelas que teus olhos alcançam, |
não as milhões que vem em tua mente, conte com o que puder ver ao lado meu, |
pois embora as estrelas tão longe se pendurem, você pode querer que elas curem, |
um dia cansado que a vida lhe deu. |
Quando estiver comigo, e mesmo assim sentir-se só, não se sinta mal, |
não lhe prometi completar o resto do mundo, ou que não precisasse de ninguém mais, |
apenas ofereci companhia, para afastar-nos dessa agonia, |
que a falta um do outro traz. |
E quando não comigo, acaso sinta minha falta, não me procure em mais ninguém, |
de nada vale a saudade, esse gostinho de amor sem fim, |
se não faltar um pouco de mim, em tudo que lhe convém. |
Se quando chorar, meu rosto não chegar ao teu, não te apavores amor meu, |
é que fico tão leve quando lhe almejo, que por maior que seja meu desejo, |
o vento é mais forte que eu. |
E quando fores cantar como cantam os passarinhos, não te lembres mais do ninho, |
cante alto e comece a voar, quem sabe não passas a minha porta, perto dos meus carinhos, |
descansa à minha janela e não saia mais de lá. |
E quando enfim viajar o mundo, sabendo que a cada segundo |
estive aqui lhe querendo tanto, voa lá pra minha janela, |
estarei a tua espera, com saudade do teu canto. |
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