A Crise da Imaginação
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A Crise da Imaginação

Você já ouviu que o contrário de guerra não é a paz, mas sim a criação? Pois é: como criamos em meio ao caos?

Echoa | The Creator's Land
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Na faculdade, há uma temida matéria chamada Estudos da Guerra e da Paz. Ela é a temida apenas pelo fato de quem a leciona ser um completo (complete aqui com qualquer palavra socialmente aceita para estupido), mas o conteúdo é bem interessante. Eu a tive no primeiro período da faculdade, que aconteceu 10 anos atrás, em 2019. Um dado que me marcou muito foi o seguinte: nos últimos mais de 3400 anos, a humanidade teve apenas 268 anos de paz. 

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Isso mesmo, apenas 8%. E, quando eu digo paz, é algum conflito que tenha matado menos de 1000 pessoas. Obviamente que esses 268 anos são lá de trás, visto que, sobretudo no último século, a chapa esquentou à vera. Minha vó, uma pianista sem igual, costumava dizer pra mim que o contrário de guerra é a criação, e eu não entendia muito bem se ela falava isso por ser algo poético, coisa de musicista, ou se ela leu isso em algum lugar.

O fato mais curioso, contudo, é perceber que, nos últimos 3400 anos, tivemos os maiores avanços de toda história do planeta em termos tecnológicos. Mesmo em meio a duas guerras mundiais, desastres naturais, conflitos armados e ataques terroristas, fomos capazes de produzir milhares e milhares de livros, músicas e filmes, bem como foguetes, carros e computadores. Fomos capazes de produzir em meio ao caos. Então, estaria minha vó errada?

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Acredito que não. Não porque ela é minha vó e eu respeito sua opinião, mas porque talvez nossa criação não seja nossa. Oi? Bom, já reparou que desde quando o homem aprendeu a contar história, ela é praticamente a mesma? Salvas raríssimas exceções, tudo passa por um personagem dotado de uma missão e, em algum ponto do enredo, rola uma super dualidade entre mocinho x vilão/bem x mal seguida de um conflito (por vezes bélico) e a resolução do problema (seja ela benéfica ou não para o personagem principal. 

Nessa lógica, podemos pensar no cowboy do velho oeste que luta contra o forasteiro pela mocinha, ou no pirata que vai em busca do tesouro e enfrenta inúmeros desafios no caminho. Da mesma forma, podemos pensar em nós, que nascemos buscando vencer na vida, passando por vários obstáculos para isso. No fim, morremos. Ou seja, reproduzimos uma história que, se você parar pra pensar, nem é nossa. E essa história é necessariamente atravessada pela guerra -- seja na forma das nossas dores pessoais ou profissionais, seja na forma de conflitos reais.

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Tá se sentindo no Matrix? Bom, é por aí mesmo. Nossa vida é marcada por binômios: eu e você, bem e mal, paz e guerra. E nossa vida ocorre nesse intermediário, no qual buscamos ir de um lado ao extremo oposto. Agora, quero trazer mais uma camada a esse pensamento: você sabia que, na matemática, o limite é uma variável inalcançável? Significa que, se o limite de uma sala é uma parede, você nunca conseguirá tocar de fato essa parece, dado que existe uma distância atômica que para sempre nos separa de tudo que tocamos. Isso significa que, nessa corrida entre dualidades, alcançar um extremo é impossível. E quando nos movemos entre dois lados sem atingir nenhum dos dois, virtualmente falando, estamos parados.

Minha nossa, que viagem. Quase! O que quero dizer com isso é que, na reprodução das histórias já conhecidas, replicamos atos já dados, de modo que, no fim das contas, estamos estagnados. Assim, será que de fato estamos criando? A essa loucura toda dá-se o nome de Crise da Imaginação. Quando acabamos presos entre dois lados, o gasto energético entre esses extremos é tão alto que não nos permitimos pensar em uma terceira, quarta ou quinta opção. E, particularmente falando, eu tenho certeza de que elas existem.

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Essa News não se trata de uma mensagem de fim do mundo ou de desencantamento. Pelo contrário, é um chamamento para uma criação genuína, a criação que minha vó citava. Nós, creators, lidamos muito com o que há de mais novo, pensando sempre no futuro das plataformas, no futuro da criação de conteúdo, no futuro das nossas profissões. Mas você já se questionou sobre o que é o futuro? Será que ele não tá inserido nessa narrativa dualística que, por vezes, é em si mesma limitante?

Precisamos imaginar. Imaginar uma existência equilibrada, em assonância com a Terra, paralela aos binômios. Temos muitas ferramentas existentes, e o avanço constante da tecnologia nos chama para não somente pensar em novos futuros, mas criá-los. Você gosta de criar histórias? Se sim, que tal pensar para além?

Conte com a Echoa para isso. =)

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💡 Ronaldicas!

Falamos muito em futuro! E, para dar continuidade ao assunto, indico aqui o trabalho de uma futurista que admiro demais: Daniela Klaiman. A Dani é especialista no comportamento do consumidor e um dos principais nomes da futurologia do Brasil! Seu trabalho é voltado para a análise de dois futuros possíveis: analisando um que é guiado pelo comportamento das pessoas e o outro que é ditado pela tecnologia. Há várias palestras delas super legais e que trazem uma nova perspectiva sobre... tudo!

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🌏 O que mais rola na Creatorsfera...

  • Game acirrado. Sabe aquela empresinha de jogos, a Epic Games? Rs. Pois é, eles levantaram 2 bilhões de dólares somente para se dedicar a criação do próprio metaverso? Tá bom pra você? Eles fazem jogos, mas não estão pra brincadeira...
  • Quem lembra do bitcoin pra comprar pizza vai entender. A Rappi, empresa de entrega de refeições e lanches, lançou um projeto piloto no México para aceitar pagamento com criptomoedas pelo aplicativo. Pois é, qualquer semelhança com o passado é mera coincidência!
  • E por falar em cripto... Brasil, sil sil! O Banco Central falou: vem aí! O Real Digital, moeda digital nacional, deve ter um projeto piloto já para o segundo semestre desse ano. A ideia é que ela sirva de base para stablecoins, as quais são utilizadas para transferências de recursos entre instituições financeiras.

Olha que chegou até aqui! Bom, já que tá aqui, compartilha aí nosso conteúdo, né? Aposto que tem algum amigo seu que vai dar uma fritada com esse artigo. 🚀

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