Os influenciadores devem ser responsabilizados pelos anunciantes que divulgam?
#TBT é a edição #195 sobre a venda de selos verificados no Instagram e X (antigo Twitter). | ||
A influenciadora italiana Chiara Ferragni foi multada pelo órgão italiano AGCM (Autoridade Italiana de Concorrência e Garantia do Mercado) em 1 milhão de euros por propaganda enganosa. A marca Balocco desenvolveu o doce típico pandoro em edição especial junto com a influenciadora e a publicidade dava a entender que se tratava de uma iniciativa de caridade, cujas vendas seriam revertidas para um hospital pediátrico (créditos a Wesley Muniz pela divulgação do caso). | ||
Contudo, descobriu-se que o valor doado foi de apenas 50 mil euros e que as empresas da influenciadora faturaram mais de 1 milhão de euros com as vendas. Com esse caso, começou-se a levantar outras campanhas da influenciadora que tenham tido situação semelhante, como um com ovos de páscoa para crianças com autismo, cuja doação foi de 36 mil euros, mas o faturamento foi também de 1 milhão de euros. | ||
Esse caso é mais um exemplo para abastecer uma discussão mais ampla sobre a responsabilidade dos influenciadores digitais com suas propagandas e produtos divulgados. No final do ano, tivemos a matéria no Fantástico sobre o site de apostas Blaze e os influenciadores que promovem a empresa. Muitos especialistas alegaram que esses influenciadores deveriam ter alguma parcela de responsabilidade sobre as fraudes cometidas pela empresa, porém, representantes de influenciadores ou agências defendem que não é possível prever que haverá problemas com as empresas anunciantes. | ||
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Outro caso emblemático foi o Fyre Festival em 2017, que inclusive virou documentário na Netflix (trailer abaixo). Diversos influenciadores digitais de grande popularidade (como Kendall Jenner, Bella Hadid e Bella Thorne) promoveram o evento e muitos nem sinalizaram que era uma publicidade. | ||
O evento acabou sendo uma grande fraude, com centenas de pessoas enganadas pela organização, além do rastro de destruição e miséria deixado na ilha em Bahamas. Além das multas e processos contra os organizadores, alguns influenciadores também sofreram processos judiciais por conta da divulgação. Kendall Jenner inclusive foi condenada e ela citou em uma matéria que "você é procurado pelas pessoas, seja para promover ou ajudar ou o que quer que seja, e nunca sabe como essas coisas vão acontecer, às vezes é um risco”. | ||
MINHA OPINIÃO: o principal argumento de que o influenciador digital não pode prever ou se responsabilizar pelos anunciantes que ele divulga é a comparação com o que um veículo de mídia anuncia nas propagandas. Por exemplo, a Globo não é responsabilizada se um anunciante de uma propaganda durante o Jornal Nacional for alvo de processo ou condenação. | ||
Contudo, acho equivocada a comparação entre influenciador digital e um veículo de mídia. A comparação mais próxima seria com um(a) garoto(a) propaganda de um comercial, ou seja, a pessoa é responsável pela marca que ela autoriza sua imagem (um exemplo é a relação entre Tony Ramos e Friboi). | ||
Não só olhar pelo lado da influência sobre a audiência, mas também a reputação: seria péssima uma imagem de influenciador que só se envolve em empresas com suspeita de fraude ou corrupção. | ||
NOVIDADE DA SEMANA | ||
Zeeng Talks no próximo dia 23/01 | ||
Estarei no próximo Zeeng Talks com a Carol Zaine (VERT) e Eduardo Prange (Zeeng) para falar um pouco da cultura de dados no mercado. É uma satisfação enorme estar com esses dois profissionais para falar de um assunto que tem muito pano para manga. | ||
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