O que escondem de você.
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O que escondem de você.

Faz algum tempo que não apareço por aqui. Pra ser sincero, faz um tempo que abandonei quase todos os meus projetos. Desde então, minha vida deu guinadas que eu, principalmente o eu que começou esse newsletter para falar de literatura algum te...

Enrich Vasconcelos
3 min
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Faz algum tempo que não apareço por aqui. Pra ser sincero, faz um tempo que abandonei quase todos os meus projetos. Desde então, minha vida deu guinadas que eu, principalmente o eu que começou esse newsletter para falar de literatura algum tempo (mais de 1 ano) atrás, não esperaria. Quando se vê algo tão de perto como vejo agora, é difícil mensurar o real peso das coisas, então não me atrevo, ainda, a dizer que elas foram em uma direção melhor ou pior do que eu esperava, mas existem coisas que eu consigo dizer, e essas coisas são as que esconderam de você enquanto você crescia.

Quando somos pequenos, adultos sempre nos dizem o que devemos ou não devemos fazer. Na maior parte das vezes, acho que eles podem ter alguma razão. Mas são as coisas que eles não dizem e que acabam sendo descobertas com o tempo que são as responsáveis pelas maiores frustrações, muitíssimo maiores do que as birras que pegamos quando nossas mães nos dizem para não pintar as paredes da casa. 

Quando se cresce, se está sempre cansado. Não digo apenas fisicamente, pois esse é o óbvio e palpável, a qual todos nós, em algum momento, sentimos quando nos submetemos a qualquer tipo de jornada laboral. Digo mentalmente, sentimentalmente. O período entre o desabrochar da adolescência, o amadurecimento enquanto jovem adulto e o de responsabilidades maduras que o mundo impõem a você, é tão curto, se comparado ao resto da vida, mas tão movimentado quanto todo o resto dela. No fim, estamos quase sempre um pouco mais fracos, sós e cansados que anteriormente.

Durante um grande período de tempo, tive uma visão extremamente otimista da vida. Até que não tive mais. Hoje, passos os dias sempre a ponderar qual a pior coisa que irá(!) acontecer, com leves espasmos nervosos e picos de ansiedade no meio tempo. Sempre me considerei um bom amigo, até que parei de ser. Não por simplesmente ter desistido, todos sabem como tenho tentado. Mas eu, e todos nessa fase da vida, parecem tão exauridos, que as coisas parecem não funcionar. Um encontro ou festa entre amigos então, é algo digno de ser feito em uma planilha de Excel. 

Não me entenda mal, não estou reclamando das coisas como são (embora eu devesse), existem pessoas com muito mais problemas do que eu e que seguem suas vidas normalmente (invejo-as). Só queria saber um pouco mais a respeito de como seria a vida adulta quando eu era mais jovem, não que eu fosse escutar. Talvez tivesse aproveitado um pouco mais antes de ser lentamente dilapidado pelo tempo. E pelo cansaço. Mas não vou culpar os adultos. Eles deviam estar muito cansados para sequer pensar em como explicar isso. Talvez quando for minha vez, eu tenha um pouco mais de disposição para tal (provavelmente não terei.)

Até uma próxima, possivelmente com algum livro (se eu conseguir terminar aquele que comecei faz alguns meses e estou sempre cansado para continuar).