Ele quer ser o amigo da onça.
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Ele quer ser o amigo da onça.

Vidas foram perdidas, empregos foram perdidos, empresas foram perdidas, economias familiares foram perdidas. Famílias foram perdidas. O preço não pode ser um acordo sem punição a quem promoveu toda a desestabilização de uma nação em troca de poder.

HS Naddeo
5 min
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Ministro Alexandre de Moraes - Onça
Ministro Alexandre de Moraes - Onça

Tréguas são obtidas de duas formas: ou por um intermediário pacificador ou por quem sabe que vai perder se continuar. É como se já não tivesse mais balas suficientes para continuar a luta por muito tempo já tendo usado até as armas químicas de seu arsenal. Só um oponente muito misericordioso para aceitar uma trégua depois de apanhar muito, perder muito, sofrer ataques com feitos com as estratégias e armas mais desleais desde que assumiu o cargo e as funções e obrigações inerentes a ele. Em qualquer briga só quem sabe que vai perder pede para parar.

Não é do povo que os ministros do STF e os políticos têm medo. E daqueles que o povo apoia, e que existem para apoiar a nação e não o staff de plantão que a dirige. Sabem que eles não entram em briga para perder, e o Brasil inteiro está mostrando que tem lado, inclusive as forças de segurança estaduais. A farsa não está mais conseguindo controlar a realidade.

O mundo começa a saber com mais assertividade a realidade do que está acontecendo aqui porque os olhos da economia mundial estão acompanhando o que acontece no país que alimenta 1/5 da população do planeta terra. O país que teve durante a pandemia só caiu menos que Japão, com 4,4% contra 4,1% dos japoneses, enquanto os poderosos países europeus tiveram quedas no PIB que chegaram as 13% em alguns países. O país que, não fosse a excessiva quantidade de falsas crises iniciadas para sabotar as ações do governo, cresceria até 6,5% esse ano, mas que, ainda assim, deve crescer ao menos 5%.

Os fiascos das viagens de Lula pelo país, recebido por meia dúzia de gatos pingados enquanto aparece disparado em pesquisas feitas por empresas cujos donos deveriam estar presos são contrastes escandalosos quando confrontamos as viagens de Jair Bolsonaro, que onde vai é recebido por milhares e milhares de pessoas e perderia para Lula em qualquer cenário nas mesmas tais pesquisas. Nem a imprensa consegue esconder, tanto que prefere nem divulgar uma coisa ou outra para não ter que dar a notícia ao invés da narrativa, porque não vai colar.

Lembra que foi o ministro Fux que cancelou unilateralmente o encontro de chefes de poderes e ainda fez discurso com beicinho?

Fosse eu o presidente da república não faria reunião alguma, gesto algum, muito menos gesto público exigido pelo STF como condicionante para realizar uma reunião que eu não pedi com quem me sacaneou desde o dia que eu tomei posse. E não faria porque me sacanearam. Não faria porque não faço acordo com bandido. E se existisse um plano de ação que realmente estivesse colocando medo e forçando essa ação do STF, eu manteria do jeito que foi planejado, porque se não for assim não será de jeito algum. O tempo de diálogo e respeito ao oponente já passou. Como coloquei no título do meu artigo anterior, chegou a hora de alguém perder.

A movimentação preparada para 7 de setembro de 2021 tem que continuar a ser mantida e incentivada no que será a maior e mais verdadeira manifestação pela democracia brasileira, porque é uma manifestação pela liberdade, pelos nossos direitos básicos de ir e vir, de liberdade de expressão, de propriedade privada, de trabalho, de viver em segurança, de ter saúde pública para toda a população, de ter água tratada, de ter esgoto canalizado, de ter educação que não doutrine ou deturpe os novos brasileiros que um dia serão os adultos que comandarão esse país. E só a educação a longo prazo resolverá isso. Se começar amanhã leva pelo menos 50 anos para se estabelecer na cultura.

Demoramos muito para chegar no lugar que chegamos. Nossas instituições foram destruídas. Vidas foram perdidas, empregos foram perdidos, empresas foram perdidas, economias familiares foram perdidas. Famílias foram perdidas. O preço não pode ser um acordo sem punição a quem promoveu toda a desestabilização de uma nação em troca de poder. Não é justo com a sociedade que há décadas financia essa pouca vergonha e que acredita agora que é chegada a hora de virar essa página sem que a anterior termine com reticências. Isso só será possível com o fim desse sistema imundo frequentado pelo ajuntamento do pior que já passou pela história da política e do judiciário brasileiros.

Não, ministro, essa amizade não vai rolar. Aquele amigo da onça, falso, que vive colocando os outros em situações embaraçosas, como fazia o personagem do cartunista pernambucano Péricles Albuquerque Maranhão, não tem espaço nessa conjuntura. Onças não costumam desistir de suas presas quando estão prontas para dar o bote. Para onças, missão dada é missão cumprida. E existe uma missão a ser cumprida no Brasil, de fazer uma faxina constitucional na república, recolocando cada poder em seu lugar, a constituição como lei máxima e inviolável por quem quer que seja, em nome de uma sociedade cansada de ser sacrificada para enriquecer políticos e magistrados que comem lagostas e só bebem vinhos importados que tenham recebido pelo menos quatro prêmios internacionais.

A única e utópica bandeira branca aceitável a essa altura é a deposição das armas e a rendição total, o que implicaria numa sucessão de renúncias cuja possibilidade só não é menor do que encontrar com Papai Noel de verdade colocando presentes embaixo da árvore num domingo de páscoa. É reconhecer publicamente que perdeu.

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