Todo porco grita quando sabe que vai morrer - versão 2022
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Todo porco grita quando sabe que vai morrer - versão 2022

Para onças, por exemplo, porcos são presas fáceis e apetitosas, e seus gritos um convite ao banquete.

HS Naddeo
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Crédito imagem - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Crédito imagem - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Estava eu sentado aqui pensando em como seria meu artigo de hoje. Elaborei diversas linhas de pensamentos, fui, voltei, li notícias diversas, redes sociais... Mas, não me saía da cabeça o artigo que escrevi em 16/9/2021, que falava do momento político e judicial (que mudou pouco, na verdade só se agravou) e que falava das eleições deste ano, cujo título é o mesmo e que decidi reutilizar, acrescentando "versão 2022". Como em termos de mensagem o artigo expressa a mensagem que creio ser fundamental, decidi utilizar praticamente ele todo, com algumas alterações e acréscimos, além de também mudar a imagem que o ilustra. Confesso que no primeiro momento achei que poderia estar sendo preguiçoso, ou com medo de que, quem leu o artigo anterior, me achasse assim. Mas, de fato, eu já havia escrito o que gostaria de dizer, e que precisa ser dito novamente. Assim, deixarei os acréscimos e alterações em itálico e negrito para que as alterações fiquem evidenciadas. E no final deixarei o link para a primeira publicação que utilizou este título.

Todo porco grita quando sabe que vai morrer

Se você nunca viu um porco sendo preparado para morrer, eu não recomendo a cena. É quase impossível não sentir pena. Só quem sabe matar porcos se mantém firme até o fim. Assim que começam a raspar seus pelos ele começa a gritar, e vai até o momento final do abate. E há quem diga que quanto mais dó tiverem do animal enquanto ele é abatido, mais ele demora para morrer.

O que temos visto são porcos gritando enquanto seus pelos são raspados publicamente pela realidade. Porcos que trabalhavam e ainda tentam trabalhar para transformar o Brasil em um imenso chiqueiro. Fizeram da república uma pocilga, querendo preservar a ração balanceada para si e deixar a lavagem para o resto do povo. Não por acaso A revolução dos bichos, de George Orwell, foi comandada por porcos.

É difícil prever até quando teremos que aturar esses porcos gritando como se estivessem realmente no comando, e o quanto ainda se terá de pena deles fazendo essa morte mais lenta. E mesmo assim eles gritam, incomodam, porque é gritando que porco sabe morrer.

A desordem da república brasileira está com os dias contados. Uma nova ordem deve se estabelecer no Brasil, e não sairá barata para lado algum. Alguém tem que perder, e são os porcos que estão gritando.

O jogo meramente sujo já não tem encontrado ambiente para fazer eco. Basta ver as manifestações das ruas desde o resultado das eleições. São milhões de brasileiros que não aceitam mais serem enganados e manipulados por poderes corrompidos e por uma imprensa majoritariamente suja. Acontece que eles perderam a credibilidade, a legitimidade e a autoridade. Eles não têm mais para quem falar. Portanto, esse jogo não funciona mais. E eles gritam mais alto.

A ralé com mandato no Congresso Nacional sabe que perdeu, Câmara e Senado, o judiciário sabe que perdeu. E eles gritam. A toque de caixa vão tentando mexer nas leis enquanto o mandato não acaba, pois um novo congresso foi eleito e, ao que tudo indica, não será formado por gente que se contenta com farelo e lavagem, e também não parece disposta a viver na lama. Ao contrário, o rebanho será muito menor. Os porcos que sobrarem terão que conviver com gente que gosta das coisas limpas, o que fará dos porcos cada vez mais sujos e destacados no ambiente, pouco a pouco se encaminhando para o abate.

Ao contrário dos porcos reais, do qual se diz que se aproveita tudo, até o rabo, dos suínos que ainda ostentam poder e mandato eletivo não se aproveita nada, nem mesmo o rabo. Certos deputados e senadores serão tão inúteis para a sociedade quanto são enquanto têm o mandato, com a vantagem de que não terão mais o poder e a estrutura de proteção legal que um político tem para exercer sua atividade. Os criminosos serão apenas criminosos comuns. Da mesma maneira os togados que sobreviverem ao primeiro abate, os porcos que ainda não gritam. Aos que já gritam e esperneiam desesperadamente, não caberá piedade, gritem quanto gritarem.

A renovação de verdade foi feita nas eleições e, como disse no artigo original, o Senado agora será capaz de produzir mudanças significativas, além de uma boa renovação acontecida na Câmara e que nos dá esperanças de dias melhores. Mas, será o Senado o ponto de inflexão, deixando de chancelar as sandices provenientes da Câmara dos Deputados. O legislativo voltará a ter um equilíbrio de forças inexistente no atual cenário. Será o Senado também o responsável pelo reequilíbrio dos três poderes, desde que faça seu trabalho e recoloque o judiciário no lugar que deve ocupar na república. Não podemos desperdiçar a chance de restabelecer os fundamentos da nossa república.

Não vamos nos assustar com os gritos. São altos, fortes, mas inúteis. Quando o porco chega nesse estágio do processo de abate não tem mais volta. E que ele reze para seu carrasco não sentir pena para morrer mais rápido. As forças que se levantaram contra os porcos são imparáveis. Para onças, por exemplo, porcos são presas fáceis e apetitosas, e seus gritos um convite ao banquete.

Que possamos muito em breve parar de ouvir esses gritos e no lugar poder ouvir diálogos que sejam consoantes com os ambientes nos quais acontecem. Que o legislativo volte a falar de Brasil ao invés de falar de partidos e de politicagem. Que o judiciário volte a falar de leis ao invés de falar de política e interferir nos outros poderes da república. Que uma oposição madura discuta o país e não os anos de cadeia aos quais seus líderes foram condenados por corrupção. Que a imprensa volte a noticiar fatos e deixe de ser novela, e que a novela deixe de ser um instrumento de manipulação e de mentir para as pessoas.

O Brasil entrou em um novo momento, porque o povo aderiu a essa agenda e já demonstrou que não aceita mais abrir mão dela. O único jeito de levar nosso país a um salto de qualidade em nossa democracia é promovendo uma profunda ruptura com o sistema instalado. Não há convivência possível entre uma agenda desenvolvimentista para o Brasil e o coronelismo suíno praticado por todo esse simbolismo do atraso corrupto que ainda ocupa cargos no judiciário e no legislativo. E se não é possível que a mudança seja feita da forma pacífica como todos gostariam, e como deveria ser, que seja da maneira como os porcos escolheram para morrer. O fato é que gritariam do mesmo jeito, afinal, porcos não pensam, só agem instintivamente achando que estão fugindo da morte, quando na verdade criando seus próprios caminhos para chegar no único destino que lhes resta, o abatedouro.

Não pense que há outro caminho. E a gritaria é por isso. Todo porco grita quando sabe que vai morrer.

Artigo original - 16/09/2021 - Todo porco grita quando sabe que vai morrer


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