Giro do final de semana #1, 15/08/2022
0
0

Giro do final de semana #1, 15/08/2022

Série C, Internacional, Dybala, João Félix, Lewandowski, Barcelona... e muito mais. Giro do final de semana!

Jorge Luiz Filho
6 min
0
0

Série C - Definidos os classificados

Chegou ao fim a primeira fase da Série C de 2022.

Falei tudo sobre a projeção para a segunda fase em outro texto, que pode ser acessado aqui.

Trago uma questão que foi discutida por mim e por outros amigos no domingo, na Rádio Guaíba, e que comentei hoje, via Twitter, de times terem tempo para criarem seus projetos.

Mora aí uma vantagem que a C tem em relação à A e à B: calendário.

Email image

Com apenas 1 jogo por semana, os treinadores conseguiram tempo ao longo das 19 rodadas para evoluírem seus projetos, até mesmo fazendo grandes mudanças e lidando com vendas de jogadores (comum na série C).

Um exemplo é o Figueirense, de Júnior Rocha, que já está com sua quarta configuração diferente no ano, sempre competindo bem. A última mudança ocorreu há poucas semanas e, ao menos no curto prazo, funcionou.

Será que funcionaria tendo 1 jogo a cada 3 dias?

Não à toa temos projetos interessantes entre os 8 finalistas, que podem incomodar na Série B em caso de continuidade (bom lembrar que o Mirassol eliminou o Grêmio da Copa do Brasil há alguns meses). 

Internacional - eliminado vs Melgar, fez grande jogo vs Fluminense

Comentei ontem, na Rádio Guaíba, que acho que o Melgar não se classificaria na Sul-Americana se enfrentasse os mesmos jogadores que enfrentou, mas com eles usando uniformes diferentes, em outro estádio, defendendo outro time.

Sim, creio que se os jogadores que o Inter escalou naquela noite jogassem com a camisa, sei lá, do Goiás, no Serra Dourada, o resultado teria sido diferente.

Mas por que isso?

A resposta mora no mundo corporativo/empresarial.

Quando os sócios de uma empresa estão brigados, sua diretoria em crise e os números não estão bom, a tensão desce pela estrutura organizacional e atrapalha todo mundo, até o estagiário.

Poucos segundos são necessários para identificarmos um ambiente pesado, carregado, complicado. E é isso que, de longe, sinto no Inter.

Os problemas de gestão e identidade descem até o campo e impactam cada ação de cada jogador. Como se o volante, que dá aquele passe perigoso, estivesse mais incomodado, com a perna mais pesada, e logo tende a errar o que acertaria em outro cenário.

Dias depois do cenário de pressão extrema, de perigo de desclassificação, num contexto mais tranquilo, de pontos corridos... vitória. Contra o segundo ou terceiro melhor time do momento, que briga pelo título.

Mesmo time, praticamente a mesma semana... tudo diferente. Mais alívio. Menos tensão nos gestos, menos desconforto em cada ação.

O pagamento de uma dívida não coloca a bola dentro da rede, mas o não pagamento dela, indiretamente, atrapalha o atacante que chega na cara do gol.

A bola não entra por acaso.

Dybala - o novo Rei de Roma

Roma tem um novo líder.

Paulo Dybala, que já era líder do projeto da Juventus, agora manda no time de José Mourinho. Ficou claro na estreia do campeonato italiano, fora de casa.

Linha de 3 zagueiros, Karsdorp e Spinazzola nas alas, Cristante-Pellegrini volantes, Abraham na referência do ataque (fez bom jogo), Zaniolo partindo da esquerda (também influente e com liberdade)... e Dybala.

Nota-se que é o centro do time em cada posse. Zaniolo também tem liberdade, o que conquistou pela grande qualidade que tem, mas precisa trabalhar mais que o argentino.

Se alguém tiver em perigo e puder passar pra Zaniolo ou pra Dybala, passará pra Dybala.

Mesmo que não tenha feito o jogo da sua vida vs Salernitana, será nítido que a Roma será um time mais confiante pela presença de Paulo Dybala; logo, também veremos os adversários mais preocupados com a Roma, por conta do camisa 21, que pode decidir qualquer jogo a qualquer momento.

Junto com Arsenal (o quarteto jovem da frente me encanta) e Sevilla (quero ver o encaixe de Isco e Papu Gómez), a Roma é o time que mais quero acompanhar nessa temporada.

Tomara que ela nos proporcione bons textos.

João Félix - O Dybala de Madrid

Dybala é um craque, mas também é alguém complicado. Não é todo ambiente e cenário que suporta ele.

É um jogador específico, de difícil encaixe.

Não é centroavante, não é meia e não é ponta. Também não é veloz. Não é o maior dos artilheiros, mesmo que tenha gol. Joga numa faixa específica do campo e sempre precisa estar se movimentando, tendo contato com a bola.

Com tudo isso, realmente não é qualquer coletivo que encaixa. Ele mesmo não se adapta a qualquer cenário. Há que ter concessões dos 2 lados para que funcione; e tendo, o time ganha alguém pra criar gols, e o craque ganha um contexto que simplesmente o permita jogar (o que quase nunca foi possível na Argentina, por exemplo).

Mas por que estamos falando de Dybala de novo?

Porque tudo que foi falado aqui serve para João Félix. É o mesmo cenário, só que com outra perna preferida.

João é incompreendido. Pela adaptação e por lesões, muitos esqueceram que se trata de um potencial melhor jogador do mundo, e já é um dos melhores.

Na estreia do Atlético de Madrid, deixou 3 assistências.

É Paulo Dybala.

Simeone não vai conseguir colocá-lo na função de Carrasco ou de Llorente; também não terá um centroavante em João Félix. Tampouco terá um meio-campista, como é Lemar ou Koke, com ele.

Mas colocando ele, terá futebol.

E curioso que o Atlético tem outro Félix/Dybala. Um pouco mais adaptável, mas Griezmann tem argumentos parecidos.

Mora nessas concessões, adaptações e dificuldades o grande valor de acompanhar uma temporada inteira.

Espero escrever mais sobre João Félix por aqui.

Barcelona - decepcionou, mas deixou uma lição/reflexão

O 0-0 vs Rayo me deixou uma reflexão.

Falei acima sobre respeito, sobre o fato de que os times que enfrentarem a Roma já entrarem em campo diferentes sabendo que há do outro lado alguém que pode decidir jogos a qualquer momento.

Robert Lewandowski é isso.

Porém, diferente de Dybala, que joga mais recuado que o 9 e tem mais influência na construção do jogo, Lewan precisa mais do coletivo e recompensa a entrega de todos colocando a bola nas redes como ninguém.

Dito isso, no empate por 0-0 na estreia, foi possível observarmos alguns cruzamentos do Barcelona, e eles me chamaram a atenção por um detalhe: o temor que há nas defesas com a presença de Lewandowski.

Muitas vezes, o polonês arrasta mais de um defensor consigo, por que sabe-se que a chance de gol é gigante se ele receber dentro da área; e se mais de um defensor o acompanha, alguém sobra, o que pode ser um trunfo para o Barcelona.

Zidane falava muito e orientou o Real Madrid na final da Champions de 2017 a chegar no fundo e cruzar pra trás. Venceu aquela final com 3 gols que partiram dessa estratégia.

Agora, Xavi, sabendo que tem na área alguém que dá medo no adversário, pode-se aproveitar de algo mais ou menos parecido para criar chances.

Chance de Raphinha, Dembélé, Fati, Pedri, Frenkie, Kessie e cia marcarem uns golzinhos.

Voltamos na semana que vem, com mais um Giro do final de semana.