Série C, Internacional, Dybala, João Félix, Lewandowski, Barcelona... e muito mais. Giro do final de semana!
Série C - Definidos os classificados | ||
Chegou ao fim a primeira fase da Série C de 2022. | ||
Falei tudo sobre a projeção para a segunda fase em outro texto, que pode ser acessado aqui. | ||
Trago uma questão que foi discutida por mim e por outros amigos no domingo, na Rádio Guaíba, e que comentei hoje, via Twitter, de times terem tempo para criarem seus projetos. | ||
Mora aí uma vantagem que a C tem em relação à A e à B: calendário. | ||
Com apenas 1 jogo por semana, os treinadores conseguiram tempo ao longo das 19 rodadas para evoluírem seus projetos, até mesmo fazendo grandes mudanças e lidando com vendas de jogadores (comum na série C). | ||
Um exemplo é o Figueirense, de Júnior Rocha, que já está com sua quarta configuração diferente no ano, sempre competindo bem. A última mudança ocorreu há poucas semanas e, ao menos no curto prazo, funcionou. | ||
Será que funcionaria tendo 1 jogo a cada 3 dias? | ||
Não à toa temos projetos interessantes entre os 8 finalistas, que podem incomodar na Série B em caso de continuidade (bom lembrar que o Mirassol eliminou o Grêmio da Copa do Brasil há alguns meses). | ||
Internacional - eliminado vs Melgar, fez grande jogo vs Fluminense | ||
Comentei ontem, na Rádio Guaíba, que acho que o Melgar não se classificaria na Sul-Americana se enfrentasse os mesmos jogadores que enfrentou, mas com eles usando uniformes diferentes, em outro estádio, defendendo outro time. | ||
Sim, creio que se os jogadores que o Inter escalou naquela noite jogassem com a camisa, sei lá, do Goiás, no Serra Dourada, o resultado teria sido diferente. | ||
Mas por que isso? | ||
A resposta mora no mundo corporativo/empresarial. | ||
Quando os sócios de uma empresa estão brigados, sua diretoria em crise e os números não estão bom, a tensão desce pela estrutura organizacional e atrapalha todo mundo, até o estagiário. | ||
Poucos segundos são necessários para identificarmos um ambiente pesado, carregado, complicado. E é isso que, de longe, sinto no Inter. | ||
Os problemas de gestão e identidade descem até o campo e impactam cada ação de cada jogador. Como se o volante, que dá aquele passe perigoso, estivesse mais incomodado, com a perna mais pesada, e logo tende a errar o que acertaria em outro cenário. | ||
Dias depois do cenário de pressão extrema, de perigo de desclassificação, num contexto mais tranquilo, de pontos corridos... vitória. Contra o segundo ou terceiro melhor time do momento, que briga pelo título. | ||
Mesmo time, praticamente a mesma semana... tudo diferente. Mais alívio. Menos tensão nos gestos, menos desconforto em cada ação. | ||
O pagamento de uma dívida não coloca a bola dentro da rede, mas o não pagamento dela, indiretamente, atrapalha o atacante que chega na cara do gol. | ||
A bola não entra por acaso. | ||
Dybala - o novo Rei de Roma | ||
Roma tem um novo líder. | ||
Paulo Dybala, que já era líder do projeto da Juventus, agora manda no time de José Mourinho. Ficou claro na estreia do campeonato italiano, fora de casa. | ||
Linha de 3 zagueiros, Karsdorp e Spinazzola nas alas, Cristante-Pellegrini volantes, Abraham na referência do ataque (fez bom jogo), Zaniolo partindo da esquerda (também influente e com liberdade)... e Dybala. | ||
Nota-se que é o centro do time em cada posse. Zaniolo também tem liberdade, o que conquistou pela grande qualidade que tem, mas precisa trabalhar mais que o argentino. | ||
Se alguém tiver em perigo e puder passar pra Zaniolo ou pra Dybala, passará pra Dybala. | ||
Mesmo que não tenha feito o jogo da sua vida vs Salernitana, será nítido que a Roma será um time mais confiante pela presença de Paulo Dybala; logo, também veremos os adversários mais preocupados com a Roma, por conta do camisa 21, que pode decidir qualquer jogo a qualquer momento. | ||
Junto com Arsenal (o quarteto jovem da frente me encanta) e Sevilla (quero ver o encaixe de Isco e Papu Gómez), a Roma é o time que mais quero acompanhar nessa temporada. | ||
Tomara que ela nos proporcione bons textos. | ||
João Félix - O Dybala de Madrid | ||
Dybala é um craque, mas também é alguém complicado. Não é todo ambiente e cenário que suporta ele. | ||
É um jogador específico, de difícil encaixe. | ||
Não é centroavante, não é meia e não é ponta. Também não é veloz. Não é o maior dos artilheiros, mesmo que tenha gol. Joga numa faixa específica do campo e sempre precisa estar se movimentando, tendo contato com a bola. | ||
Com tudo isso, realmente não é qualquer coletivo que encaixa. Ele mesmo não se adapta a qualquer cenário. Há que ter concessões dos 2 lados para que funcione; e tendo, o time ganha alguém pra criar gols, e o craque ganha um contexto que simplesmente o permita jogar (o que quase nunca foi possível na Argentina, por exemplo). | ||
Mas por que estamos falando de Dybala de novo? | ||
Porque tudo que foi falado aqui serve para João Félix. É o mesmo cenário, só que com outra perna preferida. | ||
João é incompreendido. Pela adaptação e por lesões, muitos esqueceram que se trata de um potencial melhor jogador do mundo, e já é um dos melhores. | ||
Na estreia do Atlético de Madrid, deixou 3 assistências. | ||
É Paulo Dybala. | ||
Simeone não vai conseguir colocá-lo na função de Carrasco ou de Llorente; também não terá um centroavante em João Félix. Tampouco terá um meio-campista, como é Lemar ou Koke, com ele. | ||
Mas colocando ele, terá futebol. | ||
E curioso que o Atlético tem outro Félix/Dybala. Um pouco mais adaptável, mas Griezmann tem argumentos parecidos. | ||
Mora nessas concessões, adaptações e dificuldades o grande valor de acompanhar uma temporada inteira. | ||
Espero escrever mais sobre João Félix por aqui. | ||
Barcelona - decepcionou, mas deixou uma lição/reflexão | ||
O 0-0 vs Rayo me deixou uma reflexão. | ||
Falei acima sobre respeito, sobre o fato de que os times que enfrentarem a Roma já entrarem em campo diferentes sabendo que há do outro lado alguém que pode decidir jogos a qualquer momento. | ||
Robert Lewandowski é isso. | ||
Porém, diferente de Dybala, que joga mais recuado que o 9 e tem mais influência na construção do jogo, Lewan precisa mais do coletivo e recompensa a entrega de todos colocando a bola nas redes como ninguém. | ||
Dito isso, no empate por 0-0 na estreia, foi possível observarmos alguns cruzamentos do Barcelona, e eles me chamaram a atenção por um detalhe: o temor que há nas defesas com a presença de Lewandowski. | ||
Muitas vezes, o polonês arrasta mais de um defensor consigo, por que sabe-se que a chance de gol é gigante se ele receber dentro da área; e se mais de um defensor o acompanha, alguém sobra, o que pode ser um trunfo para o Barcelona. | ||
Zidane falava muito e orientou o Real Madrid na final da Champions de 2017 a chegar no fundo e cruzar pra trás. Venceu aquela final com 3 gols que partiram dessa estratégia. | ||
Agora, Xavi, sabendo que tem na área alguém que dá medo no adversário, pode-se aproveitar de algo mais ou menos parecido para criar chances. | ||
Chance de Raphinha, Dembélé, Fati, Pedri, Frenkie, Kessie e cia marcarem uns golzinhos. | ||
Voltamos na semana que vem, com mais um Giro do final de semana. | ||