A garra começa no otimismo
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A garra começa no otimismo

Pedro Fornaza
3 min
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Um texto que eu escrevi

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A garra começa no otimismo

Lendo o livro Garra (que indiquei na semana passada), aprendi um pouco sobre otimismo e pessimismo. Ser otimista é um conselho de praxe, mas o que realmente significa?

De modo geral, significa que temos esperança, que encaramos as situações de uma maneira diferente. O jeito mais fácil de entender é comparando como os otimistas que veem os problemas: é sempre uma causa temporária ou interna. Já nos negativos é o contrário, uma causa externa ou permanente.

Quando chega atrasado, o otimista vai justificar com algo que é possível corrigir e que foi uma falha pontual dele, como ele ter saído de casa muito tarde ou não ter se preparado. Já o pessimista vai culpar algo externo ou imutável, como ser realmente desorganizado e atrasado (como se fosse algo impossível de mudar, né?!) ou o trânsito.

A parte mais interessante disso é a ligação do otimismo com a garra e a capacidade de perseverar. Através de estudos, foi comprovado que a maneira que encaramos adversidades muda totalmente o nosso nível de garra no futuro.

A conclusão em alguns estudos foi de que quem passou por estresse e conseguiu superar e manter o controle, teve mudanças no cérebro, fazendo com que a pessoa seja mais resiliente e tenha mais garra no futuro. Quem passa por um estresse mas não consegue enfrentar e passa para um estado de desamparo, no futuro, como efeito, tem uma mentalidade desistente e derrotista.

Conforme o mundo evoluiu, mesmo ainda com grandes dificuldades, fome e pobreza, a vida é infinitamente mais confortável que antigamente. Os jovens de hoje em dia passam por menos dificuldades e por desafios menos intensos. Se levarmos a teoria em conta, essa falta de adversidades não cria a adaptação necessária no cérebro.

A consequência é gente psicologicamente mais frágil, pessimista e com tendência a desistir muito mais fácil. O esforço passa a ser cada vez menos intenso e menos frequente, e um maior sacrifício quando é necessário.

Junto a isso, o desenvolvimento das crianças vem sendo de uma forma onde todas são tratadas como especiais, cheias de talentos e sempre elogiadas. Não raro, elas são isoladas de "perigos inofensivos" e situações onde podem errar e aprender. Os adultos estão sempre por perto para deixar tudo nos eixos.

Tudo isso gera uma mentalidade rígida, onde, ao sinal do primeiro desafio mais cascudo, essas pessoas se retraem e se sentem desamparadas. Elas não aprenderam a lidar com isso e acreditam que seu talento é limitado.

A mentalidade rígida anda lado a lado com a negatividade, desaguando, no longo prazo, em sinais de depressão, ansiedade e tudo o mais.

Talvez a grande epidemia de problemas atuais tenha um pouquinho a ver com a nossa falta de treino com situações complexas e uma adaptação gradual durante o crescimento. Quando confrontados com a realidade, já adultos, o estrago é grande demais para conseguirmos resolver com nossa pequena caixa de ferramentas.


Uma reflexão que eu vi

"Life rewards action, not intelligence.

Em tradução livre: "A vida premia a ação, não a inteligência. Muita gente brilhante se convence de não começar e ser inteligente não ajuda muito sem a coragem de agir. Você não pode vencer se não estiver no jogo".

A citação foi postada na newsletter semanal de James Clear.

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