O poder das histórias
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O poder das histórias

Pedro Fornaza
3 min
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Um texto que eu escrevi

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O poder das histórias

Quem leu meus posts anteriores percebeu que eu citei muitas vezes mitos e histórias antigas (aqui em particular, a maioria grega) e usei essas histórias para ilustrar o ponto do texto.

Isso não é por acaso. Além de que, no caso, eles ilustravam bem o meu ponto, eu acredito que no geral, o papel das histórias é esse: ensinar alguma coisa.

O pensamento do ser humano evolui com base em abstrações, ou seja, na nossa capacidade de categorizar coisas parecidas e usar isso como base ou referência para outros conceitos e assim infinitamente.

Em alguns estudos feitos com aldeias distantes e que tinham pouco contato e nenhuma educação formal, mostraram que essas pessoas não conseguiam responder perguntas simples pela falta de referências.

Uma das perguntas era: “No extremo norte, onde há neve, todos os ursos são brancos. Novaya Zemlya fica no extremo norte e há sempre neve. De que cor são os ursos lá?”. Uma resposta interessante foi: "Isso só pode ser respondido por quem já esteve lá.".

A incapacidade de conectar essas ideias na pergunta pode até ser simplista mas ilustra a realidade. A falta de abstração impossibilita a construção de conhecimento.

Como a gente constrói essa capacidade não é o tema do texto mas sim o que fazíamos antes de desenvolver essa capacidade: contávamos histórias (e ainda contamos).

Todas as histórias bem conhecidas tem sempre uma moral, uma conclusão, algo a ser tirado de lição. As histórias que contamos às crianças antes de dormir são maneiras de educá-las sobre assuntos importantes.

Contar histórias é a nossa maneira de transmitir o que aprendemos. Se eu te conheço, você me conta que foi até aquela árvore, e eu consigo ver a árvore, e viu um animal, vou aprender que se eu for até lá vou ver um animal. Você me contou uma história e eu aprendi.

Com o passar do tempo, conforme nossa capacidade de abstração crescia, a complexidade das histórias aumentava. O que hoje chamamos de "mitologia grega" é, basicamente, a religião deles em determinada época.

Claro que aprender como matar um ciclope é inútil hoje em dia, afinal, eles foram extintos há muitos anos. Mas muito desses textos discutem também a natureza humana. Como as pessoas se relacionam, agem, reagem e vivem.

A própria bíblia, mesmo para quem não é religioso ou cristão, é uma fonte imensa de conhecimento. A tecnologia evolui, o mundo gira, as coisas mudam e a natureza humana se repete.

A odisseia conta como alguém é feliz com o que tem e sofre longe da família. Crime e castigo te mostra como a culpa pode consumir alguém por dentro. 1984 explora como uma sociedade totalitária pode ser. O alienista diz que todos temos um pouco de loucura.

Estudar essas histórias, além de poder ser divertido (como é a mitologia grega para mim), é uma ótima maneira de aprender a viver e conviver. Pense melhor na próxima vez que disser só lê não-ficção, quem perde é você.


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