RECHEIO - A IA roubou meu emprego
1
0

RECHEIO - A IA roubou meu emprego

Sim, lá vem eu com papo de Inteligência Artificial novamente... Mas desta vez, vou falar de uma coisa que você realmente quer saber: o ChatGPT vai acabar com os empregos de quem cria conteúdo?

Alberto Cataldi
9 min
1
0
#️⃣ Edição 46
Email image

O ChatGPT vai roubar os nossos empregos?

Sim, lá vem eu com papo de Inteligência Artificial novamente... Mas desta vez, vou falar de uma coisa que você realmente quer saber: o ChatGPT vai acabar com os empregos de quem cria conteúdo?

Não vou nem fazer suspense com a resposta. Eu já digo agora mesmo que... não sei.

Mas, embora o sucesso recente da ferramenta da OpenAI tenha aberto os portões do uso de IA em conteúdo, é importante levar em conta que esse movimento já vem crescendo há pelo menos 4 anos. Muitas empresas já embarcaram nessa.

Até jornal?

Email image

A Associated Press foi uma das primeiras fontes de notícia a investir em IA. Desde 2014, tem uma área inteira dedicada a criação de conteúdo por robôs. A tecnologia também é usada para desenhar estratégias de comunicação, reunir notícias e distribuir. São produções simples e nada é publicado sem que seja aprovado por um editor humano. Parece um limite razoável, certo?

Não para a CNET.

Na última semana, rolou uma polêmica quando a internet descobriu que o site de tecnologia vinha publicando artigos inteiros escritos por robôs há meses. E, ao contrário da AP, os textos eram bem complexos, publicados na seção de finanças sob a assinatura "CNET Money Staff". Mais uma vez, humanos cuidavam da edição e checagem... Mas a qualidade dos textos foi bem questionada.

Email image

Humanos pra que?

Primeiramente, vamos ter clareza em uma coisa: usar IA para desenvolver textos jornalísticos é bem irresponsável. Literalmente. A ideia de um jornalista enquanto autor (acompanhado por outros jornalistas editores e redatores) tem uma função primária fundamental de responsabilização. Não dá para fazer isso com um ChatGPT da vida.

Porém, a IA pode servir muito bem para agregar informações, refinar padrões e até mesmo trabalhar versões de textos a partir de apurações feitas por pessoas.

Mas mesmo para quem não produz conteúdo jornalístico, o uso da IA apresenta problemas claros.

Como falei na semana passada, tenho a Inteligência Artificial como uma das minhas estratégias para 2023. E já venho usando bastante nos últimos meses. Nisso, tenho encontrado problemas. E quero destacar os 2 principais aqui.

Errando com convicção

Email image

Esse é apontado pelos estudiosos da área, assim como pelo Washington Post: a IA erra com convicção. Ela é capaz de entregar sentenças complexas, com dados e afirmações muito convincentes. Mas que, após uma checagem, se revelam completamente erradas.

Não canso de lembrar: o índice de confiança das pessoas está historicamente baixo e esse mar de fake news em que vivemos já é grave o suficiente sem precisar do adicional de informação errada sendo disseminada por máquinas.

Marcas que fazem conteúdo tem a responsabilidade de lidar com esse risco e não apenas terceirizar.

Humanidade artificial

Email image

Máquinas não são pessoas. E sei que estou escrevendo o óbvio, mas apenas depois de ler diversas sugestões de textos criados pelo ChatGPT e exercitando comparações entre artigos criados pela máquina e outros, feitos por humanos, posso dizer que é bem óbvio que o texto artificial é carregado de artificialidade.

A IA não descobre coisas. Ela não se empolga. Ela não se surpreende... Consequentemente, os textos criados por ela também não conseguem transmitir isso. 

E qualquer pessoa que já passou raiva em uma ligação para um SAC implorando para falar com um ser humano de verdade ao invés de um robô amigável sabe: contato humano às vezes é mais importante do que a rapidez de uma resposta.

Mas tudo ainda está bem no início

Enfim, um texto publicado na The Drum na última semana resume bem o dilema. Não há como escapar da chegada da Inteligência Artificial na criação de conteúdo e isso é bom! Mas é importante saber se adaptar a esta nova realidade ao mesmo tempo em que a gente garante que ela não vá tornar tudo o que a gente construiu em uma versão piorada.

Email image

Ou, nas palavras do músico Nick Cave em resposta a uma "letra de música no estilo Nick Cave" criada pelo ChatGPT:

"Algoritmos não sofrem. Dados não sentem. O ChatGPT não tem um ser interior, não foi a lugar nenhum, não enfrentou nada, não teve a audácia de atingir além de suas limitações, portanto não tem a capacidade de viver uma experiência transcendental compartilhada, por não ter limitações sobre as quais transcender. O papel melancólico do ChatGPT é estar destinado a imitar e nunca poder ter uma autêntica experiência humana."

Ou seja: para continuar criando conteúdo em um mundo de IA, o segredo é ser cada vez mais humano. Bom pra nós.

Compartilhar conteúdo
 
 

TESTE RÁPIDO

Qual o volume de buscas de desktop no Google que não rende nenhum clique — ou seja, a pessoa busca, mas não clica em nenhum link dos resultados?

A. 10%

B. 15%

C. 25%

d. 30%

Resposta no final da news!

Email image

RECHEADA DE INFORMAÇÃO

Um gráfico pra você pensar…

Email image
Email image

TÁ QUENTINHO

As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo. 

Não perca o tom

A Forbes publicou uma lista de dicas para manter o tom de marca alinhado mesmo com conteúdos publicados por terceiros (ou frilas). Uma preocupação real e importante que só depende de alinhamento para não dar ruim. Você confere todas as 15 dicas aqui, mas eu selecionei as mais importantes:

  • Tenha um guide de marca (e use!)
  • Mantenha comunicação constante
  • Revise o conteúdo internamente
  • Tenha uma pessoa dedicada para gerenciar os terceiros
  • Garanta precisão, descrição e otimismo nos conteúdos
  • Crie um guia visual e verbal
  • Descreva para quem é o conteúdo
  • Contrate alguém para editar
  • Foque no propósito
  • Tenha uma consultoria estratégica de comunicação

De Shorts e capa

Dá até gosto de ver a quantidade de novidades que o YouTube tem colocado no ar nos últimos meses. As mais recentes têm impacto direto na nossa vida de criação de conteúdo: uma atualização do Analytics agora permite ver a aquisição de assinantes por diferentes tipos de formatos. A visualização de resultados por tipo de conteúdo também ficou disponível na versão mobile. E talvez a principal mudança está no Shorts, que agora permite uma thumb "personalizada" (atenção às aspas), que pode ser escolhida a partir de um frame do vídeo publicado. Uma boa solução enquanto a versão personalizável de verdade não chega.

Email image

Silêncio no Google

Silenciosamente, o Google removeu os embeds de podcast da página de resultados. Antes, sites que contavam com programas de áudio no Google Podcasts podiam ser ouvidos direto da SERP — o que também contava como um clique e uma audição. Agora, não mais. A função estava disponível desde 2019 e fazia parte da estratégia da empresa para crescer no consumo do formato. Um representante confirmou que a retirada foi intencional, mas não deu mais detalhes. Porém, reforçou que o serviço de podcasts da empresa segue firme e forte, assim como seu programa de incentivo para creators.

Email image

Esta é sua última chance de ler a RECHEIO

Mentira... Mas um estudo recente revelou que, sim, a promessa de que um conteúdo só poderá ser visto uma única vez aumenta o engajamento com ele. Pense no efeito Snapchat e suas fotos que sumiam depois de serem vistas. Segundo o professor Uri Barnea, no Journal of Marketing Research, o aviso de que um vídeo só poderia ser visto uma vez fez o público voluntariamente assistir por mais tempo, entender melhor seu conteúdo e lembrar dele com mais clareza. Ou seja, dá para usar isso como estratégia de engajamento. O risco? Segundo Barnea, isso também aumenta a possibilidade de que o público lembre negativamente do conteúdo, já que seu foco estará maior. Ou seja, se vai fazer, faça com conteúdo bom!

Email image

É CASE QUE VOCÊ QUER, @?

Do Marketoonist:

Email image

- Você descobriu como a IA vai impactar nosso negócio?

- Estou trabalhando nisso.

(Busca no ChatGPT: Como a IA vai impactar nosso negócio?)

Email image

É CASE QUE VOCÊ QUER, @?

Então se inspire aqui nesse exemplão de conteúdo.

DuckDuckGo é uma ferramenta de busca concorrente direta do Google. Seu grande diferencial e posicionamento está na privacidade: seus criadores se orgulham em não espiar o que você faz, nem mapear seu comportamento. Eles também defendem que os resultados da busca devem refletir o que você realmente precisa. De olho nisso, eles desenvolveram uma pesquisa científica real-oficial sobre como o Google cria um "efeito bolha" que influencia diretamente o que você vê como resultado de busca.  E como isso, aliado à questão da privacidade, é ruim para as pessoas. Tudo isso foi reunido em um simples e bem elaborado post que, apesar de já ter mais de 4 anos, ainda é bem efetivo. Uma lição de como alfinaetar a concorrência, mas com muito amparo em fatos.

Email image
Email image

BOCADITOS

Links rápidos para leituras demoradas.

Case legal da Spindrift, uma marca de bebidas que criou uma comunidade para gerar buzz de seus produtos.

O Facebook ainda funciona! E aqui as dicas para postar bem por lá em 2023.

Que tistreza... Twitter está pensando em vender usernames para fazer uma grana extra.

30 estatísticas de marketing de conteúdo que você precisa saber!

Email image

Resultado do teste rápido

Opção C. 25%. Mais precisamente, 25,6% das buscas feitas via desktop não geram nenhum clique. Segundo pesquisa da SEMrush, a maior parte dos casos acontece pois o usuário não encontra nenhum resultado satisfatório e refaz a busca com novas palavras. Como você pode tirar proveito disso? Conteúdos que respondam a dúvida rapidamente, mas também aprofundem.

Email image

Obrigado pela leitura!

Esta é a newsletter RECHEIO. Toda quinta-feira, às 07h08, conteúdo que importa direto no seu e-mail.

Por Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo (e memes).

Quer indicar para alguém? É só clicar no botão:

Compartilhar comunidade

Se você ainda não é assinante, tá fácil e grátis:

Inscrever-se na comunidade

Quero saber o que achou! É só responder este email. Mande opiniões, dúvidas e críticas.

Até a próxima!

Email image