A visão de futuro de Zuckerberg
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A visão de futuro de Zuckerberg

#0051: Em quase uma hora de conversa no Impact Theory do Tom Bilyeu, tio Zuck nos ofereceu muito de onde estão sendo investidos U$ 10bi de dólares na construção de um futuro imersivo, eis alguns takeaways da conversa e seus possíveis impactos...

Tiago Ricotta
9 min
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#0051: Em quase uma hora de conversa no Impact Theory do Tom Bilyeu, tio Zuck nos ofereceu muito de onde estão sendo investidos U$ 10bi de dólares na construção de um futuro imersivo, eis alguns takeaways da conversa e seus possíveis impactos em AEC.

Teoria e Prática (1/7)

Até onde a Meta vai ter sucesso em entregar seu mundo imersivo?
Até onde a Meta vai ter sucesso em entregar seu mundo imersivo?

No último 09 de maio de 2022, Mark Zuckerberg concedeu uma horinha de seu tempo para uma entrevista com o Tom Bilyeu para falar das trends metaverso, NFT, web3 e etc. A julgar pelos comentários do vídeo existe uma clara divisão entre a visão de futuro do Zuck e o que as pessoas querem (ou acham que querem). 

Na visão atual a direção da Meta é tornar cada mais imersivas as experiências das conexões humanas ao ponto de chegar a termos o poder de sentir o toque na pele das pessoas em um holograma, ao que muitas pessoas simplesmente refutam dizendo que nada substitui a presença física de alguém.

Não sei o quanto a visão esta enviesada no sentimento de adoção pela solução e esquecendo aquilo que importa, o problema. Fato é que o desenvolvimento daquela visão de novembro de 2021 continua a todo vapor e dobrando as fichas de apostas nessa visão de mundo imersiva.

Talvez a Meta Inc. hoje possa ser comparada ao Xerox PARC (Palo Alto Research Center), pois mesmo que o core da Xerox fosse outro, dali surgiram além da impressora a laser, o computador moderno, programação orientada a objeto, o mouse, a interface gráfica e etc.

A comparação vai na linha do que a Meta Inc. esta desenvolvendo hoje: gadgets dos mais variados tipos (luvas, anéis, óculos, etc), inteligência artificial dos mais variados tipos (sendo a fala para geração de objetos 3D a que mais me chamou a atenção), integração com NFTs e web3, substituição do computador por algo imersivo e o abraço ao open source community.

O Metaverso pode até falhar e cair em desgraça, mas as tecnologias que estão surgindo na construção do Metaverso é algo para ficar de olho, vamos destrinchar um pouco mais as falas da entrevista e imaginar cenário em AEC.

Fim do personal computer? (2/7)

Uma das respostas que mais me levam a refletir sobre a experiência de utilização de tecnologia no futuro é o business model que esta sendo desenhado dentro da Meta.

Já falamos algumas vezes no passado que pode haver uma segregação e criação de uma casta de pessoas que possuem dinheiro para comprar os gadgets que a Meta esta desenvolvendo, mas na big picture a visão do Zuck é perfeita quando ele diz que comprar um óculos só para ele ter uma função de óculos e acessar o Metaverso talvez não seja um compeling forte o suficiente para explodir as vendas.

Mas.... e se a Meta conseguir oferecer o pacote completo em seus hardwares? E se ao invés de você comprar somente um óculos você estivesse comprando também uma TV, um computador, um óculos e um telefone?

Seis meses atrás não fazia muito sentido você assistir TV com um óculos na cara, mas ao demonstrar que esta jogando sério no processo de imersão e mudança de hábito até do trabalho, isto pode sim ser um compeling para que as pessoas sintam a necessidade de comprar os hardwares da Meta.

Por U$ 1000 você ter um dispositivo que é tudo o que uma pessoa precisa para trabalhar e ao invés de comprar notebook e telefone você tem algo (que vão evoluir do que é hoje) que pode substituir teclado, mouse, telefone e monitor além de ser uma internet imersiva creio que financeiramente para as empresas pode valer a pena.

No mínimo intrigante para onde isto vai, basta saber se as pessoas vão querer isto.

Open Source (3/7)

Future is open
Future is open

Bilhões de dólares em investimento na construção de tecnologias para uma internet imersiva ainda pode não ser suficiente para conseguir construir tudo o que é necessário no espaço de tempo que estão propondo.

Tio Zuck usa o exemplo da Microsoft para dizer que o mundo Open pode sim abraçar as APIs e auxiliar no desenvolvimento das coisas e que ele não pretende, de maneira nenhuma, tentar centralizar todo o poder em suas mãos e atacar todos aqueles que estejam desenvolvendo coisas semelhantes como a Microsoft fez tão mal na década de 90/00.

Usando o exemplo do brilhantismo do Satya Nadella que abraçou o Linux e o mundo Open Source, Zuck vai no mesmo caminho de tentar atrair todos aqueles que queiram colaborar nos seus projetos e construir soluções em conjunto.

No momento não existe muita coisa de API para ser consumida, mas gradativamente as coisas vão sendo alimentadas e ele acredita que haverá uma atração de gente da comunidade web3 para trabalhar em conjunto com ele de maneira aberta.

Olhando os comentários do vídeo da entrevista talvez ele esteja sendo muito otimista, mas outra coisa para ficar de olho.

Horizon (4/7)

Construção de coisas de forma bem diferente
Construção de coisas de forma bem diferente

A julgar por alguns vídeos do Horizon de criação de mundos e objetos, creio que a experiência de modelagem é, definitivamente, o principal takeaway da Meta Inc. e aquilo que pode em breve fazer o UX/UI das plataformas de arquitetura e engenharia melhorarem significativamente.

Se você investe X em um software e precisa de Y para ser treinado e mais Z para chegar ao nível Pro, isto tem que ser contabilizado na hora do investimento. Obviamente existem empresas que pensam melhor nessa questão e direcionam esforço para tentar fazer a vida do usuário mais fácil.

Nessa questão, se seu público não é qualificado com diplomas técnicos, pensar em como deixar a criação de conteúdo 3D o mais fácil e simples possível é um tema bem complexo, mas é uma missão que vale o sucesso do negócio.

Daí entra a fala do Zuck na entrevista sobre desenvolver AI que pode fazer o Tony Stark ser real no qual você dita o que quer e as coisas são geradas automaticamente. Talvez se inspirar no Bezos seja outra alternativa quando no final da década de 90 a experiência de compra da internet era muito ruim, mas seria a pior experiência possível somente naquele momento, pois daquilo em diante tudo iria melhorar.

O OpenAI tem várias iniciativas nesse sentido com Deep Learning que podem ser um caminho que a Meta esteja tomando (puro chute..).

Tudo é prioridade (5/7)

Quando tudo é prioridade, nada é.. ou não se você tem U$ 10bi pra investir
Quando tudo é prioridade, nada é.. ou não se você tem U$ 10bi pra investir

Logo no início vem uma das melhores perguntas da entrevista quando o Tom pergunta sobre como priorizar aquilo que deve ser feito primeiro com tantas frentes que precisam ser desenvolvidas ao mesmo tempo?

A resposta do Zuckerberg é bem no estilo StartUp com dinheiro e contra o status quo: não há como ter foco só em uma coisa em um momento em que a Meta Inc. tem o tamanho que tem, logo, existem vários e vários times trabalhando em diversas e diversas frentes diferentes ao mesmo tempo.

O Tom insistiu na pergunta quase que implorando por uma direção daquilo é o que pode impactar no curto prazo e tentando extrair mais da questão de roadmap da Meta, que convenhamos, não tem muita informação sobre lançamentos e etc.

A resposta foi na linha de falar de várias coisas para não dar pistas sobre qual realmente é o fato que vai mudar a visão das pessoas sobre o que a empresa quer fazer, mas diria que o foco em tornar os óculos muito mais parecidos com óculos normais e trabalhar conceitos de holografia com projetores nas hastes é algo para ficar de olho.

A collab entre a Meta e a Ray-Ban ta aí para tentar fazer algo diferente nos óculos. Eu tenho o óculos da Bose, que por mais que seja muito legal atender o telefone e ouvir música com ele, tem um sério problema de bateria com nem uma hora de utilização.

Miniaturização a vista.

Crescimento silencioso (6/7)

Depois da troca de nome no fim do ano passado a Meta Inc. viu seus resultados caírem e muita gente ficar com o pé atrás com a empresa, mas muito disso veio também por conta das mudanças na políticas de coleta de dados por parte da Apple.

Já no Q1/2022 o resultado voltou a atingir as expectativas do mercado em faturamento (contudo o lucro por ação caiu), mas um dado interessante é perceber o quanto tem crescido o interesse no Quest 2, pois quando se olha um aumento de 92% nas vendas de dispositivo AR/VR, temos um market share de 78% de captura do dado de crescimento por parte do Quest 2.

Aí depende do prisma que se quer olhar: se tínhamos quase 6 milhões de dispositivos no mundo e agora temos 11.2 milhões, de fato é um crescimento expressivo para um ano, mas se olharmos a quantidade de usuários que a Meta possui o número ainda esta bem longe do potencial, ainda mais quando a projeção é que em 2026 o número bata 50 milhões, pra estratégia da empresa creio ser número bem tímidos diante do investimento realizado.

Conseguir motivar toda uma empresa de que essa realmente é a melhor estratégia não deve ser fácil, a experiência de trabalhar acreditando em uma estratégia de longo prazo é totalmente diferente de trabalhar duvidando do caminho que esta sendo trilhado.

Vai colar (7/7)

Já perguntamos antes, quem precisa do Metaverso? Entusiastas eu diria, mas talvez a partir de agora a pergunta correta seja: quem precisa da tecnologia envolvida no Metaverso? Aí eu acredito que todo mundo vai ser impactado em menor ou maior escala.

De tudo o que falamos uma coisa que ficou de fora e peço uma especial atenção se você for assistir a entrevista é ver a conversa sobre a interoperabilidade de roupas no Metaverso, pode parecer nada a ver, mas olha a dificuldade que é você comprar uma camisa personalizada em um jogo e utilizar em outro...

A obstinação do Zuck na visão dele é muito grande, recursos para construir ele tem, mas isso não compra compeling de venda, talvez ele tivesse a expectativa de que após o anúncio da Meta em virar Meta e apostar tudo no Metaverso várias outras empresas embarcariam na jornada com ele e ele teria mais fôlego, mas não foi muito isso o que aconteceu, houve anúncios aqui e ali, mas ninguém jogou U$ 10bi em um Research Lab igual ele fez.

Vamos ver o que vai acontecer, enquanto isso nos ajude a crescer o canal compartilhando este conteúdo e seguindo este canal através dos botões abaixo:

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Obrigado,

Abs.

Tiago Ricotta

Publicado em 11 de Maio de 2022 às 16:47