#0055: No último dia 28 de junho de 2022 a parceria entre CONFEA, CREA, Mútua, ABDI e BIM Fórum Brasil apresentaram os resultado da maior pesquisa já feita sobre digitalização no setor de engenharia no Brasil, e eis aqui estão os nossos dois centav..
#0055: No último dia 28 de junho de 2022 a parceria entre CONFEA, CREA, Mútua, ABDI e BIM Fórum Brasil apresentaram os resultado da maior pesquisa já feita sobre digitalização no setor de engenharia no Brasil, e eis aqui estão os nossos dois centavos sobre o tema. | ||
Contexto (1/7) | ||
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Para aqueles que não sabem do que estamos falando já vamos compartilhando de uma vez todos os links pertinentes para o bom entendimento deste texto: aqui você encontra o post no site do BIM Fórum Brasil e aqui você tem o link para o PowerBI com os resultados. | ||
Entre o copo meio cheio e meio vazio eu prefiro ficar com o copo meio cheio, até conversei isso com algumas pessoas pois estando de fora e vendo a comida pronta é fácil falar que poderia ter sido feito tal pergunta, ter utilizado tal método etc., contudo neste caso é melhor ficar com o lado que diz parabéns a todos os envolvidos que dedicaram seu tempo para conseguir não só estruturar a pesquisa, mas também montar os dashboards, trabalhar as estatísticas e limpar a base. | ||
Tendo trabalho mais de dois anos só com dados e estruturando pesquisas de mercado durante a pandemia sei bem como é a dor de validar as respostas e pensar a melhor maneira possível de estruturar as apresentações, as vezes não adianta ir muito fundo nas análises de cara porque simplesmente o público não vai alcançar seu raciocínio, as vezes ficamos viciados e parece simples retirar insights das coisas, mas a verdade é que não é bem assim. | ||
Dito isto uma das coisas que mais achei interessante foi a questão da validação estatística da pesquisa e isto não esta escrito no post ou no PowerBI, foi dito dito no evento de apresentação dos resultados que copio aqui: | ||
“Os resultados da pesquisa são representativos não apenas dos 5000 profissionais que participaram da pesquisa, mas dos 600 mil que formam a população de inferência com um grau de confiança de 95% e uma margem de erro de 2%” | ||
Além dos insights que o time de análise fez, explico um pouco mais sobre o meu ponto de vista do que é uma apresentação dos dados e pensamos mais algumas coisas sobre os resultados que talvez possam ajudar no futuro das ações. | ||
Vamos lá. | ||
Storytelling with Data (2/7) | ||
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Com o advento da pandemia em março/2020 tivemos uma grande missão de organizar a primeira grande pesquisa sobre o futuro do trabalho no Brasil, na época conseguimos capturar mais de 600 resposta de C-Levels e Diretores das maiores empresas atuando no país. | ||
Com os resultados publicados ficamos bem felizes com os feedbacks recebidos, mas um em particular foi marcante e mudou complemente minha história analisando dados e gráficos, o comentário dizia algo como “legal a ideia, mas a apresentação dos dados esta fraca e confusa, você deveria ler o livro Storytelling with Data” (thanks man). | ||
Você pode ter 1000 comentários positivos, mas os negativos é de onde vem o ouro para evoluir, seguimos a recomendação e para quem não conhece pode ler e estudar que vale cada centavo. | ||
Como tivemos mais um monte de pesquisas depois daquela primeira foi meio nítido para mim a evolução dos processos de análise, algumas vezes até exagerando no detalhamento que me rendeu uma bronca na época porque começou a ficar muito complexo. | ||
Por que falamos sobre isso? Porque apresentar os dados é contar uma história e esta história pode ser contada de N maneiras e em nenhum momento deve faltar uma parte dela. | ||
Algumas partes que não estão tão explicitas e que conseguimos sanar as dúvidas consultando o pessoal do BIM Fórum são: | ||
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Pode parecer besta, mas isso faz toda a diferença na hora de tirar os insights. | ||
Dos negativos (3/7) | ||
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Uma coisa que tive bastante curiosidade de entender é o comportamento daqueles que disseram ter tido uma experiência negativa utilizando BIM (7,8% dos 88,8% de participantes que responderam que sabem que já ouviram falar de BIM). | ||
Mesmo que o número continue sendo absurdamente alto no quesito busca por informação, há uma pequena queda em todos os tipos de busca de informações sobre BIM e quem consegue tirar essa galera de casa para ir a um evento são as associações e entidades de classe, fonte esta de informação que dobra a participação nos eventos dos negativos (aqui não sei o impacto da pandemia neste quesito). | ||
Outra curiosidade dos negativos é que eles são o grupo que consideram os fornecedores de software como a principal fonte de informação (os neutros e positivos consideram que a principal fonte de informação são as associações e entidades de classe). | ||
Outra curiosidade curiosa é que os negativos pedem demandas de capacitação em metodologias de planejamento e gestão de trabalho como principal ponto a ser desenvolvimento e os positivos tem como principal ponto para capacitação o uso das soluções de tecnologia. | ||
Cruzando os insights talvez a percepção negativa venha da falta de domínio do que e como fazer as coisas utilizando as ferramentas BIM disponíveis, problema que é agravado pela qualidade do material que é divulgado pelos fornecedores de soluções de tecnologia, ou seja, eu imagino que o negativo começa a usar as coisas, se frustra, tenta buscar informação, não encontra ou é de má qualidade e abandona o negócio dizendo que não funciona porque a experiência que ele teve foi péssima. | ||
Experiência essa que deve ter tido um monte de problemas e que migrou do BIM para o CAD no meio do caminho. | ||
Para refletir. | ||
Da página 4 (4/7) | ||
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Algumas coisas engraçadas de trágicas de ver na pesquisa: pior do que ultrapassar os prazos e estourar orçamentos é não saber dizer se você esta estourando prazos (5.3%) ou orçamentos (12.8%). | ||
A coisa vai ficando interessante quando você cruza os dados de quem respondeu sobre prazos e orçamentos com quem não utiliza padrões de trabalho e percebe que os números dobram da galera que não sabe dizer se esta estourando prazo (de 5.3% para 11.8%) e acontece quase o mesmo em orçamento (de 12.8% para 22.4%). Conclusão: para quem não sabe para onde esta indo qualquer caminho serve. | ||
Dito isto, aqui vai um apanhando de conclusões sobre os dados dos que se consideram com grau de conhecimento de usuários nas tecnologias aplicadas a construção civil: | ||
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Enfim, na página 4 da para ter um monte de insight. | ||
Motivações vs Barreiras (5/7) | ||
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Aqui é sensacional ver as respostas e talvez seja o mais puro retrato do que é a dificuldade de inovar na construção civil: 58.5% dizem que sua motivação para adoção do BIM é inovar e se diferenciar vs 48.3% dizem que os investimentos necessários para adquirir licenças de software são a principal barreira para adoção do BIM. | ||
É no mínimo curioso porque existe um custo associado a inovação e esse custo pode ser de diversas ordens, mas se você quer utilizar uma nova tecnologia haverá uma discussão até que óbvia sobre os investimentos que devem ser feitos para criar o caldo cultural necessário a inovação e diferenciação. | ||
Se você quer inovar e se diferenciar e já coloca de cara os investimentos como uma barreira acaba sendo um pensamento contraintuitivo, pois hoje tem soluções de todos os tipos e até mesmo open sources e gratuitos. Inovar é tomar um risco, fazer escolhas e investimentos seja eles de quais naturezas forem. | ||
Enquanto o mercado associar inovação com custo, dificilmente esse negócio vai dar certo, ligar o FOMO em AEC seria importante para dar um senso de urgência e feeling de sobrevivência. | ||
Se é caro hoje imagina o quão caro pode ser não fazer nada. | ||
Das ações orientadas (6/7) | ||
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Um dado interessante nas respostas dos 15% que afirmaram não ter desenvolvido nenhuma ação em específico para começar a trabalhar em BIM é que este cohort acredita 100% que precisam desenvolver estratégia própria, ter assessoramento dos fornecedores de software, contratar serviços de consultoria e/ou pessoas já capacitadas, mas somente 11% dos 15% creem que é uma boa ação investir em treinamento e capacitação. | ||
Trabalho com o que a tela me mostra, logo, a minha visão aqui é que talvez esse grupo queira ter algo já pronto e mastigado, algo como uma ação que faça a empresa consiga facilmente entrar no jogo e não ter que preparar todo uma plantação para colher os resultados lá na frente. | ||
Eu queria poder cruzar essas respostas com as respostas das pessoas que tem uma percepção negativa e com o perfil dos participantes, pois tendo a acreditar que a percepção negativa neste caso é maior e que a faixa etária seja mais alta também. | ||
No fim é uma dor a ser tratada pelo mercado, talvez haja uma oportunidade aí. | ||
Mais perguntas (7/7) | ||
Obviamente neste primeiro momento o ideal é se familiarizar com os dados, analisar, ver os critérios utilizados na pesquisa e aí começar a pensar sobre o que fazer com todos esses dados. | ||
Muitas perguntas que queria fazer cruzando os resultados entre as páginas neste momento não é possível. Também não há uma definição sobre a divulgação ou não dos dados em formato bruto para brincar de acordo com o que der na telha. | ||
Eu gostaria ao menos que os dados tratados e respeitando a LGPD em termos de identificação das pessoas fossem divulgados para fins de pesquisa e orientações, o apoio do mercado aqui seria fundamental para pensar estratégias e acelerar esse processo de adoção do BIM no país. | ||
Enquanto isso não acontece vamos analisando e pensando sobre o assunto, mais para frente vamos fazer outras análises com o que esta sendo desenvolvido, logo fique atento aqui na newsletter para não perder esses dois cents. | ||
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Obrigado, | ||
Abs. | ||
Tiago Ricotta | ||
Publicado em 06 de Julho de 2022 às 20:42 |