O Status Quo vs a Inovação em AEC
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O Status Quo vs a Inovação em AEC

#0044: Encontrar um equilíbrio entre as benesses da tecnologia e suas complicações no dia a dia é um dos principais desafios de quem toma a decisão nas empresas.

Tiago Ricotta
9 min
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#0044: Encontrar um equilíbrio entre as benesses da tecnologia e suas complicações no dia a dia é um dos principais desafios de quem toma a decisão nas empresas.

Why do we fall? (1/7)

Não precisa ter um canyon entre as áreas que querem mudança..
Não precisa ter um canyon entre as áreas que querem mudança..

Diante do final do último texto sobre enriquecimento de dados em que falava dos vários papéis já desempenhados por aqui, surgiu uma curiosidade em relação a como efetivamente medir o impacto de adoção de uma tecnologia em uma empresa AEC e a razão de muitas morrerem no meio do caminho.

O tema é delicado e um dos grandes amigos que o mundo tech já me deu fez uma dissertação bastante prazerosa de se ler e que pode ser encontrada aqui, talvez até por isso o Atlético-MG saiu da fila em homenagem ao trabalho dele. 

Fábio coloca muito bem um ponto bastante importante no processo de tomada de decisão de investimento em tecnologia que é a relação entre a percepção de valor dos decisores em conjunto com a aversão ao risco e outras barreiras que levam a baixos investimentos de tecnologia em arquitetura, engenharia e construção.

Um ponto muito importante nesta história para complementar a linha de raciocínio da dissertação é que o pico da pirâmide das empresas tem grande dificuldade de aprovar novos investimentos pelo simples motivo que o meio/base da pirâmide também sofre para costurar um discurso que passe a confiança necessária de que aquele é o melhor caminho a ser seguido.

Um termo que gosto muito é o empowerment, que vem a ser a descentralização do poder de decisão possibilitando uma maior participação das pessoas em apresentar suas ideias e assumir as responsabilidades e o protagonismo da mudança.

Quando falamos de Status Quo não estamos falando somente de decisores que não saem do muro, o Status Quo também é formado pela base de profissionais que poderiam propor melhorias e assumir riscos de projetos inovadores e não o fazem por conta da manutenção de uma forma de trabalho que já lhe garante um certo sucesso empresarial/profissional.

Quebrar essa corrente é muito complicado e na minha experiência ou se coloca a pele em jogo correndo o risco de matar ou morrer em um projeto de inovação ou dificilmente há um avanço em termos de adoção de tecnologia.

Nestes casos a mudança vem na força do mercado em impor uma solução já consolidada e experimentada a rodo garganta abaixo das empresas, porém há o risco de a imposição ser tão forte e disruptiva que a empresa se torna obsoleta.

Sendo assim o que deveria ser considerado quando queremos quebrar o status quo? Vamos discorrer sobre o assunto.

Da sobrevivência (2/7)

De manter as coisas simples
De manter as coisas simples

Ao abrir uma empresa você precisa de algumas coisas que atualmente não há mais como não ter como um e-mail, site e soluções básicas de tecnologia seja em software ou hardware.

A depender do ramo em que se está atuando o nível de investimento começa a subir, exemplo como a necessidade de um software que puxa mais do processamento e uma coisa vai levando a outra, diria que algumas coisas são commodities, principalmente no início dos negócios, leva-se muito em conta o fator custo / prazo de entrega.

A grande questão da sobrevivência é entrar em algumas áreas em que a barreira de entrada já é alta em termos de investimento de tecnologia pelo simples fato de que não há possibilidade de não se utilizar novos softwares/hardwares e empreender jogando um jogo do século passado em construção.

Exemplo: empresas de levantamento atualmente passam por esse processo, é complicado atuar nesta área sem considerar toda a tecnologia que existe atualmente com captura da realidade e suas várias vertentes.

Analisar bem a curva de adoção de tecnologia é primordial nesses casos para não ter um projeto natimorto ou ver seu negócio morrer em pouco tempo. Este é um bom exercício para estabelecer e falar com tomadores de decisão: nossa empresa/área esta em que fase da curva de adoção de tecnologia? Ser verdadeiro na resposta é terapêutico.

Da concorrência (3/7)

Quem são os competidores?
Quem são os competidores?

Uma filosofia que gosto muito é a que diz que quem foca no concorrente é o segundo lugar, o primeiro lugar esta focado no cliente. 💁‍♂️

Frases coach de subir montanhas a parte, o fato é que um dos maiores erros que tomadores de decisão cometem é se movimentar somente quando o concorrente dá um passo em uma direção.

Existem alguns casos curiosos em que a contratação de uma solução esta condicionada a não fazer a comercialização desta solução com os concorrentes, o ponto neste caso é que nem sempre quem vai tomar a dianteira da inovação está sob o seu radar e é neste ponto que muitas empresas se perdem.

A depender do segmento dentro de construção em que se esta atuando acaba sendo benéfico estas análises de benchmark, em outros casos é algo enviesado e pode trazer um nevoeiro de dúvidas sobre o processo, pois a cultura de uma empresa é muito diferente da outra, os fatores de sucesso de implantação de uma tecnologia podem variar muito entre um site e outro, mas no final do dia empresas são feitas de pessoas com motivações e propósitos distintos, e é nesse ponto que o benchmark pode falhar miseravelmente.

Da escala (4/7)

Falta mochilar por uns locais ainda..
Falta mochilar por uns locais ainda..

Um indicador de custo dos mais importantes dentro do mercado AEC é o que pessoal de RH / Contabilidade acaba apelidando de mochila do profissional, ou seja, tudo aquilo que entra na conta da contratação do profissional quando a pessoa começa no primeiro dia na empresa.

Como bom mochileiro existe a mochila pesada que deixamos na segurança e a mochila de ataque / dia a dia para andar por aí mais leve, não entender esse conceito é o que leva muitas empresas a considerar a mesma mochila para todo mundo, o que acaba inflando desnecessariamente os custos de tecnologia.

Não conseguir escalar economicamente uma solução é manter uma bomba relógio pronta para explodir se houver a padronização de soluções caras para todos, nessas horas é que é importante saber analisar e conseguir fazer as coisas conversarem, não é apenas uma questão filosófica de dados abertos, é também uma questão de sobrevivência financeira.

Como já disse aqui várias vezes: se uma solução só uma pessoa consegue usar, a solução continua a ser um problema. Por este motivo entender bem qual o custo da mochila dos profissionais de AEC por sua função e necessidade pode te salvar rios de dinheiro.

Uma boa ferramenta aqui é mapear todos os departamentos, cargos e necessidades dos profissionais e montar uma visão em que é calculada a mochila de cada um individualmente. É um saco fazer isto? Com toda a certeza, principalmente se você tiver algumas centenas de profissionais, mas neste caso os benefícios são maiores que a dor de cabeça de mapear as áreas.

Do valor (5/7)

Cemitério do fracasso ninguém quer visitar..
Cemitério do fracasso ninguém quer visitar..

O conceito de caro é relativo, depende muito da sua capacidade financeira e necessidade no momento, se não fosse isso por qual razão alguns clientes pagam as vezes o dobro do preço para receber algo em um quarto do tempo?

Mesmo aquilo que é uma commodity e fica na briga de preço tem seus diferenciais quando pensamos no tipo de necessidade de que o cliente possa ter. Neste caso, pense nos modelos de crescimento da empresa em que você está negociando: mercado (problema), produto (solução), modelo de negócio (rentabilização) e canal (distribuição).

Alguma condição diferencial você pode encontrar entendendo o modelo de crescimento do fornecedor, mas isto não é para extrair o máximo de desconto possível como erroneamente a área de compras da maioria das empresas acaba fazendo, é para extrair o máximo de valor da parceria que se esta construindo e, principalmente, tentar diminuir os riscos da mudança.

Assumir o protagonismo é muito bom quando os grandes projetos dão certo, mas certamente o cemitério de iniciativas inovadoras fracassadas esta mais frequentado do que os grandes TEDx de sucesso.

De longo, creio que o principal desafio do mercado AEC é entender os modelos de crescimento das empresas e fornecedores de tecnologia. Os gatilhos e incentivos são totalmente diferentes entre as áreas e industrias e é aqui que quem esta levando a solução para um problema para um presidente/CEO/tomador de decisão se complica, pois na primeira pergunta que saia do script é só gaguejos e transpiração de insegurança.

Insegurança nestes casos é o grande matador de projetos de inovação, se não tiver a energia para tomar a porrada, resistir em pé e bancar as iniciativas dificilmente se faz algo diferente.

Entender que nenhum projeto tem 100% de chance de ser a prova de problemas já é um primeiro passo para dormir tranquilo.

Das pessoas (6/7)

A jornada de mudança leva tempo, saber com quem ir também é um diferencial
A jornada de mudança leva tempo, saber com quem ir também é um diferencial

Empresas são feitas de pessoas, pessoas se relacionam com pessoas que tomam decisões, ppts bonitos não ensinam pessoas e geralmente abandonam estas pessoas nos primeiros sinais de problemas.

O legal do parágrafo acima é que isto vale para todos, não importa muito em que lado da mesa você esteja, escolher bem quem você vai querer que esteja do seu lado no desenvolvimento de um projeto de inovação pode ajudar (ou atrapalhar) muito a chance de sucesso da iniciativa.

Uma vez ouvi de uma diretora que só existiam dois tipos de pessoas quando se tratava de projetos de mudanças: as pessoas que compraram a ideia (incentivadoras) e as pessoas que não compraram a ideia (detratoras).

O grande problema é que politicamente, a depender do público da reunião, uma pessoa pode ser incentivadora e na próxima reunião com outro público se tornar uma detratora. Já vi situações de projeto praticamente aprovados voltar para estaca zero por o grupo de trabalho não ter envolvido uma simples pessoa, mas que no final do dia era do centro de custo dela que saia la plata.

O fato aqui é que o mercado precisa entender que projetos de tecnologia e inovação podem demorar e existe uma jornada a ser percorrida para sair do ponto A para o ponto B, saber quem vai estar com você nesta jornada pode facilitar ou dificultar muito a sua vida.

Da arena (7/7)

Da um Google em Theodore Roosevelt & man in the arena.

É muito sobre o que ele fala quando trago essas questões à tona no ambiente de tecnologia para o mercado AEC, se vamos esperar as coisas mudarem vamos esperar sentados ou como nosso amigo atleticano que esperou 50 anos para ver o galo campeão de novo.

É um risco estar sempre colocando a pele em risco? Com certeza, não é algo fácil, mas é necessário se queremos evoluir como indústria. Você pode considerar que no mínimo fazendo coisas diferentes haverá aprendizados diferentes.

E isto é a parte mais legal do processo. Nos ajuda a crescer divulgado e seguindo o canal:

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Até a próxima,

Obrigado,

Abs.

Tiago Ricotta

Publicado em 23 de Fevereiro de 2022 às 19:15