Projeto Construa Brasil e o futuro adiante

#0050: Em um belo evento realizado em Brasília em 26/04/2022, o projeto Construa Brasil pretende melhorar o ambiente de negócio do setor da construção através do incentivo a modernização, eis um resumo do projeto e suas iniciativas.

#expectativas (1/7)

Acompanhando de longe as movimentações em relação ao que estava acontecendo com a Estratégia BIM BR, foi muito interessante o evento de apresentação de resultados do projeto Construa Brasil ontem em Brasília, se você não assistiu e está neste meio do mundo de tecnologia para Arquitetura, Engenharia e Construção é bom dar uma olhada.

Para quem esta por fora, o projeto Construa Brasil é um projeto para aumento da produtividade e competitividade da construção civil com impacto nacional liderado pelo Ministério da Economia e a Recepeti (Rede Catarinense de Inovação) através de um termo de colaboração (Edital n° 3/2019 – Termo de colaboração para execução de ações para promover ganho de produtividade e competitividade do setor de construção civil).

Na lógica do projeto, para que a construção civil se modernize seria preciso estabelecer algumas metas em três grandes pilares na estratégia, a saber: desburocratização, digitalização e industrialização.

Dentro dos grandes pilares vão surgindo as metas e submetas que levaram a estudos, projetos pilotos e diagnósticos apresentados no evento.

O material dá muito pano para manga e um belo tempo estudando os dados antes de pensar quais poderiam ser os impactos diretos se a grande maioridade do setor AEC adotar os produtos gerados e/ou os produtos que ainda vão ser disponibilizados.

Vamos então destrinchar a estratégia, metas e algumas submetas que foram apresentadas no evento sem a pretensão de cobrir 100% de casa fala, frase ou slide.

#desburocratização (2/7)

Burocracia é aquela coisa, você procura essa palavra no dicionário e tem a foto do Brasil de exemplo, logo, o que é colocado sobre o tema no projeto é o seguinte:

“Para contribuir ainda mais com o desenvolvimento do País, a indústria da construção precisa de desburocratização. Conheça as metas do Ministério da Economia para padronizar e simplificar os Códigos de Obras e Edificações e para melhorar o processo de concessão de alvarás de construção.”

Diante disso são 2 metas que já possuem alguns produtos publicados, sendo elas:

• Convergência dos Códigos de Obras e Edificações (COE): mais de 5000 munícipios no Brasil e cada um com seu código de obras e edificações além de outras legislações urbanísticas, o desafio aqui era estudar o cenário atual e propor premissas que estimulem uma convergência dos COEs, para isso houve a criação de um guia orientativo para convergência e atualização dos códigos de obras no país.

• Melhoria do Processo de Concessão de Alvará para Construção: com a finalidade de eliminar o excesso de burocracia relativas a alvarás de construção, foi realizado um estudo em seis capitais para averiguar com quantas andava o processo de alvará e, por meio da integração e da automatização de informações e dinâmicas dos órgãos responsáveis por essa concessão nos municípios, propor iniciativas que os municípios poderiam executar para facilitar este processo. Tudo isso foi compilado neste guia.

Tendo trabalhado alguns belos anos da minha vida com a parte legal em municípios, é algo que aplaudo de pé havendo uma adoção massiva das premissas estabelecidas no Construa Brasil.

#digitalização (3/7)

O Brasil com suas dimensões continentais tem uma natural dificuldade de fazer todo mundo estar na mesma página sobre tecnologias e as iniciativas do governo em relação a Estratégia BIM BR. Neste sentido, eis o que o projeto fala sobre digitalização:

“Para acompanhar as transformações tecnológicas, a construção precisa se digitalizar, e o BIM é a porta de entrada para isso. O Ministério da Economia possui diversas metas para disseminar a utilização desta inovação e, com isso, reduzir o desperdício e aumentar a produtividade e a transparência no setor.”

As metas estabelecidas estão listadas abaixo:

• Difundir o BIM e seus Benefícios: O BIM é considerado a base da transformação digital na indústria AEC, nesta linha, disseminar o BIM seria fundamental e a ideia é implementar um plano de comunicação e marketing através de eventos e uso de mídias digitais.

• Apoiar Ações de Estruturação do Setor Público para a Adoção do BIM: através de uma análise de processos foi entregue um relatório de proposição de melhorias para os órgãos do programa piloto do governo e uma planilha diagnóstico BIM para o setor público e privado (ahhh meu senhor do UX/UI 🤦‍️). Também foram desenvolvidos cursos EAD para capacitação de profissionais, são 5 módulos com 80 horas sendo disponibilizado gratuitamente.

• Criar Condições Favoráveis para o Investimento Público e Privado em BIM: visando as pequenas e médias empresas, está sendo concluído um estudo para linhas de crédito e financiamento para aquisição de tecnologia, este item é mais do que necessário.

• Estimular o Desenvolvimento e Aplicação de Novas Tecnologias Relacionadas ao BIM: aqui foram realizados experimentos para construção de conhecimento para BIM/Iot/Blockchain em que serão lançados um Guia para Gestão e Controle de Obras utilizando estas tecnologias e um guia para Gestão de Ativos (assistam a parte do prof. Sérgio Scheer a partir do 1:49:34 do vídeo para ver o que foi realizado).

É um mundo de coisa para acompanhar e estudar.

#industrialização (4/7)

A modernização da construção civil passa bastante pelo processo de industrialização e melhor gerenciamento da cadeia de suprimentos, eis o que o eixo de industrialização do projeto Construa Brasil diz sobre isto:

“A construção está se modernizando pelo mundo e, no Brasil, esse processo precisa ser acelerado.”

Desta forma foram estipuladas duas metas neste eixo:

• Identificar e Adequar o Regulamento Técnico para Incentivo à Coordenação Modular: Imagina analisar 110 normas relacionadas a AEC e verificar o que precisaria ser atualizado e coordenado para ajudar na industrialização da construção. Agora imagina que isso foi feito e está aqui. Parabéns pelo trabalho.

• Incentivo à Construção Industrializada: Uma das grandes aberrações que temos contra a industrialização é o custo Brasil da tributação, logo, além de gerar um planejamento para difusão da construção industrializada, também vão ser entregues estudos para equalização tributária e possíveis novos modelos de financiamento..

Não é pouca coisa o que precisa ser modernizado, mas os primeiros passos e possíveis caminhos para industrialização foram apresentados.

#ensino (5/7)

Toda indústria avança e se moderniza e isto vai passar fatalmente pela modernização do ensino que deve trazer para as universidades estes novos métodos de trabalho e tecnologia. A dificuldade aqui são que as ações de transformação digital são pontuais, sem um protocolo replicável e sem um guia de implementação ou que diga facilmente por onde deve-se começar?

Neste contexto foi muito interessante a explanação da prof. Dr. Regina Ruschel sobre a formação de uma célula BIM em duas universidades públicas visando a formação em três principais casos de uso: extração de quantidades, orçamento e planejamento para projetos de edificações e de infraestrutura.

As duas células criadas tiveram a participação de 61 pessoas e foram analisados diversos aspectos, um deles foi a criação de um varal de disciplinas analisando qual a vocação daquela disciplina para ser impactada pelo BIM.

Com isso foi gerado um pacote de diretrizes para o desenvolvimento de um plano de implantação BIM em universidades e um portal acadêmico que pode ser acessado aqui.

O portal BIM acadêmico centraliza uma série de informações como teses e dissertações (a nossa está lá relacionada), artigos científicos, conteúdos online, cursos de especialização, guias BIM, softwares BIM (que já nasceu velho, precisa atualizar).

Sério, conteúdo é o que não falta.

#mercado (6/7)

É um mundo de conteúdo que foi apresentado e gerado durante o termo de colaboração, um trabalho que ainda possui algumas coisas para serem entregues, mas pelo conteúdo do portal e quantidade de coisas apresentadas dá para cravar que é algo único no país.

O mercado vai consumir e virar a chave para processos, métodos e formas mais modernas de tocar o processo de uma construção? Só o tempo dirá, não sei se chegaram a perguntar ao senhor mercado o que ele deseja para fazer a mudança, mas alguma pesquisa neste sentido pode ter sido realizada.

De todas as ações creio que as mais relevantes, na minha opinião, seja a questão tributária (que é um inferno) e de financiamento para pequenas e médias empresas, se desatarem estes dois nós a coisa pode ser a alavanca de growth para industrialização e disseminação em maior escala do que vemos atualmente.

Não virando muleta para a estagnação do mercado em relação a tecnologias já será um grande avanço.

#resumo (7/7)

Não é fácil mover um titã do tamanho da indústria da construção, ainda mais com práticas tão enraizadas no dia-a-dia das empresas, diante disso um parabéns a todos os que participaram do trabalho pela qualidade dos produtos disponibilizados.

Por algumas datas que foram apresentadas no evento o mês de maio vai ser bastante movimentado com a disponibilização de bastante conteúdo para complementar o que ainda esta no status “em desenvolvimento” no site. De toda forma, é bom ficar atento aos movimentos postados no portal do Ministério da Economia.

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Obrigado,

Abs.

Tiago Ricotta

Publicado em 27 de Abril de 2022 às 17:53