Stray é uma experiência felina fantástica, onde realizando gatinagens pela cidade na tentativa de escapar de lá, enquanto gatinho, o jogador durante a sua jornada acaba ajudando essa cidade e os amigos que fez nela. |
A proposta do jogo encarna algo da própria natureza instintiva de um gato, pois ao se separar de seus amigos o principal objetivo do jogador enquanto o gato é reencontrá-los. A história do jogo propõe como objetivo final esse reencontro e para alcançá-lo é necessário vivenciar esse novo ambiente em que o gatinho se encontra. A jornada é gratificante como um todo, as personagens apresentadas e que fazem parte da construção da história são marcantes cada uma a seu jeito, há sempre, em cada uma delas um sentimento de afeição para o jogador, a sensação de segurança ao interagir e ser guiado por elas pelas tarefas é inegável. Até por isso que no momento de traição de uma delas a surpresa nos atinge como um cruzado, é inesperado em vários sentidos. |
Essa ideia da natureza de um gato e a personificação do jogador como um passa pelos detalhes que o jogo propõe, como por exemplo a falta de um nome para o gato ou mesmo a incapacidade de entender a comunicação de outras espécies, pelo menos em um primeiro momento no jogo. Essa falta de atributos “humanos” nesse animal aproxima o jogador da experiência de se transpor em um animal, quase como uma simulação, isso faz com que todas as experiências vividas durante a história sejam personificadas pelo jogador. |
Agora, falando do conteúdo dessa jornada vivida em Stray sinto um caráter investigativo muito forte, há sempre segredos a se descobrir, como por exemplo: onde estou? Quem são esses inimigos? Como sair daqui? Quem é esse robozinho B-12?, esse caráter pode ser observado inclusive no dronezinho B-12, já que um dos objetivos do jogo é recuperar as memórias perdidas do mesmo. |
Pensando na ambientação do jogo, os cenários apresentados são diversos, principalmente considerando o tamanho do jogo que não supera as 9 horas de gameplay até seu término. A diversidade de cenários trabalha no eixo da ideia de “cidade”, contendo o exterior da cidade logo no começo, as favelas, esgotos, apartamentos, cidade alta, fábricas e centro de comando. Esses cenários, apesar de não serem grandes em extensão, são bem trabalhados e detalhados tendo cuidado com cada elemento presente nele, aumentando em muito a imersão do jogador, assim proporcionando uma experiência satisfatória. |
Em relação a estética do jogo sinto que o grau de realismo surpreendente, tanto o utilizado no cenário quanto no gatinho. Ao se deparar com a qualidade do realismo, há uma impressão de se estar dentro de um “simulador de gato”, porém considerando os personagens presentes no jogo, fora o gato, essa sensação é atenuada. Isso acontece pois os demais personagens apresentam menor grau de realismo e transitam para algo mais lúdico e cartunizado, por exemplo os robôs com suas caras de TV e os Zurg’s que parecem uns bichinhos de pelúcia assassinos. Essa proposta estética da mistura entre o cartoon e o realismo me agrada, porque ela conversa bem com a proposta do jogo de se estar na pele de um gato(realismo) e o cartoon utilizado dessa forma apresenta-se como uma ferramenta de suspensão de descrença, que é necessária em uma história de um gato salvador de cidades. |
Outro ponto estético que vale a pena ressaltar é a trilha sonora, ela trabalha muito bem como elemento de imersão do jogador no ambiente, essa ressalta a atmosfera cyberpunk apocalíptica presente no jogo. |
Analisando as mecânicas do jogo, o jumping puzzle como proposta faz sentido pensado nas características naturais de um gato, um animal esguio, que gosta de subir em tudo e andar em lugares nada comuns. Além disso, o jumping puzzle presta-se para dar protagonismo ao jogador e fazê-lo sentir-se como motor da história do jogo ao efetivamente realizar as ações que movimentam o enredo. O drone B-12 funciona muito bem como elemento sentimental, no sentido de aproximar o jogador dos sentimentos das outras personagens e também criar uma relação de sentimentos interpessoal entre o gatinho e o robô. |
Geralmente é nesse momento que eu cito os lados negativos dos jogos que eu busco analisar, felizmente não me vem nenhum ponto negativo em mente que valha a pena ser comentado, talvez os dois únicos problemas - que não são problemas de verdade - seja o fato de não haver customização para o gatinho, e que infelizmente o jogo acaba rápido demais. |